Fidel Castro discursando na Rio 92foto de divulgação Rio 92
Publicado 12/06/2022 16:33 | Atualizado 12/06/2022 16:35
A Conferência acendeu os holofotes para a emergência ambiental em que o planeta já vivia, mas ainda não tinha consciência. A reunião contou com chefes de Estado e representantes de 178 países. Com a sua repercussão, tirou de baixo do tapete o lixo que o mundo tentava esconder.
O evento trouxe para o debate público temas e jargões até então restritos a comunidade científica. Era certamente um momento histórico de mobilização e de otimismo socioambiental. Descortinou para a sociedade propostas, como: desenvolvimento sustentável, efeito estufa, desmatamento, camada de ozônio... Tratados importantes foram firmados, esboçados ou alinhavados durante a Eco 92.


De importantes avanços a retrocessos

Foi na Eco-92, que aconteceu entre três e 14 de junho, que foram arregimentados importantes acordos, alguns referendados anos depois, como: o Protocolo de Quioto, em 1997 e o Acordo de Paris, em 2015. Alguns estudos e documentos que vieram à tona na Rio 92 norteiam até hoje as discussões ambientais, como: a Carta da Terra, Agenda 21, as Convenções da Diversidade Biológica, de Combate à Desertificação e a declaração de Princípios sobre Florestas.

Muito se avançou, muito foi esquecido e muito se regrediu. O buraco na Cadeia de Ozônio - corroída por gases promovido pelas indústrias, ainda segue.  O Aquecimento Global também, com seus efeitos já sentidos na pele: degelo, avanço no nível do mar, tempestades e secas em dimensões e locais nunca vistos.

Encontros improváveis

Junto com os 178 chefes de Estado e representantes, cerca de 20 mil pessoas circularam pelos três pavilhões do Riocentro entre integrantes de delegações, ambientalistas, funcionários de apoio e 8 mil jornalistas mundiais credenciados.
Além da representatividade e a quantidade de autoridades nunca antes reunidas, a Rio-92 registrou impensáveis encontros e convivências. De George Bush (pai) ao líder revolucionário Fidel Castro. Do primeiro-ministro da China - Li Peng ao do Reino Unido - John Major.
Do líder budista Dalai Lama a pajés, protestantes, expoentes de religiões de matrizes africanas à delegação de 14 pessoas envidadas direto do Vaticano pelo Papa João Paulo Segundo.

A classe artística também se fez representar. A abertura contou com o ator inglês Roger Moore que interpretou James Bond em sete títulos do 007. Marcaram presença Shirley MacLaine, Jane Fonda, Jeremy Irons, John Denver, Olivia Newton-John e o tenor Plácido Domingo. O ex-jogador Pelé e o cantor Gilberto Gil se destacaram entre as celebridades nacionais engajadas com o evento.


Governantes no Riocentro e a sociedade civil no Aterro

Paralelamente à Eco-92, acontecia também, o chamado Fórum Global, que reuniu no Aterro do Flamengo diversas organizações não governamentais (ONGs) e acabou resultando na aprovação da Declaração do Rio, que tinha como objetivo angariar acordos internacionais respeitando os interesses de todos, protegendo o meio ambiente e garantindo o desenvolvimento mundial.

Pelo Fórum Global, primeiro do gênero no mundo, interagiram mais de 10 mil representantes da sociedade civil e contou com a presença de 1,8 mil ONGs. Abriu um diálogo da sociedade em geral com movimentos  passando a discutir temas fundamentais como justiça social e reforma agrária. 

Conjuntura brasileira em 1992

O Brasil era um país diferente. As ações diplomáticas e as condutas das autoridades eram quase que opostas as demonstradas hoje. A redemocratização, a efetiva preocupação com a preservação da Amazônia, novas demarcações para terras indígenas, caiçaras e quilombolas, o ensino de ecologia sendo incorporado as matrizes escolares. Essas condutas convenceram o mundo de que o Brasil estava na vanguarda.
O presidente Fernando Collor, já em agonia administrativa e política, estava às vésperas do pedido de impeachmant, que resultou em seu afastamento.

Em breve, a Rio + 30
Como forma de passar a limpo essas três décadas, rever conceitos, refazer condutas, realinhar e retomar ideias, acontece, em Outubro, a Rio+30. Algumas das deliberações de 1992, evoluíram. No entanto, outras regrediram, desvirtuaram, seguiram em marcha lenta ou não tiveram continuidade.
Agora, a Cidade Maravilhosa volta a sediar um importante evento global, conforme ressaltou o prefeito Eduardo Paes na ocasião do anúncio da programação da Rio+30.
“Não é mais uma agenda só do defensor da natureza. É uma agenda de toda a sociedade”.
O prefeito pretende que o município volte a ser protagonista na discussão ambiental global e catalisador na integração das cidades.
“Vamos definir o papel das cidades na discussão ambiental. Temos cidades globais muito importantes como Rio e São Paulo e as trocas se dão muito mais entre essas redes de cidades, muitas vezes até mais do que entre países".

A Conferência vai ser dividida por eixos de discussões: Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, Transição Climática, Natureza, Sistemas Alimentares e Justiça Climática.
Já garantidas as participações de ambientalistas, cientistas, ativistas e governantes mundiais, além de 180 ONGs. Vão estar reunidos nos museus do Amanhã e de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, cerca de 2 mil participantes. Paralelamente outros eventos acontecerão na região, como no: AquaRio, prédio do Touring, três armazéns do Cais do Porto, Pedra do Sal e Largo da Prainha. Para o público em geral, estarão liberados o Porto Maravilha e o Boulevard Olímpico.
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