casal de golfinhosfoto de divulgação de Projeto Golfinho Rotador - Petrobrás
Publicado 09/06/2022 20:23 | Atualizado 09/06/2022 21:22
O romantismo está no ar. Aliás, também na terra, embaixo dela e na água. O sentimento fiel e eterno existe, assim como outras formas de amor. O “até que a morte nos separe” não é apenas parte de um rito do casamento religioso. Alguns animais são tão apegados que, mesmo com a morte do companheiro(a), não refazem suas vidas.
Muitos bichos são mais gentis, amorosos e fiéis do que  casais de homo sapiens. no reino animal não é desenvolvida somente para reprodução, mas possui uma importante função social e como fonte de prazer. 
Aproveitando a chegada do Dia dos Namorados, a nossa coluna foi conversar com o veterinário Carlos Moraes, especialista em animais silvestres, com experiência no Safari Animal Kingdon, na Disney e que hoje, atua em São José dos Campos (SP).
“Acredito que no reino animal só temos a aprender com eles. Acredito que o importante é sermos felizes, assim como os animais nos ensinam sempre”.
Dança do Acasalamento: Vale tudo nas conquistas
Ou num casamento para sempre, ou apenas para um romance fugaz, cabe ao macho a tarefa do cortejo e a fêmea, a responsabilidade pela decisão sobre a formação da pareceria. Por isso, os masculinos tendem a ser mais coloridos e mais bonitos. Mas não basta só isso. A postura e a habilidade na dança do acasalamento fazem toda a diferença no processo de sedução.
“No reino animal é papel do macho seduzir a fêmea. Por isso, eles são dotados de jubas exuberantes, cores chamativas e adereços para encantar e mostrar a ela que seus filhos serão fortes e bonitos, assim como o pai. O Pavão é muito conhecido em nosso meio, por essa característica, mas existem vários animais que fazem o mesmo, seja: um sapo inflando para aparentar ser maior, um cão disputando na briga com outro ou, até mesmo, um cervo exibindo sua galhada exuberante” - ensina Carlos Moraes
Casais do mesmo sexo
Enquanto a sociedade humana ainda discute moralmente esse tipo de relacionamento, é natural em algumas espécies. Estudos provaram a homoafetividade entre pinguins já em 1911. No entanto, a divulgação foi censurada na ocasião. Outro que saiu do armário já há muito tempo, foi o golfinho. Um pesquisador chegou a mapear um par de machos que manteve um casamento por 17 anos!
“Existem relatos de araras, golfinhos e primatas que fazem casal do mesmo sexo e abusam da sensualidade e sexualidade entre eles. Só uma mostra de que o amor não existe gênero, e sim, afeição" - opina o veterinário.
A cada ano descobre-se mais comportamentos deste tipo. Nove em cada dez girafas são do sexo masculino e utilizam do pescoço para sedução entre eles. Já com os elefantes, os relacionamentos costumam ser mais duradouros do que os heterossexuais. O chipanzé-pigmeu usa o sexo para evitar conflitos e criar laços afetivos.

Ovo de aluguel
A adoção de filhotes acontece entre alguns casais homossexuais. Em 2004, no Zoológico do Central Park, Nova Iorque, dois pinguins machos chocaram um ovo e cuidaram da cria, após os pais biológicos não terem cumprido os seus papeis.  Os cisnes-negros chegam ao ponto de roubarem ninhos ou formarem trios com uma fêmea até ela colocar o ovo, sendo expulsa logo em seguida. Esse comportamento também é registrado com o pato-real.

Aves: as mais fiéis
São campeãs neste quesito. Demonstram comportamentos que envolvem paixão, ciúmes, brigas e reconciliações. O periquito, que até hoje é usado no interior em realejos para retirar mensagens de amor de um tabuleiro, também possui sua vida sentimental recheada de simbolismos. Sem a parceria, pode definhar até morrer.
O papagaio está entre os mais inteligentes, sociais e carinhosos. Não faltam beijos na boca (aliás, bicos) em seu cotidiano. Já os pombos, que muitos erroneamente associam à promiscuidade por conta de sua alta taxa reprodutiva, também não cedem às tentações.
Já outras espécies são tão extremadas que reproduzem o lado negativo e possessivo do sentimento doentio.
“Assim como no reino humano, os animais estão suscetíveis a “tentações” é isso pode fazer com que aquele casal nunca mais fique junto. Existem espécies as quais chegam ao exagero de matar a fêmea trancada no ninho, como é o caso do João de Barro” - lembra o veterinário.

Mamíferos: os mais infiéis
Esse grupo ao qual também fazemos parte, são os menos monogâmicos. Estima-se que somente 5% tenham esse comportamento. Um deles é o lobo que não dispensa uma lua cheia para as suas serenatas uivantes.
Já os Gibões, espécie de primatas, possuem um relacionamento mais moderno. Além de fiéis, os papeis e os direitos são iguais dentro do casamento. Ao contrário da maioria dos animais, machos e fêmeas possuem tamanhos, cores e plumagem muito semelhantes, assim como a alternância nas tarefas familiares. Ah, apesar da fidelidade, se por algum raro motivo, não der certo, o divórcio é permitido em busca de uma nova chance no amor.

Tipos de Monogamia

Poucos sabem é que existem tipos distintos de monogamia. A social é quando o casal é exclusivo e coopera nas tarefas de alimentação, cuidado e proteção da cria, mas, em certos casos, um dos dois copula com outro indivíduo. Exemplos de animais que praticam este tipo de comportamento são algumas aves, como as araras.
A por temporada é quando mantém a união na fase que vai da reprodução, a concepção até o fim da criação dos filhotes. Já a monogamia sexual, além dos hábitos sociais, também mantém a fidelidade total pelo resto da vida, como os cavalos marinhos.

Toda forma de amor

O veterinário Carlos Moraes ressalta que, entre os bichos, não existem preconceitos, cobranças ou discriminação. Toda forma de amor é válida!

“Seja monogâmico, trisal, quarteto, harém, mesmo sexo, sexos diferentes - a partir do momento em que entendimento do que te faz bem e feliz, tudo deve fluir da melhor forma possível a todos os envolvidos. Afinal, quem consegue definir o que é o amor de verdade?
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