Gastão ReisDivulgação
Publicado 01/06/2024 00:00
Vez por outra, vem à tona a história de que D. Pedro II era republicano. Se adotarmos a forma latina “res publicano”, no sentido de se manter fiel na defesa da coisa pública e do bem comum, tal afirmação faria sentido. Na verdade, trabalhos históricos de fôlego, bem documentados, nos contam que D. Pedro II preparou sua filha, a Princesa Isabel, com esmero e persistência, para o Terceiro Reinado, aquele que provavelmente teria levado o Brasil a ser um país desenvolvido.
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Antes, porém, um esclarecimento. Uma monarquia parlamentar pode ser até mais res publicana do que uma dita república. Era o nosso caso até 1889. O grau de desigualdade observado na sociedade brasileira mostra bem a que veio a república. E foi bem captado pelo artigo do Prof. Edmar Bacha, intitulado “Belíndia”. É uma mistura de Bélgica, país rico, cercado pela pobreza ainda extrema da Índia. Muita gente lá nasce, vive e morre nas ruas.
O livro “Alegrias e Tristezas – Estudos sobre a autobiografia de D. Isabel do Brasil”, de Bruno Cerqueira e Fátima Argon, da Editora Linotipo Digital (2019), nos apresenta vários trabalhos acadêmicos que nos permitem dar uma resposta cabal, comprovando que D. Pedro II mantinha a tradição monárquica liberal e constitucional da Carta de1824, outorgada por seu pai. D. Pedro I se preocupou em enviá-la às Câmaras Municipais de então para ser aprovada.
Caso realmente fosse republicano, D. Pedro II teria ficado de braços cruzados, aguardando a chegada da república. Na verdade, fez o oposto. Ele contratou, como preceptora da Princesa Isabel, a Condessa de Barral, que nunca foi sua amante segundo fontes seguras de uma pesquisadora brasileira e de um brasilianista. Barral lhe estabeleceu um regime de estudos muito duro de estudos. Isabel teve como professores particulares as melhores mentes da época. Além de línguas, estudou inclusive Direito Constitucional, dentre muitos outros campos do conhecimento. Era aluna inteligente e aplicada, testemunho de quem conviveu com ela.
Teve ainda aquilo que não pode faltar na formação de um Chefe de Estado capaz de dar conta do recado: o lado prático. Em suas três viagens ao exterior, em 1871, 1876 e 1887, Dom Pedro II nomeou Isabel Regente do Império. O desempenho dela nesses anos deixou marcas profundas e belas em nossa História, aquela que foi escrita com H maiúsculo.
Ela assinou a Lei do Ventre Livre, em 28/09/1871, em que filhos de escravos passaram a nascer livres. Esta lei criou ainda um Fundo de Alforria, cujos recursos eram destinados à dar liberdade a cativos. Esteve sob sua batuta o primeiro Censo do país de 1872, tecnicamente bem feito, como reconhecem os técnicos do atual IBGE. Finalmente, em 1888, assinou a Lei Áurea, que libertou os 20% de origem africana ainda escravos.
O historiador Marco Costa, cuja obra é resumida no livro “Alegrias e Tristezas” citada no terceiro parágrafo, deixa claro o preparo teórico e prático de Isabel para o Terceiro Reinado. Não tem sentido, pois, se dizer que D. Pedro II era republicano. Ele deu extrema atenção à educação, teórica e prática, de sua sucessora. E a cercou de gente honrada comprometida com o futuro do Brasil. Nada parecido com o que vemos hoje.
Nota:Digite no Google minha entrevista“O legado da herança luso-afro-indígena até
1889”. Link: https://www.youtube.com/watch?v=uuLxB3Mysns&t=148s

*Gastão Reis é economista e palestrante
Autor: Gastão Reis Rodrigues Pereira
Empresário e economista . E-mails: gastaoreis@smart30.com.br// ou gastaoreis2@gmail.com
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