Publicado 31/01/2022 07:00
Secretário de Ordem Pública do Rio, o delegado Brenno Carnevale fala da responsabilidade de comandar uma das pastas mais importantes da cidade e de ações que ganham cada vez mais notoriedade na rotina dos cariocas, como a destruição de construções irregulares. Em entrevista ao jornal O DIA, Carnevale faz um balanço do primeiro ano no comando da Secretaria, fala sobre planos para este ano e explica como vê o papel da Guarda Municipal: “caminhamos com a inteligência das polícias e do Ministério Público (...) se formos ao local e demolimos, sem que o autor seja responsabilizado criminalmente, o trabalho é incompleto”.
O DIA: Qual o balanço do primeiro ano à frente da Secretaria de Ordem Pública?
CARNEVALE: Vejo um balanço positivo. No primeiro quadrimestre, nosso foco foi nas medidas de proteção à vida. Também lançamos o Ronda Maria da Penha na Guarda, com o TJ, com dados expressivos de acolhimento de vítimas de violência, e estruturamos o Conjunto de Estratégias de Prevenção, o CEP. Além disso, criamos o Ambulante em Harmonia, que se pauta pela organização do espaço público: fazemos um mapeamento das ruas para que os trabalhadores deixem de ser explorados pelos "donos do chão".
Qual será o foco da pasta em 2022?
Estamos fazendo vistorias e estudos para expandir o Ambulante em Harmonia e o Conjunto de Estratégias de Prevenção – assim como a ronda Maria da Penha. Para o Harmonia, pensamos em ampliar para a 28 de Setembro, em Vila Isabel, e estamos terminando o levantamento no Catete.
Muitos municípios tratam as GMs como força policial local. Como o senhor vê a GM carioca?
A prefeitura não substitui as polícias. Nossas ações de fiscalização a lava-jatos e ferros velhos clandestinos ajudam no combate à criminalidade. Vejo a GM como uma instituição fundamental, para prevenção, mediação de conflito, prevenção do crime e acolhimento do cidadão. Somos uma guarda multitarefa: na operação verão, fazemos abordagens e parcerias; atuamos, ainda, na prevenção de depredação de ônibus e recuperação de crianças perdidas, por exemplo.
Em dezembro, o senhor anunciou a intenção de criar um centro de controle e fiscalização para construções irregulares. Quando pretende implementar? Como vai funcionar?
O centro de controle terá como premissa a identificação de áreas irregulares e o monitoramento para ações de enfrentamento mais efetivas. Estamos levantando custos para o uso de tecnologias, mas o centro é um modelo de governança desses dados para uma ação preventiva, evitando a conclusão e a a ocupação dos prédios. Terá o diálogo institucional, com polícias e o MP – assim, juntamos as demolições, que são administrativas, e as investigações. A expectativa é lançar no primeiro semestre.
Quais são os resultados das operações contra construções irregulares?
Quais são os resultados das operações contra construções irregulares?
Fizemos cerca de 440 demolições em 2021, além de constatar 300 ligações clandestinas de luz e 519 de água. Neste ano já foram 75 demolições, com 219 ligações de luz, 58 de água e mais de 500m de fios apreendidos e 95 toneladas de entulho recolhidos pela Comlurb. Falamos de Muzema, Cordovil, Leopoldo Bulhões, Recreio, e temos Campo Grande engatilhado. Nosso trabalho é uma cooperação com a Segurança, cortando fontes de renda da milícia e do tráfico.
Como se dividem as responsabilidades no combate às edificações das milícias?
A prefeitura faz o trabalho de inteligência para monitorar, identificar e demolir construções, mas precisamos de integração com as polícias e do MP. Se simplesmente formos ao local e demolirmos, sem que o responsável pela obra seja investigado e responsabilizado criminalmente, o trabalho é incompleto.
Qual é a sua visão de ordenamento público no contexto da pandemia, em que muitos cidadãos acabaram sendo jogados para a informalidade?
Temos que ter um olhar macro para ordenar a cidade, considerando o contexto econômico e social, de muito desemprego, e saber que a ordem pública não pode estar desconectada disso. Mas também não podemos usar a pandemia como desculpa para manter a desordem.
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