Publicado 11/06/2020 02:09 | Atualizado 13/06/2020 22:58
O Maracanã foi construído para a Copa do Mundo do Brasil de 1950. Preparado para ser o grande palco, o estádio mostrava a pujança de um país que cismava (cismava?) em não largar o complexo de vira-lata.
Pois então, reunimos 13 fatos que marcaram a história do Maraca. Veja se você lembra de algum e comente quais esquecemos:
1 - Penetra na festa do Zico: após um tempo fora, o "Galinho" voltava para o Flamengo em 1985. Para dar as boas vindas, nada melhor que um jogo amistoso entre "Amigos do Zico" e Flamengo. Não é que um craque alagoano, Jacozinho, do CSA, que não foi convidado pra festa, entrou em campo, recebeu um passe magistral de Maradona e estufou a rede para delírio da torcida. Zico ficou uma arara porque nem sabia quem era a figuraça.
2 - Beijando o Sinatra: um dos cantores mais famosos de toda a história, o americano Frank Sinatra, deu o ar das graças no Maracanã em 1980. Não cabia mais um. Lotado. Sinatra encantava soltando o gogó e lançando charme. De repente, o "beijoqueiro" consegue invadir o palco e lascar uma bitoca no gringo. Sinatra fez aquela cara de nojo, a turma do gargarejo riu até não poder mais e o "beijoqueiro" quase foi dessa para uma outra.
3 - Frasista perfeito: há técnicos e técnicos. Tirando um ou outro, esses de hoje são tão muxoxos que não tem nem graça. Bom era quando Gentil Cardoso estava no banco. O pernambucano treinou os grandes do Rio de Janeiro e era uma peça rara. Inventou, entre tantas frases, as "quem se desloca recebe, quem pede tem preferência", "o craque trata a bola de você, não de excelência" e "vai dar zebra". Gentil beliscou uma vaga de técnico na Seleção Brasileira em 1959, treinando o time para o Sul-Americano. ( Papai Joel também precisa ser lembrado).
4 - Vestibular no Maracanã: a garotada nervosa ia ao estádio não para ver craques e sim para tentar resolver questões. A arquibancada ficava cheia de homens e mulheres com pranchetas, canetas e folhas de papel. Isso aconteceu, por exemplo, em 1972. Há quem defenda que o Maracanã dava um azar danado e nunca mais pôs os pés naquelas bandas depois que levou bomba no exame.
5 - Final histórica de Brasileirão: o poderoso Bangu, que tinha vencido o Flamengo, era o favorito contra o Coritiba. 100 mil pessoas se apertaram para ver o craque Marinho em ação. Castor de Andrade era o mais atento: patrono do time, às vezes era torcedor e às vezes técnico. Ai de quem fizesse corpo mole. A moçada correu os 90 minutos, mas a partida acabou 1 a 1. Pênaltis. O Coritiba acabou levando. Pena. O Bangu merecia.
6 - Peladas na geral do Maracanã: a “geral” já custou um real. A “geral” era o berro na chuteira. O lugar do protesto bem humorado e afiado. Quem não lembra das cartolinas com dizeres de apoio e reclamação, ou mesmo um "eu te amo" para a pessoa amada? A “geral”, mesmo com chuva, enchia. A “geral” era pra quem amava o futebol. Se a bola quicasse pra lá, era possível organizar uma pelada paralela. Se a bola não entrasse, podia berrar tanto que o jogador saia zonzo. Se a bola entrasse muitas vezes, pobre goleiro. Os “arquibaldos” eram marcas nossas. E essas marcas que nos diferenciava de todo o resto.
Peguei essas frases de uma coluna do ano passado. Fica aqui o link.
7 - A fogueteira: rolava Brasil e Chile, em 1989, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1990. Redundância escrever que o estádio tava lotado. Do nada, um fogaréu perto da área do goleiro chileno Roberto Rojas. A fumaça impede que se veja com detalhes o que acontece. Quando é possível distinguir, Rojas está deitado no gramado, se contorcendo e sangrando. Tudo indicava que foi atingido por um sinalizador. O Chile se recusa a continuar a partida. O Brasil corria risco de ser eliminado da Copa, afinal foi culpa de sua torcida. Rosenary (com n mesmo) Mello foi quem apontou o artefato pro campo e mandou fogo. Um detalhe que mudou o rumo da história: Rojas aproveitou a confusão e se cortou com uma gilete que estava escondida na luva. A farsa foi descoberta. O sinalizador caiu perto e não no rosto. Rojas foi eliminado do futebol. Rosenary parou na "Playboy" com a manchete "a nudez e a graça da fogueteira do Maracanã".
