Dia do sexo movimenta o mercado e as mídias sociaisfoto divulgação MF Press Global
Publicado 06/09/2022 13:28 | Atualizado 06/09/2022 13:28
A data é comercial, como a maioria das temáticas que pontuam o calendário. Ganhou impulso pela necessidade de uma movimentação constante dos feeds das mídias sociais. Ela é recente: existe desde 2008, depois de uma marca de preservativos realizar uma ação de marketing que foi amplamente reproduzida pelas redes sociais e copiada por outras empresas de diversos segmentos. Assim, foi fixada na agenda das empresas, agencias de publicidade, espaços virtuais e, e até mesmo por profissionais de saúde.
Passa a ser vista ainda como uma oportunidade para reflexão e discussão de um tema ligado ao comportamento, a cultura, o prazer, a saúde e a procriação, mas ainda tabu para muitos.
O tema ganha impulso através de uma pujante economia em torno do mercado do sexo. Vão desde espaços físicos para encontros, pessoas que negociam seus corpos ou imagens, festas, remédios estimulantes, produtos de sex-shop e até aplicativos voltados para encontros.
Segundo o estudo da Abeme (Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico), o setor entre 2018 e 2019 teve aumento de 8%. Já entre o período entre 2019 e 2020, este crescimento foi de 12%. Além da questão econômica, tem a social. Com o empoderamento feminino, mulheres passaram a ter coragem de assumir seus desejos, seus traumas, a falar sobre eles e impor seus limites.
Mudança de Hábitos
Apesar do ainda presente preconceito, falar sobre sexo está bem mais fácil para 79% dos brasileiros que também se mostram mais abertos à novas experiências. A pesquisa foi feita este ano pela plataforma de bem-estar sexual Pantynova, da Sextech.
“O Censo do Sexo é um start para muitas conversas. Entendemos que os dados vão nos ajudar a ampliar ainda mais o diálogo sobre sexualidade no Brasil. O objetivo da Pantynova, é desmistificar tabus e empoderar os brasileiros em relação à sua sexualidade que deve ser cuidada, tanto quanto se cuida de outras partes do seu corpo” - finaliza Derek Derzevic, pesquisador e cofundador da empresa.
Mas se abordar o tema ficou mais fácil, colocar um relacionamento em prática, está mais complicado. É o que indica outro estudo. Este feito pela plataforma de relacionamentos "Meu Patrocínio". Revela que pessoas acima de 25 anos, principalmente mulheres, carregam traumas do passado que despertam medo ao iniciar de um novo relacionamento. No entanto, a principal resposta dos usuários é de que o amor se modernizou, mas não se tornou superficial.
Ao mesmo tempo mostra que as pessoas querem mais praticidade, facilidade e modernidade nos relacionamentos, não rejeitam a superficialidade. E evitam perder tempo com falta de afinidades, diferenças de valores, de opiniões, gasto de energia com discussões fúteis e brigas por problemas, como   financeiros. Isso pode explicar o sucesso e a multiplicação de aplicativos de encontros que cruzam afinidades de perfis e podem ajudar como ferramenta para a busca mais assertiva.
Camila C., de 27 anos: "Meus antigos relacionamentos eram inseguros, eu nunca sabia exatamente o que o meu parceiro estava procurando, se ele só estava comigo porque era confortável pra ele, ou se ele realmente queria me dar a mão e ganhar o mundo comigo. Já aqui no site, logo no início, eu e meu match já deixamos claro nossas expectativas. Eu me sinto muito mais confortável.”
Mariana L., de 31 anos: “Entrei no site porque estou à procura de relações em que a sinceridade e transparência sejam o pilar. Pelo menos aqui todo mundo deixa bem claro o que espera da relação e tudo fica alinhado, não abrindo margem para se envolver amorosamente com alguém que mente pra você, que finge ser quem não é.”
Multiplicação de sites de namoro
Usando a tecnologia como aliada, multiplicaram os aplicativos de encontros, assim como o aumento de suas bases de inscritos e o desenvolvimento das suas usabilidades. Também registraram migrações dos modelos grátis para os planos pagos que oferecem serviços mais completos. Tem para todos os gostos, perfis, condições sexuais e até para quem quiser se manter solteiro, mas não dispensa uma companhia virtual ou presencial de forma esporádica.
O cardápio é vasto. Vai desde os mais genéricos - para todos os tipos - até os mais específicos, voltados para segmentos e nichos, como: LGBTQIA+, Sugar Dad, 50+, Trocas de Casais, Trisal (casais formados por três pessoas), de Traição, Namoros com Vizinhos, Namoros Distantes, Sexo com Compromisso, Casual, Encontros entre Evangélicos, Namoros entre Teens...
Além do Tinder, entre os mais usados aqui no Brasil, estão: Grindr, Scruff, Bumble, Par Perfeito, Happn, Be2, C.Date, Passion e OnlyHirts.
