Navio atracado no Píer Mauá no Rio de Janeirofoto de Divulgação Porto Rio
Publicado 27/12/2022 19:31 | Atualizado 27/12/2022 19:32
"Se não pode com o inimigo, junte-se a ele", diz o ditado popular.
No início os cruzeiros eram apontados como predatórios por setores tradicionais já que os visitantes não se hospedam nas cidades e ficam poucas horas, reduzindo o consumo. Eles batem de frente com dois segmentos: hospedagem e transporte evitando emissões de passagens aéreas ou terrestres de média e longa distâncias.
Conciliação
Diante do crescimento exponencial em uma década e com a demanda reprimida após a Covid-19, o setor de hospedagem já enxerga a chegada relâmpago dos navios como uma oportunidade, funcionando como uma espécie de degustação para um possível retorno.
“No Rio, com essa infinidade de opções, as pessoas que passam aqui pelos cruzeiros acabam conhecendo as possibilidades da cidade despertando a vontade para voltar e terminar de conhecer. Geralmente o sujeito não faz viagem de cruzeiro todo ano. Então eles acabam voltando aqui no Rio, se hospedando em hotéis” – justifica Alfredo Lopes, presidente do Sindicato dos Hotéis.
Além de garantirem visitas a, pelo menos, um ou dois cartões postais, os cruzeiros também movimentam restaurantes, o consumo nos quiosques, em camelôs nas praias, além de táxis e motoristas de aplicativos.  Sem contar quando os roteiros começam ou terminam no Rio, possibilita que fiquem na cidade antes de embarcar ou após desembarcarem.
“Muitas vezes ficam quatro ou cinco dias hospedados desfrutando da cidade depois partem seu destino. Ou seja, é a movimentação do turismo que gera muita receita para os nossos municípios do estado” – explica Lopes.
Visão privilegiada da queima de fotos
No dia da virada, quatro transatlânticos estarão atracados no Píer Mauá, um a mais do que no último ano. Eles foram autorizados pela Capitania dos Portos para ficarem fundeados na disputada Praia de Copacabana na noite do dia 31. 
"Na proximidade da hora da virada essas embarcações saem do Píer no centro da Cidade para acompanhar, de uma visão privilegiada, a maior festa de Réveillon do mundo com sua tradicional queima de fogos de um ângulo diferenciado e privilegiado." - revela Denise Lima, diretora comercial do Píer Mauá.
As embarcações estão vindo de: Buenos Aires (Argentina), Paraty (RJ), Ilha Grande (RJ) e Ilha Bela (SP). Ao todo reúnem cerca de 11 mil viajantes.
Recorde carioca
A gestora do Porto revela a nossa coluna que, desde o início de dezembro, o píer não ficou um dia sequer vazio. A única data que teria vaga, acabou estendendo o abrigo a um navio impossibilitado de seguir o cronograma rumo ao sul do país devido ao mau tempo. Do início do mês até 15 de dezembro, foram 10 embarcações com 15 atracações. 
A previsão é de que 500 mil passageiros circulem pelo terminal neste verão entre embarques, desembarques e em trânsito. São 120 atracações em 37 navios, sendo 26 internacionais.  O impacto econômico direto e indireto deve ficar em torno de R$ 1 bilhão. Somente a companhia MSC terá 19 rotas partindo do Rio nesta temporada. O Seashore, maior e mais moderno a navegar pelo Brasil também fez sua estreia na capital fluminense em dezembro. Sua rota também inclui Búzios e Ilha Grande no estado do Rio.
"Esse recorde do turismo embarcado de cruzeiros é muito importante também para o estado, pois gera renda, movimenta toda a economia, principalmente para cidades menores, como Búzios e Angra dos Reis", ressalta Alfredo Lopes. 

Retomada Brasil
Além do Rio de Janeiro, os portos com maior movimentação no pais, são: Manaus, Salvador, Santos e Porto Alegre, Alagoas e Itajaí (Santa Catarina). Segundo o Ministério do Turismo, a temporada de cruzeiros 2022/2023 será a maior dos últimos 10 anos, com duração de cerca de seis meses. O litoral brasileiro contará com 45 embarcações navegando e 780 mil leitos, número 47% maior do que o período pré-pandemia, quando foram ofertados 530 mil leitos. 
Geração de empregos
Se a pandemia da Covid-19 naufragou o setor com prejuízo estimado em R$ 2,62 bilhões e afogamento de 40 mil empregos, essa temporada mostra um horizonte de otimismo e retomada.
Para que um transatlântico transporte turistas são necessários centenas de pessoas trabalhando desde o entretenimento, comércios e serviços on line, além da navegação e manutenção dos motores.
Os navios com mais de 300 metros de comprimento, contam com diversos decks, piscinas, restaurantes variados, cassino, teatro e muitas atrações.
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