Publicado 08/04/2023 05:00
Ainda me recordo bem dos meus tempos de FEA/UFRJ, Faculdade de Economia e Administração da UFRJ, nos idos de 1966-1969, anos turbulentos na luta contra a ditadura militar. Mas também das aulas do íntegro catedrático de Macroeconomia, Otávio Gouvêa de Bulhões. Sim, ainda havia catedráticos. Foi antes da reforma do Ensino Superior que instituiu o sistema de créditos.
Numa de suas aulas, ele nos falou sobre como se dava o processo de investimento. Citou o caso ilustrativo do pescador que suspendeu sua pesca por alguns dias para tecer sua rede. E assim aumentar sua produção diária de pescado. A lição que tirou do exemplo é que, ao deixar de pescar, ele também deixou de vender os
peixes que teria pescado. E, consequentemente, reduziu sua capacidade de consumo decorrente da venda dos peixes de cada dia para poder investir.
peixes que teria pescado. E, consequentemente, reduziu sua capacidade de consumo decorrente da venda dos peixes de cada dia para poder investir.
Portanto, isso significa que para investir mais é preciso destinar um percentual maior do PIB para esta finalidade. Logo, consumir menos, como fez o pescador. Mas o Brasil, ao longo de décadas, vem tentando a prestidigitação de consumir mais, investir menos, e conseguir crescer. Aposta num milagre para ver o país se desenvolver. A visão de Lula e do PT caminha nessa direção que não vem dando certo há quatro décadas. Pelo jeito, se continuarem nessa batida, vão emplacar a quinta década perdida.
Por volta de 2009, em tempos de PT, me lembro do filho de um amigo que chegou ao Brasil após cursar pós-graduação nos EUA. A ideia era trabalhar no setor privado. Deu uma olhada nos concursos públicos da época e notou que podia ganhar de duas a três vezes mais no setor público do que no privado. Não é preciso muita imaginação para saber qual foi a escolha feita.
No mundo, em geral, os salários se equilibram entre os setores público e privado para as mesmas funções. No Brasil, o setor público paga em média o dobro do que é pago no privado para a mesmíssima função. A isso se soma taxas de juros muito acima das do resto do mundo, para o setor privado, o que desestimula o investimento. Baixo investimento entre 16% e 18% do PIB, por anos a fio, quando deveria ser pelo menos 25% é um fator que trava o crescimento da produção e da produtividade em nossa economia nos diversos setores, exceto o agronegócio que tem condições diferenciadas para investir, inclusive taxa de juros baixa, via bancos públicos.
Os efeitos dessa mistura esquizofrênica de políticas, de um lado, favoráveis ao agronegócio, de outro, mortais para a indústria, com cargas tributárias respectivamente de 6% e 31% (esta, 47% até 2021), explicam o fato de o Brasil ter completado mais de meio século sem reduzir a distância percentual que o separa dos EUA em termos de renda per capita. A Coreia do Sul, por exemplo, deu um salto espetacular encostando em praticamente metade dessa mesma renda.
O segredo? Investimento acima de 30% do PIB ao longo de muitos anos e Educação de qualidade para o seu povo. O Brasil não passou nos dois testes. E o resultado é a nossa angustiante marcha lenta decorrente da produtividade semiestagnada. Não tem mistério.
Gastão Reis é economista e escritor
Nota: Digite Google “Dois Minutos com Gastão Reis: Economia esquizofrênica”. Link: https://www.youtube.com/watch?v=_jqMlxDReBA
Contato: gastaoreis2@gmail.com
Autor: Gastão Reis Rodrigues Pereira
Empresário e economista. E-mails: gastaoreis@smart30.com.br// ou gastaoreis2@gmail.com
Contatos: (24) 9-8872-8269 ou (24) 2222-8269
Nota: Digite Google “Dois Minutos com Gastão Reis: Economia esquizofrênica”. Link: https://www.youtube.com/watch?v=_jqMlxDReBA
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