8 - Romário fez o que quis com o Uruguai: contei sobre eliminatórias, nada melhor que lembrar de 1993. Estávamos em uma droga, com dificuldade de garantir o passaporte para a Copa do Mundo de 1994. Contestado pela comissão técnica, Romário resolveu a parada contra os uruguaios. Pensa em um drible. Romário deu. Foi chapéu a vontade, ovinho até na sombra e quase drible da vaca no goleirão. Com dois gols do atacante, garantimos nossa ida aos Estados Unidos, onde ganharíamos o caneco.
9 - Zico jogou pelo Vasco: para o último jogo de Roberto Dinamite com a camisa do Vasco foi preparado um amistoso contra o Deportivo La Corunã, da Espanha, que já contava com Mauro Silva e com um ex-ídolo cruzmaltino e também do Flamengo, o atacante Bebeto.
24 de março de 1993. A expectativa era ver se Zico, amigo de Dinamite, que estava jogando Japão, entraria vestindo o uniforme do rival.
Sim, o “Galinho de Quintino”, maior artilheiro da história do estádio, entrou com a 9. Foi ovacionado. Mostrou que era grande. Mostrou que a rivalidade esportiva é para campo.
Sim, o “Galinho de Quintino”, maior artilheiro da história do estádio, entrou com a 9. Foi ovacionado. Mostrou que era grande. Mostrou que a rivalidade esportiva é para campo.
Quer ler esse fato com detalhes? Clique aqui.
10 - Pelé jogou pelo Flamengo no Maracanã: em 1979, o Rei vestiu o uniforme do Flamengo para um amistoso beneficente contra o Atlético Mineiro. Zico cedeu a 10 pro Pelé e entrou com a 9. O jogo foi apertado. Quando estava 1 a 0 para os mineiros, pênalti pro Flamengo. Zico ofereceu a bola para o Rei que...refugou. Todo mundo querendo ver o homem marcar um gol com a camisa rubro-negra e ele deu para trás. Zico foi e fez.
11 - Milésimo gol de Pelé no Maracanã: o Vasco acabou entrando para essa história. Dez anos da refugada com a camisa do Flamengo, Pelé não perdeu a oportunidade de estufar a rede vascaína em um pênalti. O goleirão vascaíno Andrada até foi na bola, mas não deu. O Rei saiu carregado e pedindo pelas crianças. Em 1961, Pelé fez um gol de placa no meu Fluminense em pleno Maracanã. Recebeu até homenagem.
12 - O mais doloroso gol da história: quase 200 mil pessoas no Maracanã para a final entre Brasil e Uruguai, pela Copa do Mundo de 1950. É, aquele gol do uruguaio Ghiggia está também comemorando sete décadas. Há quem sofra até hoje.
13 - Seleção Brasileira brilhando: no Pan-Americano de 2007, a seleção brasileira feminina de futebol ganhou o ouro, com um chocolate nas americanas. 5 a 0. 70 mil torcedores comemoraram como se não tivesse amanhã.
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Botafoguenses, eu podia ter citado o gol do Maurício em 1989.
Tricolores, eu podia ter citado o gol do Renato Gaúcho em 1995.
Vascaínos, eu podia ter citado o Edmundo deitando e rolando no Flamengo, em 1997.
Flamenguistas, eu podia ter citado os 333 gols do maior artilheiro da história do Maraca.
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Pelé no Vasco e no Fluminense
Brinde para você, leitor e leitora.
"Em 1957, o Rei Pelé jogou pelo Vasco, enquanto o time principal excursionava pela Europa. Isso aconteceu no Torneio do Morumbi, com partidas realizadas no Maracanã(...) Com a cruz de malta no peito, o futuro Rei do Futebol fez cinco gols, sendo um deles no empate em 1 a 1 com o Flamengo". Essa informação está no site do Vasco.
Na infância, Pelé era vascaíno.
Conheçam, por favor, a história do Pelé com o Fluminense na África.
Ele era garoto propaganda de uma empresa que faria uma ação de marketing em um jogo envolvendo o Flu e o Racca Rovers, em Lagos, na Nigéria.
Pelé só iria dar uma pinta, acenar para a galera e chutar a bola para o começo do jogo.
Só que...
Fizeram anúncio que ele jogaria. Os ingressos esgotaram.
Até tentaram desfazer o mal entendido, mas era tarde.
A torcida quebraria tudo se o Rei não entrasse seriamente em campo, avisou os responsáveis pela segurança.
Aposentado e calçando uma chuteira emprestada e apertada, Pelé vestiu a 10 sagrada do time dos Guerreiros. Jogou 45 minutos contra um disposto adversário.
Não marcou gol na vitória de 2 a 1 dos tricolores.
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Saudade
Como eu gostava de chegar com meu pai no Maracanã para ver o Branco e o Ézio jogarem.
O gol do Renato vai ficar para sempre na memória.
No radinho de pilha, o tricolor Januário de Oliveira.
Que saudade!
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