Publicado 13/11/2022 14:25 | Atualizado 13/11/2022 14:42
Já dizia um profeta popular que Gentileza gera Gentileza. Mas está tão longe do nosso cotidiano que foi preciso os japoneses criarem, em 1996, uma data mundial para chamar a atenção para a falta dessa prática, que deveria ser inerente ao ser humano.
Apesar de ter inspirado versos de músicas cantadas por Marisa Monte e Gonzaguinha, ser enredo de Escola de Samba e deixado dezenas de mensagens em pinturas nas vigas de viadutos, o tema pregado por ele (que se fundiu ao seu próprio nome) está cada vez mais distante num país intolerante e polarizado. Imagine se estivesse vivo e ainda peregrinando pelas ruas cariocas com seus grifos nas predominantes cores verde e amarelo diante do uso partidário dessas matizes nacionais?
Apesar de ter inspirado versos de músicas cantadas por Marisa Monte e Gonzaguinha, ser enredo de Escola de Samba e deixado dezenas de mensagens em pinturas nas vigas de viadutos, o tema pregado por ele (que se fundiu ao seu próprio nome) está cada vez mais distante num país intolerante e polarizado. Imagine se estivesse vivo e ainda peregrinando pelas ruas cariocas com seus grifos nas predominantes cores verde e amarelo diante do uso partidário dessas matizes nacionais?
Camila Capel, especialista em medicina de estilo de vida defende que essas ações não são benéficas só para o próximo, mas principalmente para quem as pratica.
“De uns tempos para cá, a gentileza parece que vem perdendo o destaque dentre as qualidades humanas. As pessoas até acham beleza na gentileza, mas vejo pouco esforço para fazer dela a protagonista de suas vidas”.
Gentil no trânsito e no transporte
“De uns tempos para cá, a gentileza parece que vem perdendo o destaque dentre as qualidades humanas. As pessoas até acham beleza na gentileza, mas vejo pouco esforço para fazer dela a protagonista de suas vidas”.
Gentil no trânsito e no transporte
Para que coloque essas atitudes no trilho, o VLT carioca realizou a pesquisa “Gentileza na Mobilidade” para identificar os atos mais gentis esperados pelos passageiros durante a viagem sobre os trilhos.
Apesar de determinado pela legislação, para 40,2% ser gentil é deixar o assento prioritário livre. Já 31,7% consideram esperar as pessoas desembarcarem para entrar no vagão. Os dados apontam também que “não jogar lixo nos trens e estações”, é uma preocupação citada por 25,6% dos entrevistados.
Apesar de determinado pela legislação, para 40,2% ser gentil é deixar o assento prioritário livre. Já 31,7% consideram esperar as pessoas desembarcarem para entrar no vagão. Os dados apontam também que “não jogar lixo nos trens e estações”, é uma preocupação citada por 25,6% dos entrevistados.
"Queremos incentivar o respeito ao próximo na mobilidade. E esse levantamento nos traz informações importantes que vão ser utilizadas para fortalecer nossas campanhas de comunicação e engajamento" - justifica Marcio Hannas, presidente da CCR Mobilidade, consórcio que administra o VLT do Rio.
O metrô paulista promove a caminhada fotográfica “Olhar Para Cidade Com Gentileza” com cliques que simbolizem essa ação entre os passageiros
"A ideia é registrarmos cenas que muitas vezes não enxergamos na agitada rotina do dia a dia, mas que sabemos que sempre se apresentam aos nossos passageiros em forma de ações e gestos", destaca Renan Andrade, coordenador da Ação Cultural de Metrô.
Ainda na área da mobilidade não podem ser esquecidas as campanhas para motivação da gentileza no trânsito, que apesar de constantes, estão longe de surtirem o efeito desejado.
Ainda na área da mobilidade não podem ser esquecidas as campanhas para motivação da gentileza no trânsito, que apesar de constantes, estão longe de surtirem o efeito desejado.
Poucas ações gentis
Apesar da urgência, as ações em torno dessa data ainda são tímidas nas instituições, na publicidade e nas mídias sociais em comparação com outros dias comemorativos bem mais engajados. O marketing começa agora a descobrir o potencial desse tema. Uma organização de crédito consignado faz uma promoção para ajudarem seus clientes a serem gentis: podem indicar um amigo que terá um boleto quitado até o valor de 100 Reais.
