Professor Wander Pinto e alunos da Escola Municipal Bernardo de Vasconcellos organizam passeios pela Penha, valorizando a história do bairroDivulgação "Rolé na Penha"
Por Thiago Gomide
Publicado 02/06/2019 14:10 | Atualizado 03/06/2019 01:49
Noel Rosa adorava. Pixinguinha não perdia uma. Donga, autor do primeiro samba gravado da história, “Pelo telefone”, se inspirava nela.
Estou falando da Festa da Penha, na icônica Igreja.
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O pintor e compositor Heitor dos Prazeres, em depoimento ao Museu da Imagem e do Som, disse que “aquele tempo não tinha rádio, a gente ia lançar música na festa da Penha. A gente ficava tranquilo quando a música era divulgada lá, que aí estava bem, que era o grande centro. Eu fiquei conhecido à partir da festa da Penha.”
A festa da Penha era uma celebração da colônia portuguesa, com todos os requintes e pompas da cultura europeia. Desde os meados do século XIX, seguidos da abolição e da chegada da República, a festa passa a ter um caráter mais popular. É possível ver a presença negra e toda sua bagagem cultural. A roda de samba, a capoeira, o jongo, a música negra, a culinária mudam o público e a dimensão do encontro. 
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“O grupo que vai causar maior impacto na Penha é sem dúvida o dos baianos da “Pequena África”, na Praça Onze. Tia Ciata e seus consortes armavam suas barracas com suas especialidades culinárias, sempre acompanhadas de todo ritual conforme as tradições culturais do grupo”, explica o professor de história Wander Pinto.
Já vou falar mais do Wander e dos alunos dele, que fazem um trabalho de conhecimento ao bairro da Penha. Calma aí.
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A festa era repleta de fatos que desafiavam os bons costumes. Dançavam. Bebiam. Comiam até não poder mais.
“Um padre chegou a proibir a presença dos negros, além de recolher todos os instrumentos musicais. Com isso rolou um certo “apartheid”: os brancos ocupavam a parte superior e os negros a parte inferior e toda a Rua dos Romeiros”, conta Wander Pinto, que leciona na Escola Municipal Bernardo de Vasconcellos.
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Todas as informações sobre a festa e sobre outras peculiaridades do bairro da Penha podem ser encontradas nos tours organizados pelo professor Wander e por grupos de alunos da escola pública Bernardo de Vasconcellos. É o famoso “Rolé na Penha”.
“Os alunos não conheciam o bairro, não conheciam o lugar onde moravam. Agora os alunos me dizem que levam os pais para conhecerem as histórias. Os pais também falam o que viveram ali. É uma troca constante”, disse o professor ao programa Dando Ideia, que esse colunista apresenta na MultiRio. 
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A praça é o lugar do encontro, disse João do Rio. Nada mais apropriado.

Acesse o facebook do @rolenapenha para saber as datas e horários dos próximos passeios. É grátis.
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Adianto: a Penha e a festa serão pautas de muitas outras colunas. Se você tem histórias e curiosidades sobre o bairro, entre em contato comigo no thigomide@gmail.com