bispo 05/06/22Paulo Márcio
Publicado 05/06/2022 06:00
“Estou morrendo de fome”, “Já falei a mesma coisa para você mil vezes”.
Frases como estas são comumente utilizadas em nosso linguajar diário; a verdade é que algo não foi falado mil vezes e que não estou morrendo de fome, só estou com muita fome.

Vivemos a cultura do exagero, num contexto altamente hiperbólico. Utilizar pleonasmo redundante ou hipérboles em nosso linguajar, no geral, não oferece perigo.

Entretanto nossa geração tem exigido tanto de si mesma que tem exagerado perigosamente em muitas coisas.

Quando uma pessoa decide cuidar da sua saúde, normalmente vai o médico, faz um check-up, toma medicamentos e começa uma rotina de atividades físicas para melhorar o desempenho do corpo como um todo.

No entanto há um número crescente de pessoas que têm adotado um cuidado excessivo com isso; vai a vários médicos, consome uma quantidade de medicamentos maior que a necessária, pratica exercícios físicos até a exaustão, o que, em alguns casos, acaba fazendo mais mal que bem à saúde.

Outras pessoas que decidem emagrecer, exageram tanto nas dietas, nos chás, nas fórmulas, que algumas chegam à anorexia ou bulimia; tendo até dificuldade de se relacionar com outras pessoas para não expor sua rigorosa rotina de emagrecimento e séries de academia.

Existe uma lista interminável de exageros praticados tão naturalmente, que não consideramos se tratar de um transtorno, porém, conforme estudo publicado no livro "Guia de TCC (Transtornos Cognitivos Comportamentais) para os Transtornos do Exagero", escrito pela terapeuta e pesquisadora Renata Brasil Araújo, que define o exagero dos pacientes como dificuldades de colocar limites em suas relações com diferentes estímulos, como: droga, sexo, comida, compras, internet, jogos, etc.

Além desse estudo, há o parecer similar do Dr. Yuri Busin, psicólogo cognitivo, mestre e doutor, o qual afirma que, com caráter compulsivo e repetitivo, os Transtornos do Exagero ainda geram esforços fracassados no sentido de reduzir, controlar ou até mesmo eliminar o comportamento adictivo não adaptativo.
Podendo, inclusive, desencadear sintomas físicos causados pela abstinência, como tremores, sudorese e taquicardia.

Fazem parte dos transtornos do exagero a dependência química, o jogo patológico, a dependência da internet, o sexo compulsivo, o comprar compulsivo e a tricotilomania. Para identificá-los, é essencial um diagnóstico feito por um especialista, seguido do tratamento adequado.

A Bíblia ensina que se deve buscar o equilíbrio em tudo na vida, evitando-se os excessos, pois, como está escrito no livro de Eclesiastes, alguns exageros podem nos destruir. "Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?", Eclesiastes 7.16.

É preciso compreender com isso, que, quando o objetivo não é a excelência no que se faz, mas a autopromoção, há uma grande probabilidade de se desenvolver a patologia do exagero.

Vale lembrar que o equilíbrio de uma vida espiritual em harmonia com Deus nos traz a paz que excede todo o entendimento (Fp 4.7). Pense nisso!
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