Publicado 26/11/2022 16:23 | Atualizado 26/11/2022 20:03
Enquanto na Copa do Catar vai preso ou é barrado quem tiver com alguma referência ao arco-íris, essas cores dão pinta no Rio de Janeiro que tenta recuperar o espaço perdido para São Paulo e Buenos Aires neste segmento altamente rentoso economicamente. Depois de uma gestão municipal que não apoiava esse tipo de pautas sociais, a crise econômica e o isolamento por conta da pandemia, o Rio de Janeiro tenta recuperar o seu espaço como polo da diversidade da América Latina. E a garota-propaganda desse reposicionamento é a realização da 27ª Parada do Orgulho LGBTI Rio, a primeira do Brasil e que acontece na orla de Copacabana, uma das paisagens mais icônicas do mundo.
“Após a grave crise de COVID 19, com mortes de tantas pessoas, vamos recuperar a Praia de Copacabana, trazendo mensagens de celebração da vida, de esperança de um futuro melhor… Nossa expectativa é a de que retomemos o espaço das ruas para fortalecer a nossa agenda por cidadania e respeito a diversidade” - prega Cláudio Nascimento, presidente do Grupo Arco-Íris e coordenador-geral da Parada
O retorno
A data foi escolhida a dedo: dia 27 para a 27ª edição com a volta do presencial depois de dois anos acontecendo virtualmente. E ainda pega a população aquecida pela Copa do Mundo e o Rio de Janeiro cheio de turistas com a aproximação com o verão, fora os que vieram justamente para a Parada carioca movimentando a cadeia turística, de entretenimento e alimentação.
“Essa é a Parada do renascimento após um período de dor e perdas em razão da covid 19 e especialmente pelo aumento do discurso de ódio em parte da sociedade contra nossa comunidade LGBTI+. Do nosso renascimento como cidadãos de direitos. Sabemos que retomar o caminho para o respeito às nossas identidades exigirá coragem para romper com últimos anos de conservadorismo e com a tentativa de fazer o ódio imperar. Somos sempre pelo afeto e pelo diálogo. Porque, no final, o amor venceu e sempre vencerá”, afirma Cláudio Nascimento.
Coragem para ser feliz
Esse é o tema desta edição, que não poupou em estrutura, providenciando 10 trios elétricos e alas temáticas que reforçam a importância da preservação da Amazônia e o Meio Ambiente além de homenagem às vítimas da Covid 19. Segundo os organizadores, o desafio é aliar festa e exaltação às liberdades individuais à conscientização para um país livre da LGBTIfobia e com justiça social.
A data foi escolhida a dedo: dia 27 para a 27ª edição com a volta do presencial depois de dois anos acontecendo virtualmente. E ainda pega a população aquecida pela Copa do Mundo e o Rio de Janeiro cheio de turistas com a aproximação com o verão, fora os que vieram justamente para a Parada carioca movimentando a cadeia turística, de entretenimento e alimentação.
“Essa é a Parada do renascimento após um período de dor e perdas em razão da covid 19 e especialmente pelo aumento do discurso de ódio em parte da sociedade contra nossa comunidade LGBTI+. Do nosso renascimento como cidadãos de direitos. Sabemos que retomar o caminho para o respeito às nossas identidades exigirá coragem para romper com últimos anos de conservadorismo e com a tentativa de fazer o ódio imperar. Somos sempre pelo afeto e pelo diálogo. Porque, no final, o amor venceu e sempre vencerá”, afirma Cláudio Nascimento.
Coragem para ser feliz
Esse é o tema desta edição, que não poupou em estrutura, providenciando 10 trios elétricos e alas temáticas que reforçam a importância da preservação da Amazônia e o Meio Ambiente além de homenagem às vítimas da Covid 19. Segundo os organizadores, o desafio é aliar festa e exaltação às liberdades individuais à conscientização para um país livre da LGBTIfobia e com justiça social.
