Gastão ReisGastão Reis
Publicado 03/06/2023 06:00
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Não, não estamos zerados em matéria de não ter tido um único brasileiro agraciado com um prêmio Nobel. Ele existe e se chama Peter Brian Medawar. Nasceu em Petrópolis, em 28 de fevereiro de 1915, onde estudou nos ótimos colégios que a cidade dispunha (e dispõe) até os 15 anos de idade. Tinha ainda a nacionalidade inglesa. Ao nascer, foi registrado no consulado inglês. A mãe era inglesa e o pai era um empresário libanês radicado no Brasil.
Pediu dispensa do serviço militar no Brasil porque queria continuar seus estudos na Inglaterra. O presidente Dutra indeferiu seu pedido. Como também tinha nacionalidade inglesa, partiu para o exterior para continuar seus estudos superiores.
Uma versão não confirmada nos informa que ele teria perdido sua nacionalidade brasileira. Sua filha, em visita ao Brasil, após sua morte, declarou que ele sempre usava seus dois passaportes, o brasileiro e o inglês, em suas viagens e que jamais renunciou formalmente à nacionalidade brasileira.
No Marlborough College, ele foi alvo de sentimentos racistas pelos colegas por ser filho de libanês, situação que jamais vivenciou no Brasil. Chegou a comparar os costumes da instituição às escolas de treinamento para as SS nazistas. Anos depois, ele e Frank Burnet foram agraciados com o Nobel de Medicina de 1960 por suas pesquisas que estabeleceram as bases da tolerância imunológica, com a criação do soro antilinfocitário. Foi um passo fundamental no combate aos efeitos de rejeição em transplantes de órgãos.
Resolvi, então, verificar a situação no contexto latino-americano, e descobri o seguinte, com o número de ganhadores do Nobel entre parênteses: Argentina (5), Chile (2, um deles, Gabriela Mistral, viveu muitos anos em Petrópolis), Colômbia (2) e México (3). E foi aí que decidi dar um passeio pela História para verificar se tivemos alguns nomes merecedores dessa honraria, até antes de sua criação.
Foi justamente no nosso século XIX e início do XX que me deparei com quatro nomes, que provavelmente teriam sido merecedores dessa honraria: Machado de Assis, Santos Dumont, Barão do Rio Branco e a Princesa Isabel. Este exercício de história alternativa me pareceu sensato face ao que realizaram e à sua época, ainda prenhe da influência cultural benéfica do Império.
Machado de Assis é hoje considerado um dos grandes escritores da humanidade na avaliação da crítica internacional. Santos Dumont poderia ter dividido o prêmio com os norte-americanos irmãos Wright ou até sozinho, pois seu voo teve dirigibilidade. O Barão do Rio Branco mereceria um Nobel da Paz por ter resolvido os problemas de fronteiras com nossos vizinhos sem disparar um tiro, aumentando o território nacional em cerca de um milhão de km2. A Princesa Isabel, pela abolição e outras leis importantes assinadas por ela.
Não é estranho, caro(a) leitor(a), que países vizinhos com população bem menor que a nossa tenham se saído tão bem e nós tão mal? Não é fácil dar uma resposta cabal ao nosso desempenho medíocre. Mas, certamente, a falta de prioridade dada à Educação de qualidade no Brasil republicano pesou. E muito!
Gastão Reis é economista e palestrante

Nota: Google “Dois Minutos com Gastão Reis: A reação do Brasil profundo”. Ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=Bytk5mwEm90

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Autor: Gastão Reis Rodrigues Pereira. E-mails: gastaoreis@smart30.com.br// ou gastaoreis2@gmail.com
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