Publicado 15/06/2023 06:00
Em março de 2014, às 6 horas da manhã, recebi um telefonema de uma mulher apreensiva sobre operação policial em um posto de gasolina. É a vida de um advogado criminalista, ouvir as angústias das almas aflitas quando a polícia bate à porta. Nesse posto, perto da Torre de TV de Brasília, tem um lava a jato e, esse simples fato, deu nome à operação que paralisou o país e que instrumentalizou o Poder Judiciário e o Ministério Público. Investigação que, com tentáculos na grande mídia e no poderio econômico dos EUA e, claro, em parte do empresariado nacional, mudou a história política do Brasil. Naquele momento, os “Sergios Moros” e os “Deltans” ainda não sabiam que iriam prostituir as estruturas democráticas.
Como advoguei desde o primeiro ato, pude acompanhar, com olhar atento, que a operação tomava um rumo estranho. Deixei a defesa do Alberto Youssef quando tive a convicção de que existia um plano muito além do que estava nos autos. A politização das ações começava a ficar evidente para quem conseguia ver além das notícias e das matérias que repetiam bordões criados para anestesiar a grande massa, que só vê e lê as chamadas e os jornalistas de aluguel.
A estrutura montada contava com profissionais da mídia que, em troca de furos e manchetes, e algum dinheiro, claro, dispunham de uma teia ilegal e criminosa de vantagens na divulgação do desenrolar da trama que paralisou o país. “Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência”, como já dizia o senador Jarbas Passarinho ao assinar o AI-5.
Ao deixar de defender o mais importante alvo naquele momento da Lava Jato, por não concordar com a postura criminosa e parcial da República de Curitiba, resolvi denunciar os abusos e, por muitos anos, corri o Brasil com palestras, debates e entrevistas. Uma luta desigual contra os heróis de um país ávido pela barbárie e cego de justiça. Era como se a mediocridade do Moro e a obtusidade moralista do Deltan ditassem o novo perfil do brasileiro médio.
Prenderam o Lula, quebraram parte da Economia nacional, perseguiram e levaram à prisão dezenas de inocentes, humilharam os investigados, ganharam muito dinheiro, fama e poder e, por fim, elegeram o fascista do Bolsonaro. Lambuzaram-se como adolescentes numa farra sem nenhuma ética. Sem escrúpulos e sem limites, julgavam ser os donos da verdade que eles ditavam para a grande imprensa em nome de interesses que estão, agora, vindo à tona.
Além da estrondosa falta de capacidade intelectual dos chefes dessa Republiqueta e da ausência eloquente de caráter, que parece ter sido um requisito para fazer parte do bando, impressiona a falta de limites que esse poder midiático e econômico concedeu a essa verdadeira quadrilha que assaltou o país. As gravações que estão se tornando do conhecimento de todos são estarrecedoras.
A empáfia e a arrogância imperavam. A mensagem na qual o ex-procurador e ex-deputado Deltan diz no grupo da súcia que vai ligar para a Polícia Federal para determinar que eles não cumprissem uma ordem de um desembargador federal, Dr. Rogério Favreto, que estabelecia a soltura do Lula, preso ilegalmente, é o resumo da canalhice.
As pessoas devem refletir sobre a gravidade criminosa desse gesto. Um procurador da República, chefe da força-tarefa que comandava a Operação Lava Jato, cúmplice do juiz responsável pela investigação, sócio de outros procuradores, afirma, peremptoriamente, que vai mandar a Polícia Federal descumprir uma ordem judicial!
É um exemplo acadêmico do que é obstrução de justiça. Caso clássico de prisão preventiva. E ele pressionou o TRF4, está registrado nas mensagens, para que o tribunal revogasse a determinação. É de cair o queixo. Não se sabe se são cuecas, dinheiro, poder ou o que seja, mas esse atrevimento não era só desse medíocre procurador. Nas mesmas mensagens, os quadrilheiros admitem que, até para cumprir ordens de prisão, aguardavam autorização de autoridades dos Estados Unidos da América.
