Publicado 18/12/2023 05:00
O deputado federal Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT, é um dos parlamentares mais atuantes em articulações para fortalecer a base do governo Lula e em frentes parlamentares em defesa da economia popular e dos interesses do Rio de Janeiro. Em 2024, ele vê como prioridade derrotar a ultradireita e o bolsonarismo. Para o próximo ano, tentará se eleger pela terceira vez como prefeito de Maricá com projetos que ganharam fama internacional, como o Tarifa Zero nos transportes públicos e a moeda social Mumbuca.
O DIA: Qual o significado da eleição de 2024? O que estará em jogo no Rio de Janeiro? Derrotar a direita e o bolsonarismo é prioridade?
WASHINGTON QUAQUÁ: A prioridade aqui é a união para isolar o autoritarismo de ultradireita. Eu já tinha dito isso na eleição passada, e dessa vez é a mesma coisa. A liderança mais importante do Rio de Janeiro no campo democrático é Eduardo Paes. Em torno dele na capital e do projeto de 2026, temos que unificar ao máximo a esquerda com o centro, isolando a ultradireita. É o caminho para o crescimento com menos desigualdade, mais empregos e qualidade de vida. O Eduardo é um aliado de primeira hora do Lula. O Cláudio Castro, que estava tendo uma postura razoável, tem tido uma postura muito dura nas últimas semanas. Se o governador for para o lado do bolsonarismo mesmo, como está mostrando, temos que unificar todo mundo contra. Tentar combater o autoritarismo só com a esquerda é um erro, como já aconteceu. É hora de unificar o campo democrático, popular e anti-autoritário contra o bolsonarismo, que é o neoliberalismo autoritário, um tipo de fujimorismo, um projeto antinacional. Não tenho dúvida de que devemos estar todos com Eduardo Paes na cidade.
O seu grupo político está no poder em Maricá há bastante tempo. Quais deverão ser as prioridades da nova gestão que assumir a cidade a partir da eleição?
A grande vantagem de Maricá é que a gente não se acomoda. A cada ano, temos novas transformações positivas. Maricá se tornou um laboratório de mudanças positivas na vida do povo. Eu quero criar uma grande rede social ligada à ideia da economia das pessoas e das famílias, agregar as pessoas a partir dos algoritmos. Para o cara que é carpinteiro, vamos montar cooperativas de carpinteiros. Para a mulher que faz bolo, rede de confeitaria. Vamos transformar a economia em todas as dimensões da comunidade. A economia submeteu as pessoas à empresa, ao capitalismo, e nós vamos fazer com que a pessoa faça parte do mercado. É a ideia de uma sociedade que produz, vive feliz, tranquila, com educação, saúde, transporte gratuito. Maricá é um grande case de uma sociedade que muda a vida das pessoas. Vamos ampliar, trazer mais a indústria do turismo, o entretenimento, a ciência e tecnologia.
O senhor integra a Comissão de Turismo e a de Relações Exteriores e Defesa Nacional e trabalha pelo fortalecimento do Galeão como hub de turismo internacional. Quais os passos possíveis de serem dados ainda este ano para o Rio solucionar os impasses neste setor?
O governador e o prefeito do Rio deveriam entrar mais firmes para transformar o Galeão no hub do Brasil. O governo português decidiu vender a TAP, e eu defendo que o governo do estado e a prefeitura deveriam entrar nisso junto com o governo federal para adquirirmos com os portugueses o controle da TAP, com um hub em Lisboa e um hub no Galeão. Seria a grande companhia de operações na América do Sul, África, América do Norte, Europa, Oriente Médio, Ásia. Com capital do Brasil, seria a grande companhia para trazer o mundo para o Brasil. Infelizmente, tem pouca visão estratégica nos governos para realizarem isso. Eu realizaria.
O senhor também preside a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Economia Criativa do Carnaval e das Escolas de Samba. Atualmente a gestão do Carnaval depende bastante dos recursos transferidos pelos governos. Como fazer para que o financiamento permanente do desfile das escolas de samba do Rio e o Carnaval no país seja conduzido de outra maneira?
O Carnaval traz bilhões para o Rio e o Brasil. Há um ganho de imagem até difícil de ser mensurado. Mas as escolas de samba vivem mendigando recursos dos governos. Os três níveis de governo tratam mal o Carnaval. Deveria haver leis para financiar o Carnaval de forma permanente. As escolas de samba poderiam ser mais utilizadas para formação cultural, profissional, para a economia das comunidades, combatendo a violência, o tráfico, com novas atividades econômicas. Além disso, elas representam um imenso ganho do ponto de vista do marketing. Eu propus uma lei que destina 0,5% das bebidas alcoólicas nacionais e 1% das estrangeiras para o financiamento do Carnaval. Temos de ter um marco legal para financiar o Carnaval. É um erro tratá-lo com o amadorismo que temos hoje.
O que impede a constituição do modelo tarifa zero no transporte público, gratuito e de qualidade em todos os municípios do estado do Rio?
É o domínio das empresas de ônibus sobre o território. Elas dominam as cidades, financiam campanhas eleitorais, e no geral os prefeitos são mais 'amigos dos caras", como já ouvi de um prefeito aqui do Estado do Rio, do que amigos do povo. Maricá foi pioneira, e fico feliz ao ver que o sucesso do nosso Tarifa Zero tem inspirado outras cidades do país a estudarem esse assunto. Quem estudar de verdade, sem preconceito e sem compromisso com empresas de ônibus, vai entender que garantir a mobilidade aumenta as vendas no comércio, a empregabilidade. Tudo melhora. Acredito que, mais dia menos dia, os bons gestores vão chegar a essa conclusão. E teremos muito orgulho em saber que a coragem dos gestores de Maricá ajudaram nessa transformação.
Deputado, na sua avaliação, o PT tem prioridade para indicar um nome a vice na chapa encabeçada por Eduardo Paes no Rio? Quem o senhor indica?
Nós ajudaremos a construir a reeleição e queremos colocar nossa marca no governo, como a moeda social e o empreendedorismo popular, avançar na discussão da tarifa zero no transporte público etc. Logicamente, a indicação a vice é importante, mas somos sobretudo parceiros na reeleição, no compromisso do projeto nacional liderado pelo presidente Lula e na tarefa essencial de ampliação das alianças para isolar Bolsonaro e o bolsonarismo no Rio. Nossos adversários são Bolsonaro e seus aliados. Nosso principal aliado é Eduardo Paes, e devemos todos criar juntos um polo antibolsonaro em torno do Eduardo.
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