Publicado 22/06/2024 00:00
Eu recolhia as folhas caídas aqui no quintal na manhã de terça-feira, após mais uma noite de ventania, quando ouvi pelo rádio uma notícia que me estremeceu. O apresentador informou que em Frutal, no Triângulo Mineiro, a mais de 800 quilômetros daqui de Água Santa, quatro abalos sísmicos, um deles com magnitude 4.1 fizeram aquela cidade mineira tremer. Pois é, amigos, foi-se o tempo em que acreditávamos que o Brasil era uma terra tão boa que aqui nem terremoto tinha. Tem sim. Tem, aliás, todo dia, mas são pequenos, porque, afinal, estamos sentados bem no meio da placa sul americana, e por isso não sentimos os efeitos mais graves de suas movimentações.
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Segundo o site do Centro de Sismologia da USP, só neste ano ocorreram 86 terremotos.
Claro que o assunto não poderia faltar no encontro dos veteranos que marcou a chegada do inverno aqui no Principado. Embora houvesse sol e tempo seco, mantivemos o cardápio para o frio, com direito a caldos e bebida quente.
O fato é que terremoto aqui não faz frente para o nosso maior fenômeno. Aqui, o mais preocupante continua sendo a ação do homem — argumentou Nelson. E nem sempre é causado por poluição, desmatamento, assoreamento ou acúmulo de lixo. Às vezes, basta mesmo uma canetada.
O amigo falava do caso da cidade fantasma de São João Marcos, aqui no Rio de Janeiro. Ela foi a cidade mais próspera do Brasil e uma das maiores exportadoras do café brasileiro. Nos idos de 1850, tinha 18 mil habitantes, desses, seis mil escravos. E era mesmo desenvolvida, tinha teatro municipal que recebia atrações da Europa, duas igrejas, tinha porto próprio para exportar os seus produtos.
Um lugar tão porreta que foi tombado em 1938 pelo presidente Getúlio Vargas. Mas, no ano seguinte, o mandatário mudou de ideia e destombou a região, para dar lugar à represa de Ribeirão das Lages para a produção de energia elétrica e abastecimento da cidade do Rio de Janeiro. O local foi despovoado e demolido. Mas, a água não cobriu tudo; a cidade que virou fantasma, e o que restou dali, foi novamente tombado em 1990, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro.
Como acontece nessas reuniões anuais de estação, o assunto mudou para a saudade dos amigos que não estão mais entre nós. Na vitrola tocava 'Naquela mesa está faltando ele...' do também saudoso Sérgio Bittencourt, quando Ibiapina, juntou os assuntos e fez a proposta:
— E se fizéssemos uma excursão até a cidade fantasma? Pronto, foi o sinal para a confecção da lista de compras para garantir a alimentação do pessoal. Bem, resolvi comprar lençol para uma fantasia de fantasma, para ficar no clima daquela cidade.
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