A secretária estadual de Cultura, Danielle BarrosCarlos Magno / Governo do Rio de Janeiro
Publicado 27/12/2022 09:00
Neste fim de ano, O DIA publica uma série de entrevistas com secretários que participaram do primeiro mandato de Cláudio Castro (PL) e seguirão no governo. A primeira a conversar com a coluna é a responsável pela área de Cultura, Danielle Barros, que comanda a pasta desde dezembro de 2019. A meta de sua gestão é deixar uma marca física da secretaria em cada um dos 92 municípios fluminenses. A descentralização também se fez presente nos desenhos dos editais, de forma a destinar mais recursos ao interior, como determina o Sistema de Cultura: "hoje, temos projetos com proponentes só no interior. É uma questão de virada de chave", diz ela.
O DIA: Como foi o desafio de manter a cultura viva durante a pandemia, quando os artistas não podiam estar com o público?
Danielle: Desafio é a palavra que define melhor o momento. Se os profissionais da Saúde estavam na linha de frente combatendo a Covid-19, a política de fomento estava cuidando do espírito. Por um lado, os artistas puderam produzir em segurança, e, por outro, os consumidores tiveram acesso a conteúdos de qualidade. Começamos usando os recursos do Fundo da Cultura, que nunca tinha sido utilizado. Depois, complementamos com verbas federais da Lei Aldir Blanc. Trabalhamos até o dia 31 de dezembro de 2020 para garantir o recebimento do fomento, e alcançamos a segunda melhor operacionalização da lei no país. Ao todo, foram seis editais.
Como fazer mais do que ser um mero operacionalizador das leis de incentivo?
Precisamos participar daquilo que financiamos. Para isso, dialogamos pessoalmente com os produtores, e realizamos visitas técnicas por todo o interior para garantir que os projetos saiam do papel. Além disso, na Escola de Cultura, oferecemos uma capacitação que vai desde a organização de portfólio e elaboração de projetos, até a execução propriamente e a prestação de contas. Temos parcerias com universidades e com o Sebrae e, com isso, já chegamos a 49 municípios. Atualmente, das 92 cidades, só uma não tem pelo menos um ganhador de edital.
A lei do Sistema de Cultura prevê que os recursos sejam distribuídos 60% para o interior e 40% para a capital. Como está essa implementação?
Os editais do Fundo de Cultura cumprem as determinações de forma integral, pois, desde a elaboração, já preveem cotas de território. Inclusive no nível municipal para evitar, por exemplo, que Niterói concentre recursos em detrimento de São Gonçalo. Fazemos o mesmo estímulo com os produtores da Lei do ICMS: para poder captar valores mais altos, é preciso contemplar outras cidades que não a capital. Hoje, temos projetos com proponentes só no interior. É uma questão de virada de chave.
E como são os desafios de fazer cultura no interior?
As cidades estão sendo treinadas para isso. Temos um setor que faz relacionamento com os 92 municípios, para eles poderem se estruturar para receber os projetos. Quando a praça não serve, a prefeitura fecha a rua, ou leva a uma escola. As pessoas precisam ter acesso à arte e à cultura nas próprias cidades, sem precisar vir para a capital.
Como a senhora vê o papel da Cultura para o cidadão?
O fluminense é vocacionado para a Cultura: uma pesquisa da Firjan mostrou inclusive que temos o maior PIB criativo. Nesse sentido, o Passaporte Cultural tem uma grande importância, pois dá acesso gratuito a atividades que estariam fora do alcance de muitos cidadãos. Ao longo de dois anos, atendemos quase 80 mil pessoas. No sábado, por exemplo, levamos mais de 500 pessoas ao Cirque du Soleil. Para mim, o programa materializa os princípios do governo Cláudio Castro, ao promover um forte intercâmbio da capital com o interior. E o governador diz que um estado forte é aquele com um interior forte.
Quais são os planos para o próximo mandato?
Vamos começar o ano transformando a Biblioteca Parque num grande hub de inovação cultural, para permitir a construção de novos negócios criativos. Há espaço de coworking para reuniões, estúdios de áudio e de vídeo, além de teatro e uma sala de dança. Além disso, vamos inaugurar 11 cinemas no estado, pelo menos 8 deles já em 2023. Além do papel de exibir os conteúdos fomentados pelo estado, as salas também vão cumprir o papel de formação. Nosso desejo é que todas as cidades tenham uma marca física da secretaria, seja pelas salas de cinema, pelos palcos, ou pelas 46 feiras de economia criativa que estamos inaugurando.
 
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