Claudia Secin, presidente da Mobi-Rio, atual administradora do BRT.Divulgação
Publicado 20/03/2023 09:00
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Arquiteta e analista de sistemas, Claudia Secin ingressou na CET-Rio em 1992, instituição que chegou a presidir em 2009, na antiga gestão de Eduardo Paes. No atual mandato, foi convidada para comandar a Mobi-Rio, empresa criada para gerir a intervenção no sistema BRT. O modal foi inaugurado em 2012 com festa, mas passou por um processo de decadência que incluiu vandalismo, calote, redução da frota e fechamento de estações. Em entrevista a O DIA, Secin fala sobre as mudanças já realizadas e o futuro planejado pelo Executivo. "A prefeitura começou a retomada, mas o plano é que o transporte volte a ser operado por meio de um novo edital de concessão".
O DIA: Por que foi necessária uma intervenção no sistema BRT? Quais as perspectivas futuras?
Claudia: A intervenção foi uma medida que acontece quando a concessionária não presta um serviço público satisfatório — nesse caso, o próprio poder concedente pode assumir o comando, e, para isso, criamos a Mobi-Rio. A ideia era assumirmos por seis meses, mas como ficou comprovado que não havia condição de devolver a administração aos concessionários, a intervenção foi prorrogada por mais seis meses. Mas existe um porém: a empresa pública tem que licitar tudo, o que não permite a mesma agilidade de um sistema privado. Ou seja: a prefeitura fez a retomada, mas o plano é o transporte voltar a ser operado por meio de um novo edital de concessão, que deve ser aberto em breve.
Como evitar que os velhos problemas voltem a aparecer?
Houve uma má gerência por parte das antigas operadoras, e a situação piorou na pandemia. Agora, o plano é conter esses problemas por meio de mecanismos de fiscalização, principalmente pela tecnologia — como temos feito com investimentos em mecanismos que detectam atos de vandalismo. Pensamos em um contrato que preveja a análise do nível de serviço e dos indicadores de desempenho com controle tecnológico. Também estamos nos renovando para recuperar o número de passageiros, que já aumentou cerca de 30% em relação ao ano passado. Eles estão voltando graças à nova frota, ao atendimento das demandas de intervalos entre os ônibus, além das reformas das estações. Até o fim de maio, todas estarão no novo padrão, e com novos mecanismos antivandalismo.
Qual é o tamanho do problema do vandalismo no sistema?
O principal problema na nova frota é a pichação nos bancos e paredes, além dos furtos de martelinhos de emergência e tentativas de furto de componentes internos. Para evitar essas situações, temos um setor de monitoramento que fiscaliza todas as estações por câmeras. Quando percebemos algo, acionamos o BRT Seguro, responsável pelo patrulhamento nas estações com guardas municipais e policiais militares. Também contamos com a ajuda dos próprios motoristas: eles acionam o centro de controle operacional, que entra em contato com a polícia para conter o crime.
Como está atualmente a questão do calote?
O calote ainda existe, mas diminuiu muito. A margem é de cerca de 10% de evasão, e já foi 35%. Acabamos com as portas de vidro, então as pessoas não conseguem entrar nas estações de forma irregular. Além disso, os funcionários da Mobi-Rio têm poder de multa, então conseguem fiscalizar melhor. Também estendemos o efetivo de operadores para contribuir na organização das filas, o que tem ajudado no combate ao calote.
Qual foi o critério para os ônibus novos chegarem primeiro à Transolímpica, Transcarioca e, por fim, Transoeste?
A Transolímpica tinha uma necessidade menor que a Transcarioca, então foi mais fácil suprirmos essa demanda primeiro. Já a Transoeste ficou em último na fila por conta da manutenção no trecho entre o terminal Alvorada e Santa Cruz. Não podemos colocar os novos veículos num pavimento ruim — eles chegarão quando as obras estiverem concluídas, até o fim do ano. Vale mencionar que, apesar de ter ficado por último, a Transoeste tem uma vantagem: metade da frota será composta por veículos de normas ambientalmente superiores. A norma P-8 tem redução na emissão de poluentes locais de cerca de 66% de óxidos de nitrogênio e ao menos 55% de material particulado em comparação à norma P-7.
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