Publicado 17/11/2022 06:00
Ao longo do momento tormentoso pelo qual passamos, resta a cada um de nós a certeza de estarmos do lado certo da história. Aos poucos, e com sofrida maturidade, fomos deixando pela estrada as pessoas que optaram pela obtusidade, pelo obscurantismo e pelo apoio à tortura e à barbárie. A escolha de estar na mesma trincheira daqueles com quem dividimos o sentimento do mundo nos deu força para a travessia. Os sonhos que nos unem demarcam, com clareza, quem são nossos companheiros de caminhada. E, depois de tanto tempo, é muito bom olhar no espelho e nos identificarmos com quem sempre esteve junto dos valores humanitários.
Mas é sofrido constatar que há um amontoado de idiotas que resiste a aceitar o curso normal da democracia. Figuras patéticas que saúdam ideias retrógradas e fascistas bem como insistem em envergonhar o país diante das posturas ridículas e insanas. Em Sergipe, uma multidão de imbecis aclamou e prestou honras militares a um caminhão com as provas do Enem por acharem que lá havia fuzis e armamentos para derrubar o governo eleito. E receberam o veículo com uivos de “aleluia” e “glória ao senhor”. O país virou um manicômio a céu aberto.
E, em nome de uma pretensa paz religiosa, eles pregam a violência, a agressão gratuita e a ofensa banal. Existe um pequeno, mas barulhento, grupelho de pessoas com baixíssima densidade intelectual que resolveu assumir o ridículo como norma de agir. E se lambuza do direito de serem medíocres e vulgares. Relembro Pessoa, no Livro do Desassossego, “Sei que falhei. Gozo a volúpia indeterminada da falência como quem dá um apreço exausto a uma febre que o enclausura.”
É fácil constatar o maniqueísmo barato que os dois neurônios, que presidem esse grupo acéfalo, sustentam. Com um Executivo corrupto, incompetente, inepto e sem nenhum programa de governo e um Legislativo cooptado, em sua grande maioria, pela influência dos orçamentos secretos e dos conluios inescrupulosos, a institucionalidade do Brasil só se manteve pela força constitucional e a coragem cívica do Poder Judiciário.
Por mais que eu, em tempos de normalidade democrática, critique o Poder Judiciário por ser machista, patrimonialista e defensor dos direitos da elite e toda a tradicional ladainha, é necessário reconhecer que é esse Judiciário, especialmente o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral, que assegurou a estabilidade democrática. O país deve aos seus ministros a manutenção da nossa institucionalidade. E é exatamente em função da postura democrática de respeito à ordem constitucional que esse bando de celerados se insurge contra os membros do Poder Judiciário.
Mas é sofrido constatar que há um amontoado de idiotas que resiste a aceitar o curso normal da democracia. Figuras patéticas que saúdam ideias retrógradas e fascistas bem como insistem em envergonhar o país diante das posturas ridículas e insanas. Em Sergipe, uma multidão de imbecis aclamou e prestou honras militares a um caminhão com as provas do Enem por acharem que lá havia fuzis e armamentos para derrubar o governo eleito. E receberam o veículo com uivos de “aleluia” e “glória ao senhor”. O país virou um manicômio a céu aberto.
E, em nome de uma pretensa paz religiosa, eles pregam a violência, a agressão gratuita e a ofensa banal. Existe um pequeno, mas barulhento, grupelho de pessoas com baixíssima densidade intelectual que resolveu assumir o ridículo como norma de agir. E se lambuza do direito de serem medíocres e vulgares. Relembro Pessoa, no Livro do Desassossego, “Sei que falhei. Gozo a volúpia indeterminada da falência como quem dá um apreço exausto a uma febre que o enclausura.”
É fácil constatar o maniqueísmo barato que os dois neurônios, que presidem esse grupo acéfalo, sustentam. Com um Executivo corrupto, incompetente, inepto e sem nenhum programa de governo e um Legislativo cooptado, em sua grande maioria, pela influência dos orçamentos secretos e dos conluios inescrupulosos, a institucionalidade do Brasil só se manteve pela força constitucional e a coragem cívica do Poder Judiciário.
Por mais que eu, em tempos de normalidade democrática, critique o Poder Judiciário por ser machista, patrimonialista e defensor dos direitos da elite e toda a tradicional ladainha, é necessário reconhecer que é esse Judiciário, especialmente o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral, que assegurou a estabilidade democrática. O país deve aos seus ministros a manutenção da nossa institucionalidade. E é exatamente em função da postura democrática de respeito à ordem constitucional que esse bando de celerados se insurge contra os membros do Poder Judiciário.
O gado mal tangido resolveu investir brutalmente contra o Poder que sustenta até mesmo a capacidade dos idiotas se manifestarem. Mantendo, no entanto, a diferença óbvia, mas não entendida pelos beócios, entre a liberdade de expressão e a inexistência de um direito à agressão. É muito para esses párias entenderem.
