Publicado 22/07/2023 00:00
Na época que Boca do Mato, no subúrbio carioca, era bairro e tinha até linhas de ônibus e de bonde, e onde o genial Stanislaw Ponte Preta eternizou os seus personagens tia Zulmira e primo Altamirando, a vida por essas bandas era quase inocente, povoada de gente humilde, onde a alegria custava quase nada e um aperto de mão valia mais que documento lavrado em cartório por oficial juramentado e testemunhas idôneas e ilibadas. Acima dali, ficava a praça Amambaí, já no Engenho de Dentro.
Seguindo, ficava a Chave de Ouro, famosa pelo bloco da quarta-feira de cinzas, para onde corriam os foliões inconformados com o fim da folia, que, naquele tempo, é bom lembrar, terminava na terça-feira gorda. O batente recomeçava ao meio-dia da quarta-feira.
A um pulo dali, as estações Engenho de Dentro, Encantado e Piedade, para tudo terminar em Água Santa. Local de chácaras, pomares e casas simples com varandas, por onde as charretes traziam o leite fresquinho, tirado na hora e pouco batizado, que era oferecido de porta em porta. Ali a vida corria mansa e a rotina só era quebrada pelas figuras folclóricas que procuravam pelo padre Nelson Luiz Didier, o conciliador, que resolvia desde briga de casal a aborrecimento com vizinho. Ah, é bom lembrar, de tão respeitado, padre Nelson virou o nome informal da praça Amambaí.
Entre essas figuras, um personagem eternizou não só na memória, mas também nas paredes e nos álbuns de lembranças das famílias dali e de acolá. Falo do retratista que eu esqueci o nome de registro, mas que é
conhecido até hoje pelo epípeto de Cinco Cinco Cinco Cinco, o milhar do gato que ele apostou durante toda a vida no jogo dos bichos. Com o tempo, e para os íntimos, o apelido perdeu a centena e o milhar e
ficou apenas 55. Esse era o retratista que imortalizava nascimentos, batizados, casamentos, e sepultamentos. Quem nunca teve as famosas cinco carinhas com careta, choro, riso, manha e olhar de paisagem dos filhos reunidas numa só moldura? E tudo isso ele fazia com sua kodak amarela.
A um pulo dali, as estações Engenho de Dentro, Encantado e Piedade, para tudo terminar em Água Santa. Local de chácaras, pomares e casas simples com varandas, por onde as charretes traziam o leite fresquinho, tirado na hora e pouco batizado, que era oferecido de porta em porta. Ali a vida corria mansa e a rotina só era quebrada pelas figuras folclóricas que procuravam pelo padre Nelson Luiz Didier, o conciliador, que resolvia desde briga de casal a aborrecimento com vizinho. Ah, é bom lembrar, de tão respeitado, padre Nelson virou o nome informal da praça Amambaí.
Entre essas figuras, um personagem eternizou não só na memória, mas também nas paredes e nos álbuns de lembranças das famílias dali e de acolá. Falo do retratista que eu esqueci o nome de registro, mas que é
conhecido até hoje pelo epípeto de Cinco Cinco Cinco Cinco, o milhar do gato que ele apostou durante toda a vida no jogo dos bichos. Com o tempo, e para os íntimos, o apelido perdeu a centena e o milhar e
ficou apenas 55. Esse era o retratista que imortalizava nascimentos, batizados, casamentos, e sepultamentos. Quem nunca teve as famosas cinco carinhas com careta, choro, riso, manha e olhar de paisagem dos filhos reunidas numa só moldura? E tudo isso ele fazia com sua kodak amarela.
Soube ontem pelo Ibiapina que o 55 morreu. Reunimos os amigos para uma última fezinha em homenagem ao retratista que tanto perpetuou os momentos tristes e alegres dessa nossa gente. Em consideração ao falecido, não vou revelar o resultado.
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