Viaduto Rei Alberto, na Avenida NiemeyerReprodução Internet
Publicado 12/01/2022 09:00
Nesse recesso de fim de ano, minhas batidas de pestana ao cair da tarde eram interrompidas pela luz clemente do celular. Pelo menos pra mim, esse é o sinal que alguém envia mensagem em alguma das redes sociais.
O leitor sabe da minha disponibilidade (nem sempre organizada, é verdade) de responder as dúvidas sobre história, em especial do Rio de Janeiro. Aquilo que não sei, corro atrás, sem grandes mistérios.
Pois bem, contabilizei: foram quase 100 pessoas me marcando em um vídeo no Tik Tok sobre o viaduto Rei Alberto, na Avenida Niemeyer, via que liga São Conrado ao Leblon (e vice-versa). O desejo era saber como tinha surgido esse cantinho tão pitoresco, que, apesar de não ser visto com facilidade, é alcançável sem tanto esforço. 
Respondo "aqui e agora", como diria Gil Gomes.
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Quando Alberto I pisou em terras cariocas, ele já era uma lenda militar. Chamado por muitos de Rei-Herói, o monarca belga encarou a poderosa tropa alemã na Primeira Guerra Mundial. Enquanto vários não ficariam nem para posar para foto, Alberto liderou o país, foi aos campos de batalha e conseguiu vitórias importantes. Esse homem seria recebido com todas as glórias por um Rio de Janeiro em festa. 1920 era o ano estampado no calendário.
Sabe aquela embelezada que damos para a vinda de uma pessoa especial? O Rio de Janeiro se enfeitou, prédios foram reformados e ruas foram pintadas. “ Era para belga ver!”, atualizamos a expressão. Precisávamos mostrar que o Brasil era um país moderno, atento às mudanças, capacitado ao novo. O comércio, aproveitando o buxixo, produziu até souvernirs com a estampa de Alberto. Cinemas passaram filmes alusivos à Bélgica. A construção do viaduto que recebe o nome do rapaz nasceu nesse contexto.
Após uma chegada triunfal, com direito a público chorando nas vias principais da cidade, Alberto I foi ao Corcovado (sem o Cristo), Pão de Açúcar (já com bondinho), em Petrópolis e até viu jogo de futebol nas Laranjeiras. Mas ele se esbaldou mesmo foi em um cantinho que poucos cariocas tinham costume de ir: a praia de Copacabana. Acordava super cedo e se mandava para a água. Com porte atlético, nadava de um canto para o outro, atraindo uma plateia que foi dos suspiros à tentativa de imitação. Aplausos para as peripécias aquáticas do visitante eram ouvidos.
Os 14 dias que Alberto I ficou no Rio de Janeiro mexeu tanto com os cariocas que, além de contribuir para o holofote ser virado para Copacabana, um nome começou a ganhar força nos berçários. Se hoje você conhece algum Beto, Betinho e Betão, olhe para aquele setembro de 1920.
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Nesses mais de 100 anos, o viaduto Rei Alberto testemunhou corrida de carros pela avenida Niemeyer, com direito a muitos acidentes, morte de jogador do Fluminense e da Seleção Brasileira, o Ari Ercílio, que estava pescando e foi levado pelo mar, e até uma ciclovia com nome de Tim Maia sofrer as consequências de uma...ressaca.
Questão resolvida, vamos pra próxima. 
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