Casa Rosa, em LaranjeirasThiago Gomide
Publicado 08/10/2021 09:00
Recentemente, fiz um vídeo no TikTok contando a história da Casa Rosa. Despretensioso, como costuma ser.
O resultado chamou atenção até do aplicativo: mais de 500 mil visualizações, o que indicava um interesse imenso no espaço e, em vários casos, a surpresa do passado (nem tão desconhecido assim, convenhamos).
Dos anos 50 aos 70, a Casa Rosa funcionou a todo vapor como um dos prostíbulos mais procurados da cidade. Engana-se que só por aqueles que estavam atrás de sexo. Pessoas que protestavam contra os militares no poder encontravam naquele cantinho um sossego único. Quem duvidaria de um grupinho discutindo política ao mesmo tempo que recebia massagem tântrica?
Famosos também davam as caras. A entrada lateral ofertava o que essa moçada mais busca: discrição. O músico Lobão, por exemplo, é um dos que assinaram o ponto no casarão rosa da rua Alice.
O general e presidente da República João Figueiredo anunciou que o fim da ditadura seria uma “distensão lenta, gradual e segura”. As palavras que decretavam o norte do país poderiam ser adaptadas para os próximos passos do cabaré. Da mesma forma que o regime político mudou de cara, o casarão também deixou as camas de lado. As pistas de dança ganharam cores.
Nos anos 2000, a Casa Rosa já era um lugar que misturava gregos e troianos. Tinha gente do forró. Tinha noite de funk. Tinha show de banda de rock dos anos 80. Tinha sinuca. Tinha cerveja barata. Até o Wando das calcinhas deu pinta por lá, nos fazendo lembrar das priscas eras.
Não é só de amores, danças e roupas íntimas que é marcada a história desse hoje Centro Cultural. Brigas, inclusive judiciais, e até mortes, infelizmente, estão registradas. Várias paralisações aconteceram, desde a década de 1980.
A Casa Rosa, como recinto de estudos e saberes da cultura brasileira, continua funcionando. Apesar da pandemia, alguns shows ainda acontecem.
Há um bom filme aprofundando ( e muito ) o que escrevo por aqui. "Pretérito Perfeito", com direção do Gustavo Pizzi e produzido pelo craque Cavi Borges, nasceu em 2008. 
 
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