O país precisa superar esse momento de treva. Já é tempo de enfrentar, com a dureza necessária para a defesa da Constituição, os movimentos afrontosos que se perpetuam nas ruas. A agressão violenta e animalesca aos ministros do Supremo exige uma pronta resposta com a punição dos covardes. A proposta aventada por um ex-chefe do Executivo - de fazer uma pacificação com o grupo fascista, até com o aproveitamento do líder dessa facção que preside o país -, é indecorosa e até injuriosa aos milhões de brasileiros que perderam entes queridos na pandemia pela irresponsabilidade do presidente Bolsonaro e do seu bando. E que acompanharam o cinismo, o deboche e a maldade como método de agir do presidente.
O país precisa superar esse momento de treva. Já é tempo de enfrentar, com a dureza necessária para a defesa da Constituição, os movimentos afrontosos que se perpetuam nas ruas. A agressão violenta e animalesca aos ministros do Supremo exige uma pronta resposta com a punição dos covardes. A proposta aventada por um ex-chefe do Executivo - de fazer uma pacificação com o grupo fascista, até com o aproveitamento do líder dessa facção que preside o país -, é indecorosa e até injuriosa aos milhões de brasileiros que perderam entes queridos na pandemia pela irresponsabilidade do presidente Bolsonaro e do seu bando. E que acompanharam o cinismo, o deboche e a maldade como método de agir do presidente.
Como sentar na mesa para dividir o governo que relegou 33 milhões de brasileiros à fome? Como interagir com esses seres escatológicos que dividiram o país e fomentaram uma guerra religiosa, ética e de costumes?
Há uma sugestão, ridícula, desculpe, de fazer um governo de coabitação com esses canalhas e outra de uma anistia tácita para os que saquearam os cofres e a dignidade dos brasileiros. Em qualquer dessas hipóteses, estaremos alimentando e acalentando a volta do fascismo e a falência de uma hipótese civilizatória. Seria o caos. O fim de uma chance de resgatar o Brasil.
O filme “Argentina, 1985” nos mostra, com pungente realidade e que nos leva às lágrimas, a necessidade de punir os torturadores e os assassinos. Enganam-se os que pretendem ter a legitimidade de perdoar os crápulas em nome dos que sofreram a barbárie. A ninguém pode ser delegado o direito de passar uma borracha na história. Não se apagam os abusos e não se escamoteia a verdade. Só sairemos do fosso que o fascismo nos jogou se enfrentarmos com a aplicação exemplar as normas penais e constitucionais contra o saque a que o Brasil foi submetido.
Erramos ao não encarar os fantasmas da ditadura e não podemos repetir o erro. Necessário derrotarmos, até a lona, esses fascistas que se posicionam como donos do Brasil. Qualquer capitulação neste momento será como estimular o germe do fascismo e da não civilidade. Será um acumpliciamento com o grupo que usurpou a legitimidade democrática.
Quem não se opuser estará assumindo um lado; não pode existir a hipótese de passividade diante da esculhambação institucional a que o Brasil foi e está sendo submetido. É hora de darmos um passo à frente e voltarmos a ter um país de volta, até para dar uma chance ao futuro. Sem nos esquecer de Cecília Meireles: “O rumor do mundo vai perdendo a forçam, e os rostos e as falas são falsos e avulsos. O tempo versátil foge por esquinas de vidro, de seda, de abraços difusos.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
Há uma sugestão, ridícula, desculpe, de fazer um governo de coabitação com esses canalhas e outra de uma anistia tácita para os que saquearam os cofres e a dignidade dos brasileiros. Em qualquer dessas hipóteses, estaremos alimentando e acalentando a volta do fascismo e a falência de uma hipótese civilizatória. Seria o caos. O fim de uma chance de resgatar o Brasil.
O filme “Argentina, 1985” nos mostra, com pungente realidade e que nos leva às lágrimas, a necessidade de punir os torturadores e os assassinos. Enganam-se os que pretendem ter a legitimidade de perdoar os crápulas em nome dos que sofreram a barbárie. A ninguém pode ser delegado o direito de passar uma borracha na história. Não se apagam os abusos e não se escamoteia a verdade. Só sairemos do fosso que o fascismo nos jogou se enfrentarmos com a aplicação exemplar as normas penais e constitucionais contra o saque a que o Brasil foi submetido.
Erramos ao não encarar os fantasmas da ditadura e não podemos repetir o erro. Necessário derrotarmos, até a lona, esses fascistas que se posicionam como donos do Brasil. Qualquer capitulação neste momento será como estimular o germe do fascismo e da não civilidade. Será um acumpliciamento com o grupo que usurpou a legitimidade democrática.
Quem não se opuser estará assumindo um lado; não pode existir a hipótese de passividade diante da esculhambação institucional a que o Brasil foi e está sendo submetido. É hora de darmos um passo à frente e voltarmos a ter um país de volta, até para dar uma chance ao futuro. Sem nos esquecer de Cecília Meireles: “O rumor do mundo vai perdendo a forçam, e os rostos e as falas são falsos e avulsos. O tempo versátil foge por esquinas de vidro, de seda, de abraços difusos.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
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