Cresci ouvindo que um determinado político tem uma frota de táxis em sociedade com um português.
Atualmente o que mais tenho escutado, em corridas pela cidade, são histórias de jogadores de futebol que têm cruzado uma grana em frotas de automóveis.
O destino, evidente, é encontrar alguém que rode por aplicativo.
Sei lá se ambas são ficções cariocas, mas o fato é que há quem investe, quem investirá e quem investiu em aluguel de veículos de transporte.
Presente, futuro e... tão passado assim?
Aham. Vamos para o Rio de Janeiro de 1822 e encontraremos um português chamado Francisco Antônio Garrido.
Homem empreendedor e com visão de futuro, ele foi dono da primeira loja de aluguel de belas e confortáveis carruagens, na Santa Luzia, até então uma rua a beira mar.
Os aluguéis, ao contrário da possibilidade atual, eram somente para fins pessoais.
"O serviço regular e coletivo de passageiros, assim como em Lisboa e Londres, foi organizado a partir de concessões do governo a determinados proprietários", pesquisou o historiador Paulo Cruz Terra para a dissertação de doutorado na UFF sobre cocheiros e carroceiros no Rio de Janeiro de 1870 a 1906.
Não há relatos se alguma empresa investiu em alternativas. Ou se algum cidadão alugou para prestar serviços como condutor.
Pouco provável, convenhamos.
Adianto: Francisco Antônio Garrido se deu foi bem.
"Por volta de 1822, com os lucros obtidos nesse ramo de negócio, ele montou outra cocheira, de maiores proporções, na Rua da Lampadoza", escreveu Cruz Terra.
Rua da Lampadoza? É a atual rua Luís de Camões, perto do teatro João Caetano, do Real Gabinete Português de Leitura e da praça Tiradentes.
Super ponto, diriam os mais antigos.
Se você acha que o gajo ficou nadando sozinho nesse oceano de oportunidades, se engana.
Em 1847 já eram 15 empresas.
Em 1860 foram licenciadas 25 grandes cocheiras. A maior era a Companhia Carruagens Fluminenses.
Tanta carruagem rodando de um lado para o outro propiciou o nascimento de um negócio que conhecemos muito bem e sempre nos brinda com salgadas contas.
"A primeira (oficina mecânica de carruagens) foi inaugurada 1831 e pertenceu a J.L.G.Rohe", conta o escritor Roberto Macedo, na obra "Curiosidades Cariocas".
Não há relatos se já contavam com pôsteres de donzelas em closes familiares ou do Botafogo campeão do Brasileiro de 1995.
Pouco provável, convenhamos.
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