KakayDivulgação
Publicado 01/09/2022 06:00
Houve uma época em que éramos, quase todos, técnicos da Seleção Brasileira de futebol. Escalávamos o time e dávamos pitacos sobre estratégia, substituição, arbitragem, enfim, sobre tudo. Do conforto das nossas poltronas, dirigíamos o jogo, especialmente na Copa do Mundo. E com uma vantagem: se o time ganhasse, nos sentíamos campeões; se perdesse, a culpa, claro, era do técnico oficial.
É mais ou menos o que está ocorrendo na atual campanha presidencial. Na ânsia, quase desespero, de ganhar do fascismo e da barbárie, viramos todos marqueteiros do Lula. E damos palpites sobre tudo: qual linha deve ser adotada nos programas, quais alianças políticas nós concordamos, qual a cor ideal para as propagandas - se resgatamos ou não o verde e o amarelo -, se devemos rir ou chorar com o tal Janones nas redes sociais e por aí vamos.
Mas o chique é dar opinião sobre os debates. Aí é como comandar a Seleção Brasileira na final da Copa. O nervosismo toma conta e nos permitimos criar respostas para perguntas idiotas ou agressivas, imaginar estratégia de questionamentos que constranjam os adversários e, como em um gol, vibrar quando o candidato do outro lado dá uma escorregada misógina, por sinal uma característica dele.
E esse envolvimento tão forte, cada um participando como pode, ressalta bem o momento pelo qual passam o país e o povo brasileiro. Estamos em uma campanha diferente por sabermos que ela define se sairemos rumo ao resgate do Estado democrático de direito, ou se nós nos afundaremos na escalada golpista e de desastre para o Brasil. Um país abandonado com a volta da fome de forma avassaladora e com o sucateamento da Cultura, da Saúde e da Educação.
Mas todo o empenho nestas eleições tem como pano de fundo a certeza que dela sairá um Brasil que terá feito a opção entre o Estado democrático de direito e a civilização, ou a insegurança golpista e a barbárie. Com o sucateamento da Cultura, da Educação e da Saúde, com a implementação de práticas fascistas por parte do governo Bolsonaro e, principalmente, com a volta da fome para 33 milhões de brasileiros, essa eleição poderá sim ser a última.
Nenhum país suporta mais de quatro anos de aniquilamento em todos os setores. Nossa institucionalidade está por um fio. As tentativas múltiplas de ruptura por parte dos bolsonaristas encontrarão campo fértil se o povo nas urnas optar pelo fascismo.
Por isso mesmo, recorro-me a Cervantes, na voz de Dom Quixote, ao dizer para seu fiel escudeiro: “A liberdade, Sancho, é um dos dons mais preciosos, que aos homens deram os céus: não se lhe podem igualar os tesouros que há na terra, nem os que o mar encobre; pela liberdade, da mesma forma que pela honra, se deve arriscar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pode acudir aos homens.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
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