É tarde, mas ainda é tempo. O Brasil merece que esses desqualificados respondam criminalmente por tudo que fizeram. Como nos ensinou o poeta Miguel Torga:
“Guarde a sua desgraça
O desgraçado.
Viva já sepultado
Noite e dia.
Sofra sem dizer nada.
Uma boa agonia
Deve ser lenta, lúgrebe e calada.”
Como advoguei desde o primeiro ato, pude acompanhar, com olhar atento, que a operação tomava um rumo estranho. Deixei a defesa do Alberto Youssef quando tive a convicção de que existia um plano muito além do que estava nos autos. A politização das ações começava a ficar evidente para quem conseguia ver além das notícias e das matérias que repetiam bordões criados para anestesiar a grande massa, que só vê e lê as chamadas e os jornalistas de aluguel.
A estrutura montada contava com profissionais da mídia que, em troca de furos e manchetes, e algum dinheiro, claro, dispunham de uma teia ilegal e criminosa de vantagens na divulgação do desenrolar da trama que paralisou o país. “Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência”, como já dizia o senador Jarbas Passarinho ao assinar o AI-5.
Ao deixar de defender o mais importante alvo naquele momento da Lava Jato, por não concordar com a postura criminosa e parcial da República de Curitiba, resolvi denunciar os abusos e, por muitos anos, corri o Brasil com palestras, debates e entrevistas. Uma luta desigual contra os heróis de um país ávido pela barbárie e cego de justiça. Era como se a mediocridade do Moro e a obtusidade moralista do Deltan ditassem o novo perfil do brasileiro médio.
Prenderam o Lula, quebraram parte da Economia nacional, perseguiram e levaram à prisão dezenas de inocentes, humilharam os investigados, ganharam muito dinheiro, fama e poder e, por fim, elegeram o fascista do Bolsonaro. Lambuzaram-se como adolescentes numa farra sem nenhuma ética. Sem escrúpulos e sem limites, julgavam ser os donos da verdade que eles ditavam para a grande imprensa em nome de interesses que estão, agora, vindo à tona.
Além da estrondosa falta de capacidade intelectual dos chefes dessa Republiqueta e da ausência eloquente de caráter, que parece ter sido um requisito para fazer parte do bando, impressiona a falta de limites que esse poder midiático e econômico concedeu a essa verdadeira quadrilha que assaltou o país. As gravações que estão se tornando do conhecimento de todos são estarrecedoras.
A empáfia e a arrogância imperavam. A mensagem na qual o ex-procurador e ex-deputado Deltan diz no grupo da súcia que vai ligar para a Polícia Federal para determinar que eles não cumprissem uma ordem de um desembargador federal, Dr. Rogério Favreto, que estabelecia a soltura do Lula, preso ilegalmente, é o resumo da canalhice.
As pessoas devem refletir sobre a gravidade criminosa desse gesto. Um procurador da República, chefe da força-tarefa que comandava a Operação Lava Jato, cúmplice do juiz responsável pela investigação, sócio de outros procuradores, afirma, peremptoriamente, que vai mandar a Polícia Federal descumprir uma ordem judicial!
É um exemplo acadêmico do que é obstrução de justiça. Caso clássico de prisão preventiva. E ele pressionou o TRF4, está registrado nas mensagens, para que o tribunal revogasse a determinação. É de cair o queixo. Não se sabe se são cuecas, dinheiro, poder ou o que seja, mas esse atrevimento não era só desse medíocre procurador. Nas mesmas mensagens, os quadrilheiros admitem que, até para cumprir ordens de prisão, aguardavam autorização de autoridades dos Estados Unidos da América.
É tarde, mas ainda é tempo. O Brasil merece que esses desqualificados respondam criminalmente por tudo que fizeram. Como nos ensinou o poeta Miguel Torga:
“Guarde a sua desgraça
O desgraçado.
Viva já sepultado
Noite e dia.
Sofra sem dizer nada.
Uma boa agonia
Deve ser lenta, lúgrebe e calada.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
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