Sexo pós pandemia
Em um relatório do Bumble, em um ano, durante a pandemia, cerca de 40% dos entrevistados disseram que passaram a abordar  suas vidas sexuais de maneira diferente e que esse tipo de site ajuda na praticidade pela busca pelos parceiros. Segundo a terapeuta sexual Megan Fleming, tanto casais, quanto os solteiros, têm sido mais decisivos do que antes da pandemia.
“Pessoas solteiras foram confrontadas com cenários difíceis de namoro, que forçaram a intencionalidade em torno de quem eles estavam saindo e por quê. Antes de se encontrar com alguém novo, coisas como o status de vacinação e namoro tinham que ser discutidas.
Enquanto isso, casais que estavam presos juntos em quarentena tinham tempo infinito para explorar seus relacionamentos. "Eles tiveram tempo e espaço para pensar sobre o que queriam um do outro, o que levou a conversas difíceis, mas modificadoras.
Entre os casais, vimos que eles têm feito mais sexo e estão tentando experimentar outras coisas. Acho que algumas pessoas perceberam que a vida é curta e aproveitaram o momento para tirar o máximo proveito de suas vidas sexuais.” -  diz Fleming.

Aumento de uniões
Os últimos dois anos foram mais isolados socialmente. Como diz Fleming, alguns responderam procurando relacionamentos estáveis pela primeira vez em anos. “Eu definitivamente vejo mais pessoas se afastando do sexo casual e se tornando mais interessadas em relacionamentos”.
Justin Lehmiller, pesquisador e autor de “Diga-me o que você quer: a ciência do desejo sexual e como isso pode ajudá-lo a melhorar sua vida sexual”, observou não apenas as pessoas se casando, mas aquelas que já estão em relacionamentos, se fortalecendo.
“A maioria das pessoas está dizendo que seu relacionamento é melhor em todos os aspectos.”
Saudável
A prática sexual pode melhorar o humor, queimar calorias, ajudar na relação, condições cardíacas e até mesmo na aparência, explica o sexólogo João Ribeiro da fabricante de produtos sexuais INTT.
“A melhoria da pele acontece pois o ato aumenta a produção de ocitocina, conhecido como o 'hormônio do amor', além do estrógeno, que fica concentrado no sangue, aumentar durante o sexo e deixar a pele e o cabelo com aspectos mais brilhosos. E o suor manda embora todas as impureza, deixando-a mais suave".
De acordo com a Associação de Educadores e Terapeutas Sexuais, meia hora de sexo queima em média 85 calorias e fortificação muscular. "Não são só os aparelhos da academia que fazem com que o corpo fique mais tonificado. O sexo pode ajudar quem quer músculos mais fortes, principalmente aquela região que é trabalhada quando é feito agachamento" - explica Ribeiro.
Já estudos da Wilkes University, nos Estados Unidos, mostram que aumentam os níveis de um anticorpo chamado IgA, responsável por proteger o organismo de gripes e infecções.
Lubrificantes de cannabis e à base de ouro
A venda de produtos sexuais cresce consideravelmente. Marcas do setor estão conquistando destaque por inovar nesse segmento. Criada em 2002, a INTT Cosméticos é uma delas, tendo como carro-chefe do seu portfolio um lubrificante feito de cannabis - a planta da maconha e um gel à base de ouro. Pela sua atuação já conquistou seis vezes o título de "Melhor Marca do Mercado Erótico do Ano" na premiação "Melhores do Mercado Sensual"
Indústria sexual gerida por mulheres
A história da INTT reforça como as mulheres deixaram de ser secundárias neste ramo, conquistando seu protagonismo na maioria das empresas deste segmento. Na INTT teve início quando a mãe da diretora, Stephanie Seitz, entrou em uma loja de produtos eróticos no aeroporto de Munique ( Alemanha) e se espantar com o que viu: o ambiente não tinha cabines, cortinas ou qualquer coisa que disfarçasse a essência do negócio.
“Ela diz que era como se fosse uma loja convencional, sendo que, ao contrário dos sex-toys vendidos no Brasil, os produtos eram bem trabalhados e poderiam ficar expostos em qualquer ambiente da casa, sem qualquer constrangimento, já que as embalagens não eram vulgares”, explica Stephanie.
Ciente do potencial que os produtos teriam no Brasil, a família então decidiu abrir a empresa. “Criamos rótulos discretos e arrojados e selecionamos com critério nossos fornecedores e matéria-prima, tudo com o objetivo de acabar com o mito de que o mercado erótico e que os produtos são de procedência questionável”, explica Stephanie.
Após fabricar os itens em Portugal e vender para países como Alemanha, Espanha e Rússia, o faturamento da INTT cresceu 120%.
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