Gastão Reis, colunista de O DIA divulgação
Publicado 29/10/2022 06:00
Economistas, minha praia, gostam de suposições, e às vezes abusam. A piada é a seguinte. Um engenheiro, um advogado e um economista estavam perdidos num deserto quase morrendo de sede e fome. De repente, encontram uma lata de sardinha.
O engenheiro imaginou um modo de abri-la. O advogado colocou a questão de quem seria o dono. O economista disparou: “Vamos supor que ela já esteja aberta!”. É como dar um chute no traseiro da realidade. Tal disfunção também afeta outros profissionais como aqueles em que o curto prazo fala alto demais, esquecendo a visão de longo prazo que o ocasionou.
A mesma disfunção diante do real também se faz presente em figuras como o ministro Alexandre de Moraes face às últimas decisões que tomou. Trata-se de uma prévia do controle social dos meios de comunicação reiteradamente proposto por Lula.
E que já teve duros efeitos colaterais na rádio Jovem Pan e no Brasil Paralelo. Este último é bancado por seus mais de 350 mil membros-assinantes, o que lhe dá independência financeira na busca pela verdade histórica tão desfigurada pela desinformação reinante. Vamos aos fatos.
O ministro Alexandre de Moraes proibiu que fossem usadas palavras que deponham contra Lula como ladrão, descondenado, corrupto, chefe de quadrilha etc. No entanto, existem vários vídeos do Lula e provas em processos judiciais confirmando o que o ministro resolveu calar. A conhecida ministra Carmen Lúcia, aquela do cala-a-boca-já-morreu, depois de lembrar do Artigo 220 da atual Constituição, que nos garante liberdade de pensamento, de expressão e de imprensa, resolveu votar a favor de medidas cerceadoras dessas liberdades propostas pelo presidente do TSE com base na repressão às notícias falsas (fakenews). Visível parentesco com a “solução’’ dada pelo economista...
Existem medidas legais que poderiam ser tomadas com base no Código Penal como multas pesadas para evitar a propagação de fakenews. Proibir a veiculação de um vídeo do Brasil Paralelo sobre a tentativa de assassinato do presidente Bolsonaro sem sequer se dar ao trabalho de assisti-lo é inaceitável.
E aqui temos a brecha para relembrar do passado recente ao longo dos 13 anos em que o PT esteve no poder. É público e notório que o nós-contra-eles nasceu com o PT, visão decorrente da luta de classes como motor (enguiçado, é claro!) da História, que Lula disse ter aprendido com Marx.
Na verdade, a reação conservadora que se estabeleceu no país foi exatamente isso – uma saudável reação. Até Deus permite oposição, o tinhoso. Stálin e Hitler deram provas de sua encarnação. A tendência da esquerda de igualar conservador a atrasado é talvez a pior das fakenews quando lembramos de países como Inglaterra e EUA, extremamente empreendedores e criativos não obstante o perfil conservador de seus povos. Atrasada, na América Latina, se aplica bem mais à esquerda. (Digite no Google “A Enganação de Gramsci).
O risco grave que o Brasil corre é essa visível tentativa de ressuscitar o cala-boca-já-morreu quando existem alternativas dentro da Lei.
Gastão Reis é economista e escritor (gastaoreis2@gmail.com)
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