Publicado 22/06/2024 00:00
O Hélio Ribeiro Loureiro, membro da Associação Jurídico Espírita do Brasil, fez uma análise lúcida sobre as razões pelas quais o Espiritismo é contrário à descriminalização do aborto.
Publicidade
A crença na reencarnação nos faz aceitar a lei de causa e efeito, isto é, consideramos natural as provas e expiações por nós escolhidas(ou a nós impostas), durante o planejamento reencarnatório. Mas, afinal, qual é o objetivo da encarnação dos espíritos?
A encarnação visa fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal, pois só desta forma é que faremos de um tudo para manter a vida.
No livro “O Que os Espíritos Dizem sobre o Aborto”, Hélio Ribeiro Loureiro chama atenção para uma questão crucial: o espírito reencarnante se liga ao corpo no momento da fecundação. Ali inicia-se o processo reencarnatório. Como advogado, o Hélio se aprofunda um pouco no campo do Direito para lembrar que a legislação atual considera o aborto um crime.
Mas, e o Espiritismo? O que diz? Para quem se considera espírita, é sagrado o direito de viver, pois ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante nem fazer o que possa comprometer sua existência física.
Dentro dessa linha de raciocínio, a grávida tem o direito de escolha entre abortar ou não, pois que a vida que é gerada dentro de si, não lhe pertence, certo? É uma outra vida, é verdade. A grávida traz consigo um hóspede ilustre, não importando a condição das provas e expiações que ele traga em sua bagagem reencarnatória. Já estão ligados e já o são de outras vidas, lembra o Hélio Loureiro.
Ninguém é filho de ninguém por acaso. Então, ao apoiar a descriminalização do aborto, não estaremos dando a grávida o direito de abortar. E esse direito está disponível? Se abortar é o mesmo que matar, estaríamos autorizando a grávida a matar. Teríamos esse direito?
A Doutrina Espírita acha que não. Para os espíritas, é inegociável este entendimento, lembra o Hélio. Descabe qualquer argumento sócio-cultural-filosófico. A melhor forma de vivenciar a gravidez indesejada no espiritismo é buscar compreender e aceitar a situação, buscando apoio espiritual e emocional para lidar com os desafios que surgem durante esse período.
No espiritismo, a gravidez indesejada é vista como uma oportunidade de crescimento espiritual e de cumprimento de missões pré-determinadas pela espiritualidade. Acredita-se que a alma do bebê escolhe os pais e as circunstâncias de seu nascimento para cumprir determinadas provas ou resgatar débitos de vidas passadas.
Outras visões religiosas são que a infusão da alma acontece no momento da fecundação, ou quando a criança dá o primeiro fôlego depois de nascer, ou na formação do sistema nervoso e cérebro, ou na primeira atividade cerebral ou quando o feto é capaz de sobreviver independentemente do útero.
Leia mais