Publicado 18/08/2020 00:32 | Atualizado 18/08/2020 15:10
Você gosta de ir cedinho à praia no domingão e ficar até o pôr do sol? Não podia.
Você ama fazer luau com os amigos? Não podia.
Curte jogar uma bolinha, tomar uma cervejinha, escutar um pagode à beira mar? Esquece.
Você vende mate, biscoito Globo, camarão fritinho ou pau de selfie? Saiba que não podia berrar - além que não podia negociar nada.
Você vai de biquíni? Nem pensar. De sunga? Impossível.
Você ama fazer luau com os amigos? Não podia.
Curte jogar uma bolinha, tomar uma cervejinha, escutar um pagode à beira mar? Esquece.
Você vende mate, biscoito Globo, camarão fritinho ou pau de selfie? Saiba que não podia berrar - além que não podia negociar nada.
Você vai de biquíni? Nem pensar. De sunga? Impossível.
O decreto assinado pelo prefeito do então Distrito Federal Amaro Cavalcanti, em 1917, era direto: banhos de mar somente estavam permitidos das 5h às 9h e das 16h às 18h de 1 de abril a 30 de novembro.
E o resto do ano?
Tinha moleza do dia 1 de dezembro a 31 de março: era permitido frequentar as praias de 5 da matina às 8h e das 17h às 19h.
Se estivesse fora desse horário e não cumprisse as normas que também indicavam vestimentas “apropriadas”, de duas, uma: ou pagava uma salgada multa ou ia em cana por cinco dias.
Prisão, meu chapa.
A época de Amaro Cavalcanti, hoje nome de avenida no Méier, foi marcada por uma troca de cultura: se antes a praia era encarada como espaço terapêutico, de tratamento, agora era cada vez mais de diversão.
Nesse período foram instalados os primeiros postos de guarda-vidas em Copacabana. Virou febre ir pegar um solzinho na famosa areia.
Havia um temor que afogamentos manchassem a imagem turística que o Rio de Janeiro começava a imprimir no mundo.
Esse é considerado um dos motivos da tomada radical de atitude do prefeito. Mas um ponto além deve ser considerado: o desejo de manter um tal pudor. Sabe, né?
Só faltava vestir terno e gravata para ir dar um mergulhinho. Era complicado.
Apesar do mundo estar enfrentando os momentos finais da pandemia de Gripe Espanhola, não há nenhum registro que indique o prefeito pensou nesse problema.
Como pode-se prever, muita água passou por debaixo da ponte até o biquíni de Leila Diniz chocar a moçada na década de 1970 ou de Luz Del Fuego criar sua própria ilha de nudismo: teve campanha contra a praia e à favor de limites, prisões e mais prisões e até quem alugasse barcos para fugir da fiscalização.
Essa está valendo até hoje.
*
Dom João VI e o complicado banho de mar
Em seu turbulento período no Brasil, o príncipe-regente Dom João VI viveu maus bocados por causa de um carrapato.
Tomou uma mordida e infeccionou.
Como pode-se prever, muita água passou por debaixo da ponte até o biquíni de Leila Diniz chocar a moçada na década de 1970 ou de Luz Del Fuego criar sua própria ilha de nudismo: teve campanha contra a praia e à favor de limites, prisões e mais prisões e até quem alugasse barcos para fugir da fiscalização.
Essa está valendo até hoje.
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Dom João VI e o complicado banho de mar
Em seu turbulento período no Brasil, o príncipe-regente Dom João VI viveu maus bocados por causa de um carrapato.
Tomou uma mordida e infeccionou.
Os médicos eram categóricos: precisava de um marzinho para tudo voltar ao normal.
Dom João VI era capaz de enfrentar a tropa de Napoleão Bonaparte para fugir de um bom mergulho.
Dom João VI era capaz de enfrentar a tropa de Napoleão Bonaparte para fugir de um bom mergulho.
Saúde é saúde. Não teve escapatória.
As idas dele para a praia do Caju, bem pertinho do hoje Cemitério, eram verdadeiras novelas.
O rapaz ia dentro de um barril e só molhava as pernas. Rápido. Bem rápido.
Os portugueses não eram afeitos ao banho, seja de mar, de chuveirão ou o que fosse.
Ao contrário dos índios, que nos deixaram essa herança.
As idas dele para a praia do Caju, bem pertinho do hoje Cemitério, eram verdadeiras novelas.
O rapaz ia dentro de um barril e só molhava as pernas. Rápido. Bem rápido.
Os portugueses não eram afeitos ao banho, seja de mar, de chuveirão ou o que fosse.
Ao contrário dos índios, que nos deixaram essa herança.
Ainda bem.
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