O slogan que ilustra a campanha desse ano foi desenvolvido pelo diretor de criação Bruno Bertani, da Industria Nacional Design. O descritivo mostra a preocupação em usar a “Parada” para que todas e todos possam olhar para o futuro com otimismo e garra.
Diversidade
Literalmente a Parada de Copacabana é um grito em coro de grupos excluídos e discriminados. Além dos LGBTIA+, são representados por pessoas: negras, mulheres, povos originários, deficientes e outros, com o objetivo de reforçar que a luta por um Brasil igualitário e de todos nós.
Carta para Lula
O evento não é marcado somente pela alegria e protestos, mas também pela esperança de dias melhores. Por isso, durante a realização, a divulgação da carta Por um Brasil sem LGBTIfobia endereçada ao presidente eleito, Lula da Silva e seu novo governo. Traz propostas de políticas públicas nos campos da segurança, saúde, educação, trabalho e renda, cultura, esporte e lazer, turismo, assistência social e direitos humanos.
Diversidade
Literalmente a Parada de Copacabana é um grito em coro de grupos excluídos e discriminados. Além dos LGBTIA+, são representados por pessoas: negras, mulheres, povos originários, deficientes e outros, com o objetivo de reforçar que a luta por um Brasil igualitário e de todos nós.
Carta para Lula
O evento não é marcado somente pela alegria e protestos, mas também pela esperança de dias melhores. Por isso, durante a realização, a divulgação da carta Por um Brasil sem LGBTIfobia endereçada ao presidente eleito, Lula da Silva e seu novo governo. Traz propostas de políticas públicas nos campos da segurança, saúde, educação, trabalho e renda, cultura, esporte e lazer, turismo, assistência social e direitos humanos.
Patrocínios
A mola propulsora foi o retorno do prefeito Eduardo Paes, um assumido simpatizante da Parada, depois da retirada de apoio pela administração do antecessor Marcelo Crivella. O patrocínio da prefeitura puxou o de outros órgãos públicos. No entanto, a participação da inciativa privada ainda é tímica, embora haja uma perspectiva de aumento para as próximas edições já que nos dias de hoje é importante para marcas e imagens corporativas mostrarem-se associadas ao movimento de diversidade não somente pela “ideologia”, mas também pelo potencial de consumo deste público e de seus “simpatizantes”.
A mola propulsora foi o retorno do prefeito Eduardo Paes, um assumido simpatizante da Parada, depois da retirada de apoio pela administração do antecessor Marcelo Crivella. O patrocínio da prefeitura puxou o de outros órgãos públicos. No entanto, a participação da inciativa privada ainda é tímica, embora haja uma perspectiva de aumento para as próximas edições já que nos dias de hoje é importante para marcas e imagens corporativas mostrarem-se associadas ao movimento de diversidade não somente pela “ideologia”, mas também pelo potencial de consumo deste público e de seus “simpatizantes”.
De acordo com os administradores, a ausência de apoio privado, que ainda é muito tímida é compensada por muita energia, gritos de respeito, liberdade e um potente momento de luta pelo direito de amar quem quiser.
Parada Gay pioneira
É mais antiga e a segunda maior do Brasil. Contou com 1,2 milhões de pessoas na última edição presencial, em 2019, mesmo já sofrendo com a falta de apoio do poder público. A primeira Parada de Copacabana foi realizada em 1995 pelo Grupo Arco Iris, organizador até hoje do evento. Participantes da 17ª Conferência da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, a ILGA, improvisaram uma marcha pela Princesinha do Mar no encerramento do evento. Na ocasião foram aplaudidos e apoiados pelos moradores e visitantes que passavam pela orla de Copacabana sendo chamados de simpatizantes, que formavam o S da sigla que começou como GLS e foi ganhando novas letras e representatividade com o tempo.
Recentemente conversamos com Andre Loyola - representante da Câmara LGBT do Brasil, que evita as comparações entre a carioca e a paulistana, ressaltando as distinções entre os dois maiores eventos do país.
“A parada do Rio é diferente da São Paulo ... Ela é mais um grande ato político, e não visa tanto o lucro para a cidade. Nem por isso posso dizer qual está certa ou errada.”.
