Brasil é um mau aluno no quesito reciclagem de plástico AFP
Publicado 17/05/2022 22:21
Se repararmos na sujeira que flagramos nas ruas do Rio de Janeiro, nos deparamos com detritos de todos os tipos, menos latinhas de alumínio.
Se formos a um show, evento público ou a qualquer tipo de aglomeração consumindo a tradicional cervejinha, nem temos tempo, ao fim, de jogarmos numa lata de lixo. Antes mesmo dos últimos goles já temos catadores disputando o nosso descarte.
É o efeito do mercado da reciclagem que deve aumentar de forma exponencial por conta da complementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a PNRS. Além do segmento de alumínio, outros ramos devem ser incentivados nesta prática, chamada de logística reversa. Como efeitos positivos diretos: a redução da poluição e a geração de renda para pessoas que não conseguem ser absorvidas pelo mercado de trabalho tradicional.
Dia da reciclagem
Instituído pela Unesco, o Dia Internacional da Reciclagem chegou este ano com um grande desafio no Brasil. É que depois de 10 anos patinando, acabou de ser aprovado, em abril, a autorização para o comércio de créditos de reciclagem para atender a PNRS, aprovada desde 2010, mas que precisava de um empurrão para ser efetivamente implementada.
A PNRS estabelece que as empresas devem recolher os produtos que fabricaram depois do fim da vida útil. É claro que nem todas se adequaram ou vão conseguir. Só para se ter uma ideia, apenas 3% de todo resíduo sólido coletado no Brasil é reciclado, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
O que é a Logística Reversa?
Esse recolhimento pela indústria pós vida útil dos produtos é o que chamamos de Logística Reversa. E essa obrigação de retorno também inclui as embalagens.
Mercado de Crédito
As que não conseguiram cumprir essa obrigação legal, agora poderão comprar certificados de reciclagem, numa espécie de banco de negociação. Essas entidades especializadas entrarão como intermediárias. Elas vão recolher produtos em geral, contabilizar sua ações e depois, venderem esses seus créditos para a serem contabilizado por quem não cumpriu sua meta.
Isso estabelece um novo item dentro da Economia Circular. O lixo, antes sem valor e com destino ignorado ou jogado em aterros sanitários passa a ter valor e a ser usado como moeda de troca. Essa operação não vai provocar apenas significativa diminuição na poluição. Vai gerar fonte de renda. O mecanismo já é adotado por milhares de empresas no Brasil devendo ser ampliado nos próximos anos.
Resumindo: Os que não conseguiram recolher por conta própria, compram os créditos e justificam sua contabilidade ambiental anexando o certificado de reciclagem adquirido de terceiros.
O sucesso das Latinhas
O ramo que primeiro estabeleceu essa cadeia de forma sustentável foi o de latinhas, favorecido pelo seu forte valor de mercado. As fábricas que reutilizam o alumínio já transformado anteriormente reduzem seus custos com esse reaproveitamento, assim como também diminuem seu tempo e etapas de produção. Graças a esse mercado estabelecido, o Brasil é hoje um dos maiores recicladores de alumínio do mundo, com índices acima de 80%.
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