Charles BarizonDivulgação
Publicado 26/02/2024 05:00
Em ano eleitoral, é comum candidatos novatos e políticos experientes saírem em busca de informações estratégicas que os levem à vitória no pleito. Para atender este nicho, o publicitário Charles Barizon, especialista em gestão estratégica da comunicação com o mercado, marketing político eleitoral e marketing de varejo, preparou um livro que mostra desde a organização básica de uma campanha até o comportamento em relação às fake news. Barizon participou de várias campanhas eleitorais e ocupou cargos públicos, dentre eles secretário de Governo, Cultura e Desenvolvimento Econômico no município de Piraí.
SIDNEY: Quais são os princípios do marketing eleitoral que todo candidato precisa saber?
CHARLES BARIZON: O Marketing Eleitoral é um conjunto de estratégias e técnicas utilizadas pelos candidatos políticos para conquistar eleitores e ganhar as eleições. Isso vai desde o conhecimento do ambiente político ao qual ele vive até a aplicação dos recursos que ele utilizará na campanha. O mais importante princípio do marketing eleitoral é conhecer profundamente o eleitorado. Isso envolve a análise demográfica, socioeconômica e comportamental dos eleitores. Além, é claro, de uma análise das necessidades, desejos e valores.
Pode nos citar estratégias de comunicação eleitoral mais elementares que você conhece?
Eu costumo dividir essas estratégias em duas condições, uma para quem está no mandato e a outra para quem está pleiteando um mandato. Quem já está no mandato é necessário atualizar a sua "marca", atualizar o seu trabalho e mostrar para o eleitor os seus feitos. Em alguns casos, é preciso fazer um trabalho de rebranding mesmo, na veia, como as grandes marcas fazem. Principalmente para os políticos que têm problemas de imagem ou de desgaste. Para quem está pleiteando, eu sempre digo que é necessário fortalecer a sua "autoridade", tem que ter uma história para contar. Não adianta ser simpático, "gente boa" e gostar de gente, é preciso que o candidato mostre a sua competência através das propostas e do seu discurso. E discurso não é narrativa.
O candidato precisa contratar alguém para utilizar as mídias online e offline na pré-campanha e na campanha?
É fundamental que o candidato tenha, desde já, alguém ou uma empresa que faça esse trabalho para ele. Tanto na parte online quanto na parte offline. Esse profissional pode ser determinante no resultado da eleição. Eu costumo dizer o seguinte: Quando você precisa de uma consulta médica, você não vai chamar um engenheiro para ver o seu problema, então na questão da comunicação é a mesma coisa. Comunicação é coisa séria e saber se comunicar é mais sério ainda. Nos dias de hoje, quem entende isso sai na frente dos demais e quem "improvisa" acaba tendo muita dor de cabeça no decorrer do processo eleitoral, inclusive com ações na Justiça. O sarrafo está alto e a possibilidade de erro é gigante. Não tem espaço para "amadorismo".
O que significa monitoramento e interação com a audiência (eleitores)?
Na verdade, é a utilização de ferramentas que monitoram o que o seu público está comentando e fazendo nas redes. Esse monitoramento é capaz de gerar uma estratégia e, consequentemente, um resultado melhor. Um bom exemplo desse tipo de situação é o comportamento do prefeito de Recife, João Campos, nas redes. Baseado na sua aprovação e no seu trabalho, a sua equipe de comunicação, que por sinal é muito competente, vem desenvolvendo ações para aproximar ainda mais o prefeito dos seus eleitores. Não é à toa que ele platinou os cabelos. Por trás disso, tem muita estratégia, monitoramento e planejamento.
Vivemos o início da utilização da Inteligência Artificial e a disseminação de notícias falsas. Como combater os excessos?
Essa eleição vai ser bem diferente das anteriores nesse aspecto. Será preciso que as autoridades e, principalmente, os candidatos façam um trabalho de educação, literalmente falando junto aos eleitores. Será necessário distinguir o que é real do que é falso e, por isso, a comunicação dos candidatos tem que ser profissional. Os canais oficiais dos candidatos devem estar trabalhando de forma equânime para que o eleitor saiba onde buscar as informações corretas.
As campanhas no interior do estado seguem os mesmos mandamentos das práticas utilizadas na capital?
Definitivamente não. No interior, principalmente nas cidades que têm menos de 25 mil eleitores, o olho no olho e a sola do sapato ainda são fundamentais para levar a mensagem do político para o eleitor. É claro que as redes sociais abrem um leque de possibilidades, sobretudo em relação aos jovens e adolescentes. Hoje, um partido pode ter um programa eleitoral, gravado pelo celular, nas plataformas de vídeo, por exemplo. Mesmo que a cidade não tenha uma emissora de TV ou rádio. Além, é claro, da possibilidade de impulsionamento nas redes, aliás esse será um grande diferencial para o candidato que souber utilizar essa ferramenta. Isso vale para o interior e para a capital. Eu acredito que o whatsapp será a grande ferramenta de agregação de pessoas nas eleições 2024.
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