“A correria e o stress do dia a dia fazem com que, muitas vezes, a gente se esqueça de praticar a gentileza, de ter um ato que faça o outro se sentir feliz. Em nossa sociedade, em que o endividamento já superou mais de 80% das casas com renda menor que 10 salários mínimos. Atos de gentileza como esse de pagar uma conta são bem-vindos. Esperamos com essa campanha incentivar mais ações como essa”, comenta Gustavo Gorenstein, da BX Blue.
“A correria e o stress do dia a dia fazem com que, muitas vezes, a gente se esqueça de praticar a gentileza, de ter um ato que faça o outro se sentir feliz. Em nossa sociedade, em que o endividamento já superou mais de 80% das casas com renda menor que 10 salários mínimos. Atos de gentileza como esse de pagar uma conta são bem-vindos. Esperamos com essa campanha incentivar mais ações como essa”, comenta Gustavo Gorenstein, da BX Blue.
Na saúde, o Hospital Infantil Albert Sabin, no Ceará, implantou uma decoração especial e distribuiu flores e brindes entre os pacientes. Já a plataforma “Educação para a Generosidade” está com inscrições abertas até 12 de dezembro, para escolas de todo o país para ações que contemplem essa prática dentro de sete princípios que podem ser aplicados no ensino: Educação para Gentileza, Generosidade, Solidariedade, Sustentabilidade, Diversidade, Respeito e Cidadania.
“Em um mundo com tanta intolerância, polarização e desrespeito, entre outras desvirtudes, é emergencial dar visibilidade para projetos verdadeiramente sociotransformadores, concebidos e implementados de forma colaborativa e visando dignidade e qualidade da vida para todos", explica Marina Pechlivanis, idealizadora da Plataforma.
Profeta Gentileza
José Datrino nasceu no interior de São Paulo em 1917. Tido na época por muitos como louco, diz ter começado a ter premunições aos 13 anos. Constituiu família e tornou-se dono de uma transportadora de cargas em Guadalupe.
Sua vida mudou e largou tudo como reflexo diante de uma das maiores tragédias que não sai da memória popular fluminense: o incêndio no Circo em Niterói, que matou 372 pessoas. Transformou os escombros e as cinzas em um jardim que passou a ser conhecido como Paraíso Gentileza. Antes mesmo da construção da ponte, atravessou a Baia de Guanabara e começou sua peregrinação, que durou mais de duas décadas pela zona portuária carioca.
“Em um mundo com tanta intolerância, polarização e desrespeito, entre outras desvirtudes, é emergencial dar visibilidade para projetos verdadeiramente sociotransformadores, concebidos e implementados de forma colaborativa e visando dignidade e qualidade da vida para todos", explica Marina Pechlivanis, idealizadora da Plataforma.
Profeta Gentileza
José Datrino nasceu no interior de São Paulo em 1917. Tido na época por muitos como louco, diz ter começado a ter premunições aos 13 anos. Constituiu família e tornou-se dono de uma transportadora de cargas em Guadalupe.
Sua vida mudou e largou tudo como reflexo diante de uma das maiores tragédias que não sai da memória popular fluminense: o incêndio no Circo em Niterói, que matou 372 pessoas. Transformou os escombros e as cinzas em um jardim que passou a ser conhecido como Paraíso Gentileza. Antes mesmo da construção da ponte, atravessou a Baia de Guanabara e começou sua peregrinação, que durou mais de duas décadas pela zona portuária carioca.
Com sua túnica branca, além de oferecer flores começou a pintar mensagens gentis nas dezenas de pilastras do emaranhado de viadutos neste trecho da cidade. Confundido com pichador, agredido por policiais e seguranças e tendo várias obras cobertas por tinta, inspirou a letra de Mariza Monte: "Apagaram tudo...Pintaram tudo de cinza..."
Destacou-se entre suas mensagens a frase emblemática “Gentileza Gera Gentileza”. Ao todo foram 56 pilastras do Gasômetro e do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, uma extensão de 1,5 km.
Mesmo após sua morte (1996) aos 71 anos e com o reconhecimento de sua obra, parte de seu legado foi atacado por vândalos ou coberto pela "tinta cinza" da própria prefeitura do Rio de Janeiro, que demorou para reconhecer seu valor e depois, gastou dinheiro publico para restaurar parte do que destruiu num verdadeiro exemplo de falta de gentileza.
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