Importância econômica
Na esteira da Parada, através de eventos e uma política voltada para o segmento, o Rio de Janeiro busca recuperar o terreno perdido como preferido destino LGBTI da América Latina.
“Eu, como hoteleiro e especialista em diversidade, acredito que o Rio, apesar de estar evoluindo ano a ano, ainda precisa caminhar bastante. O mercado está cada vez mais promissor, e além disso, as empresas já estão entendendo a importância de dar atenção ao publico LGBQIA+ e principalmente, de respeitar, capacitar e aprender sobre nós, pois sempre estevemos ao redor, mas agora abrimos o espaço e temos vozes”, justifica André Loyola.
É mais antiga e a segunda maior do Brasil. Contou com 1,2 milhões de pessoas na última edição presencial, em 2019, mesmo já sofrendo com a falta de apoio do poder público. A primeira Parada de Copacabana foi realizada em 1995 pelo Grupo Arco Iris, organizador até hoje do evento. Participantes da 17ª Conferência da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, a ILGA, improvisaram uma marcha pela Princesinha do Mar no encerramento do evento. Na ocasião foram aplaudidos e apoiados pelos moradores e visitantes que passavam pela orla de Copacabana sendo chamados de simpatizantes, que formavam o S da sigla que começou como GLS e foi ganhando novas letras e representatividade com o tempo.
Recentemente conversamos com Andre Loyola - representante da Câmara LGBT do Brasil, que evita as comparações entre a carioca e a paulistana, ressaltando as distinções entre os dois maiores eventos do país.
“A parada do Rio é diferente da São Paulo ... Ela é mais um grande ato político, e não visa tanto o lucro para a cidade. Nem por isso posso dizer qual está certa ou errada.”.
Importância econômica
Na esteira da Parada, através de eventos e uma política voltada para o segmento, o Rio de Janeiro busca recuperar o terreno perdido como preferido destino LGBTI da América Latina.
“Eu, como hoteleiro e especialista em diversidade, acredito que o Rio, apesar de estar evoluindo ano a ano, ainda precisa caminhar bastante. O mercado está cada vez mais promissor, e além disso, as empresas já estão entendendo a importância de dar atenção ao publico LGBQIA+ e principalmente, de respeitar, capacitar e aprender sobre nós, pois sempre estevemos ao redor, mas agora abrimos o espaço e temos vozes”, justifica André Loyola.
Pesquisa feita este ano em 25 países pelo site de hospedagens Bookink.com aponta que 82% dos turistas já vivenciaram experiências desagradáveis pelo mundo, e 55% já sofreram discriminações em viagens, sendo 28% por conta do estereótipo e 18% sentindo-se ridicularizados ou atacados verbalmente. Não é a toa que, 60% dão preferência a destinos que respeitem a cultura LGBTQIA+. Isso sinaliza uma atenção especial do poder público já que a insegurança é um dos principais problemas do Brasil na visão do turista estrangeiro.
“É importante ressaltar que a comunidade valoriza viajar para lugares onde a história LGBTI+ é valorizada e onde a convivência comunitária é mais respeitada. Precisamos avançar mais ainda na formação continuada do trade do turismo e qualificar os serviços de atendimento” - endossa Claudio Nascimento, presidente do Grupo Arco-Iris.
A pujante economia LGBTQIA+
Pesquisa da Organização Mundial do Turismo aponta que este segmento é quatro vezes mais rentável. Movimenta mais de 100 milhões de dólares na economia global. E por conta de uma administração que praticamente boicotou e ignorou esse mercado, o Rio de Janeiro tenta voltar atrás para recuperar os milhões perdidos nos anos anteriores. E não foi somente para a vizinha São Paulo que o Rio vinha perdendo terreno. Na avaliação de Alex Bernardes, criador e diretor da LGBT+ Turismo Expo, a grande quantidade de atrativos e a vocação natural da cidade fez com que os administradores se acomodassem abrindo espaço para destinos mais trabalhados na América.
