Publicado 21/01/2022 06:00
O Brasil foi jogado na UTI econômica nos últimos três anos com a inflação superando a marca dos 10% e o número de desempregados ultrapassando 14 milhões de pessoas. E vai piorar ainda mais este ano com a aceleração da inflação e do desemprego, pois janeiro já começou com o aumento dos preços da gasolina e do diesel.
Essa é a agenda ultraliberal em ação do Ministério da Economia. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no início de janeiro o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subindo 10,06%, mais que o dobro de 4,52% registrado em 2020. E o fantasma da inflação permanecerá assustando os brasileiros ao longo de 2022.
Quem alimenta a alta de preços é o próprio governo ao praticar uma equivocada política de dolarização do petróleo, conduzida de maneira nefasta pela Petrobras. Em 2021, a gasolina ficou 47,49% mais cara. O diesel subiu no mesmo ano, 46,04%. O preço do gás de cozinha teve um aumento de 36,99% no último ano. O etanol está 62,23% mais caro no mesmo período e a conta de luz, 21,21% a mais. Em média, os combustíveis para veículos ficaram 49,02% mais caros.
E a situação vai piorar pois, no último dia 10, a Petrobras anunciou um novo ajuste de aumento médio de 8% do diesel nas refinarias e de 4,85% da gasolina nas distribuidoras, após a divulgação da inflação recorde no Brasil. A decisão da Petrobras beneficia e gera mais lucro para os acionistas privados, sabotando a possibilidade de retomada do crescimento econômico e prejudicando os mais pobres ao gerar um efeito cascata sobre os preços da Economia.
Este 2022 vai ser mais um ano perdido para o país, o quarto. A atual política econômica mostra um resultado surpreendente. O Brasil tem a segunda tarifa de energia mais cara do mundo. Em 2022, teremos o KW mais caro do planeta. O motivo é a sanção da lei que obriga o uso de usinas termelétricas movidas a carvão mineral até 2040 em Santa Catarina.
Reduzir a inflação apostando na fome dos brasileiros parece ser a estratégia do Ministério da Economia, pois vai ficando cada vez mais difícil para o consumidor ter acesso a alimentos básicos. O real perde valor em relação ao dólar, o que estimula a exportação de alimentos. Os produtores vão olhando para o mercado externo, que tem demanda, e, para dentro do país, veem um mercado interno deprimido, sem renda, em que o trabalho é cada vez mais escasso, com menores rendimentos e sem geração de vagas.
E a opção dos produtores é mandar os alimentos para fora. Políticas públicas como a dos estoques regulares da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que poderiam frear esse movimento, foram esvaziadas e abandonadas. Não se pode deixar que a inflação caia porque as pessoas estão comendo menos ou comprando menos.
Baixar a inflação por conta da fome dos brasileiros é extremamente difícil, uma missão complicada e perversa. Hoje o desastre econômico brasileiro nos últimos três anos mostra que o país não cresce, não gera emprego e nem renda suficiente para que a sua população, principalmente a mais pobre, passe a comer decentemente. Esse é o Brasil em que se vive hoje, dominado por fome, pobreza, desemprego, inflação, baixo rendimento econômico e falta de esperança.
Cesário Melantonio Neto
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