Publicado 16/09/2024 02:00

Leitura obrigatória para todos que tenham um mínimo de interesse sobre a Amazônia é o livro de Aldo Rebelo, “Amazônia: a Maldição de Tordesilhas”, oportunamente com texto em inglês e espanhol, no mesmo volume. Como o assunto é de alto interesse nacional, a edição tem o patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Não é sem fundamentos sólidos que o autor é considerado o mais lúcido, independente, preparado e experiente homem público brasileiro neste momento. Carrega uma biografia robusta, desde o estudante que presidiu a UNE ao parlamentar de muitos mandatos no PCdoB, tendo presidido a Câmara dos Deputados e ocupado ministérios nos governos de Lula e Dilma. É respeitado e admirado.

O livro deveria estar nas escolas militares, nas embaixadas do Brasil mundo afora, pois sua profundidade na pesquisa histórica é perfeita e aborda com coragem os absurdos que envolvem a questão entre nós.

Aldo Rebelo denúncia a insensibilidade daqueles que querem condenar a viver em péssimas condições de vida cerca de 20 milhões de brasileiros que poderiam ser aproveitados em atividades ambientalmente corretas e com sustentabilidade. Registra a importância da presença militar na área como fator fundamental de apoio às populações e à defesa da soberania. Denuncia o suspeito papel de ONGs internacionais dentro das comunidades indígenas. E observa o absurdo do não aproveitamento do potencial hidroelétrico de projetos como o de Cotingo, que garantiria recursos para libertar os índios da região da miséria em que vivem e que, nesses quase dois anos, o governo, pretensamente preocupado com a questão, nada fez.

Avulta na narrativa histórica a importância dos portugueses na formação dessas fronteiras alargadas do Tratado de Tordesilhas e confirma dois homens fundamentais: Raposo Tavares e Alexandre Gusmão.

Revela detalhes da cobiça americana em relação a Amazônia desde o século XIX e a firmeza de portugueses e brasileiros na defesa da soberania nacional. D. Pedro II tem sua atenção para a região muito bem abordada.

Quem ler o livro, seja brasileiro ou de outra nacionalidade, não terá desculpas para palpitar de maneira equivocada em relação à questão amazônica, de alto interesse nacional e mundial. Pena que a sociedade esteja sem entidades de caráter cívico com recursos para divulgar como merece este belo trabalho.
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