"O Rio nunca deixou de ser um dos destinos mais desejados do mundo para os turistas LGBT+, mas talvez pela alta confiança, a cidade deixou de se promover para esse público e outros destinos na América Latina, como Buenos Aires. Eles trabalham fortemente na promoção e acabaram por tomar essa liderança na nossa região. Além disso, esses destinos, além de autopromoção, fizeram um trabalho de capacitação do seu trade, trabalharam para sensibilizar seus equipamentos de segurança pública e conseguiram diminuir a sensação de insegurança dos seus turistas da comunidade LGBT+, e isso é um ponto crucial para quem quer atrair esse público".
“É importante ressaltar que a comunidade valoriza viajar para lugares onde a história LGBTI+ é valorizada e onde a convivência comunitária é mais respeitada. Precisamos avançar mais ainda na formação continuada do trade do turismo e qualificar os serviços de atendimento” - endossa Claudio Nascimento, presidente do Grupo Arco-Iris.
A pujante economia LGBTQIA+
Pesquisa da Organização Mundial do Turismo aponta que este segmento é quatro vezes mais rentável. Movimenta mais de 100 milhões de dólares na economia global. E por conta de uma administração que praticamente boicotou e ignorou esse mercado, o Rio de Janeiro tenta voltar atrás para recuperar os milhões perdidos nos anos anteriores. E não foi somente para a vizinha São Paulo que o Rio vinha perdendo terreno. Na avaliação de Alex Bernardes, criador e diretor da LGBT+ Turismo Expo, a grande quantidade de atrativos e a vocação natural da cidade fez com que os administradores se acomodassem abrindo espaço para destinos mais trabalhados na América.
"O Rio nunca deixou de ser um dos destinos mais desejados do mundo para os turistas LGBT+, mas talvez pela alta confiança, a cidade deixou de se promover para esse público e outros destinos na América Latina, como Buenos Aires. Eles trabalham fortemente na promoção e acabaram por tomar essa liderança na nossa região. Além disso, esses destinos, além de autopromoção, fizeram um trabalho de capacitação do seu trade, trabalharam para sensibilizar seus equipamentos de segurança pública e conseguiram diminuir a sensação de insegurança dos seus turistas da comunidade LGBT+, e isso é um ponto crucial para quem quer atrair esse público".
Propaganda para o Réveillon, Verão e Carnaval
E a 27ª Parada do Orgulho LGBTI acende o holofote para mostrar ao mundo a retomada do Rio neste segmento com reflexos que já poderão ser sentidos neste Réveillon, Carnaval 2023, assim como toda a temporada do Verão que está chegando. E não falta potencial. A cidade foi apontada como uma mais desejadas por esse público em pesquisa feita póspandemia. Isso sem contar que a Praia de Ipanema foi eleita, no início do ano, a segunda melhor do mundo pelo site GayCities, ficando atrás apenas de Los Muertos, no México.
E a 27ª Parada do Orgulho LGBTI acende o holofote para mostrar ao mundo a retomada do Rio neste segmento com reflexos que já poderão ser sentidos neste Réveillon, Carnaval 2023, assim como toda a temporada do Verão que está chegando. E não falta potencial. A cidade foi apontada como uma mais desejadas por esse público em pesquisa feita póspandemia. Isso sem contar que a Praia de Ipanema foi eleita, no início do ano, a segunda melhor do mundo pelo site GayCities, ficando atrás apenas de Los Muertos, no México.
Contatos da Coluna:
e-mail: pautasresponsaveis@gmail.com
Twitter: https://twitter.com/ColunaLuiz
Instagram: https://www.instagram.com/luiz_andre_ferreira/
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/luiz-andr%C3%A9-ferreira-1-perfil-lotado-08375623/
e-mail: pautasresponsaveis@gmail.com
Twitter: https://twitter.com/ColunaLuiz
Instagram: https://www.instagram.com/luiz_andre_ferreira/
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/luiz-andr%C3%A9-ferreira-1-perfil-lotado-08375623/
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.