Publicado 23/11/2019 22:26
Há uma turma grande que defende que a maioria dos jornalistas esportivos valoriza demais o Flamengo.
São torcedores escancarados, acusam.
Denomina-se de "Fla-Press".
Pode até ser, mas ninguém nunca chegou aos pés do mineiro Ary Barroso. Vai por mim.
Compositor de “Aquarela do Brasil”, Barroso não levava a sério esse papo de imparcialidade ou de ser contido. Ele era a essência do torcedor.
Ary narrou futebol em diferentes rádios, nas décadas de 1930 e 1940. Destaque pra Tupi, onde foi uma das grandes estrelas.
Ele estimulava o time rubro negro para o ataque. “É agora, é agora, vamos fazer esse gol”. Quando perdia a chance, reclamava. Quando o adversário pegava a bola, secava. Quando o Flamengo tomava gol, não narrava.
Zero problema. Da mesma forma que não encontrava pudores ao sair da cabine na hora de um gol à favor. Ou de ir à beira do campo agarrado em uma bandeira do clube comemorar um título com os jogadores. Ou de ir embora, sem se despedir do ouvinte, se o resultado final não agradava.
Por um extenso período de tempo, foi barrado de entrar em São Januário, estádio do Vasco. Fruto de excesso de provocações e brigas políticas com o presidente do rival.
Certa vez, para exercer seu ofício, não pensou duas vezes: pediu a graciosidade dos gestores de uma escola vizinha e subiu no telhado. Foi de lá que Barroso soltou o gogó.
A foto desse feito, que ilustra a coluna, é impagável.
Tentaram fazer de tudo para obstruir a visão do campo. Conseguiram. Ary Barroso narrou se apoiando na transmissão de uma rádio concorrente.
Audiência nas alturas.
Nada parava o flamenguista.
Sua interpretação do jogo era permeada por música. Em toda transmissão, Ary Barroso estava acompanhado de uma gaitinha. Adorava tocar quando o Flamengo não estava bem.
Entre tantos títulos, ele narrou e comemorou como se não tivesse amanhã o tricampeonato carioca de 1942,1943 e 1944.
Em 1964, Ary Barroso faleceu. A bandeira do clube, evidente, cobriu o caixão do mais fanático torcedor.
Pode até ser, mas ninguém nunca chegou aos pés do mineiro Ary Barroso. Vai por mim.
Compositor de “Aquarela do Brasil”, Barroso não levava a sério esse papo de imparcialidade ou de ser contido. Ele era a essência do torcedor.
Ary narrou futebol em diferentes rádios, nas décadas de 1930 e 1940. Destaque pra Tupi, onde foi uma das grandes estrelas.
Ele estimulava o time rubro negro para o ataque. “É agora, é agora, vamos fazer esse gol”. Quando perdia a chance, reclamava. Quando o adversário pegava a bola, secava. Quando o Flamengo tomava gol, não narrava.
Zero problema. Da mesma forma que não encontrava pudores ao sair da cabine na hora de um gol à favor. Ou de ir à beira do campo agarrado em uma bandeira do clube comemorar um título com os jogadores. Ou de ir embora, sem se despedir do ouvinte, se o resultado final não agradava.
Por um extenso período de tempo, foi barrado de entrar em São Januário, estádio do Vasco. Fruto de excesso de provocações e brigas políticas com o presidente do rival.
Certa vez, para exercer seu ofício, não pensou duas vezes: pediu a graciosidade dos gestores de uma escola vizinha e subiu no telhado. Foi de lá que Barroso soltou o gogó.
A foto desse feito, que ilustra a coluna, é impagável.
Tentaram fazer de tudo para obstruir a visão do campo. Conseguiram. Ary Barroso narrou se apoiando na transmissão de uma rádio concorrente.
Audiência nas alturas.
Nada parava o flamenguista.
Sua interpretação do jogo era permeada por música. Em toda transmissão, Ary Barroso estava acompanhado de uma gaitinha. Adorava tocar quando o Flamengo não estava bem.
Entre tantos títulos, ele narrou e comemorou como se não tivesse amanhã o tricampeonato carioca de 1942,1943 e 1944.
Em 1964, Ary Barroso faleceu. A bandeira do clube, evidente, cobriu o caixão do mais fanático torcedor.
*
Já foi tricolor
Ary Barroso torcia para o Fluminense.
Depois de decepções e por ser até expulso do clube por dívida, virou casaca.
*
Aquarela do Brasil
Está completando 80 anos a primeira gravação desse clássico. Francisco Alves foi o primeiro a interpretar a letra que exalta o Brasil e o coqueiro que dá coco.
*
Elza Soares
Como apresentador famoso de show de calouros, Ary Barroso revelou inúmeros talentos.
Entre eles, Elza Soares, então uma menina negra, magra, assustada, mas com um vozeirão de parar o mundo.
No primeiro contato com a cantora, ao vivo, provocou de que planeta ela vinha.
“Do planeta fome”, Elza respondeu sem titubear.
Ary Barroso torcia para o Fluminense.
Depois de decepções e por ser até expulso do clube por dívida, virou casaca.
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Aquarela do Brasil
Está completando 80 anos a primeira gravação desse clássico. Francisco Alves foi o primeiro a interpretar a letra que exalta o Brasil e o coqueiro que dá coco.
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Elza Soares
Como apresentador famoso de show de calouros, Ary Barroso revelou inúmeros talentos.
Entre eles, Elza Soares, então uma menina negra, magra, assustada, mas com um vozeirão de parar o mundo.
No primeiro contato com a cantora, ao vivo, provocou de que planeta ela vinha.
“Do planeta fome”, Elza respondeu sem titubear.
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Livro
Sérgio Cabral pai escreveu a obra “No tempo de Ary Barroso”. Recentemente foi publicada pela editora Lazuli.
Quem se interessa pelo personagem e pelo período, fica a sugestão.
Sérgio Cabral pai escreveu a obra “No tempo de Ary Barroso”. Recentemente foi publicada pela editora Lazuli.
Quem se interessa pelo personagem e pelo período, fica a sugestão.
*
Tricolor sempre
Antes que falem que sou da fla-press, aviso que sou tricolor e, ao contrário do Ary Barroso, não penso mudar de clube.
Parabéns aos flamenguistas. Duas conquistas merecidas.
*
Rio estava merecendo
Ver as ruas lotadas como se fosse Carnaval é maravilhoso.
Estávamos e estamos merecendo essa felicidade extra.
*
Coluna dedicada ao flamenguista e carioca da gema Ricardo Brito, a Dani Moura, ativista social e jornalista responsável pelo Redes da Maré, Leonardo Ribeiro, diretor e editor de mão cheia da MultiRio, aos professores de História Wander Pinto e Fábio Carvalho, ao jornalista e diretor de web séries sensacionais Daniel Brunet, ao sambista Alexandre Nadai, ao criador do site café história Bruno Leal e ao produtor cultural Carlos Janan.
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