Publicado 18/03/2022 18:50
A coluna mostrou esta semana os reflexos da guerra na Ucrânia no bolso dos consumidores que já sentem os impactos nos custos da gasolina e do gás de cozinha. Mostramos ainda que a mais nova alta da Selic (taxa básica de juros da economia brasileira) tem como objetivo conter o processo inflacionário no país que foi agravado com o conflito internacional. Neste efeito cascata está também o aumento do custo da construção, o que deve elevar os preços dos imóveis.
O alerta é do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, que lembrou que desde julho de 2020, os materiais usados pelo setor já tiveram alta de quase 50%. A análise foi feita ontem no evento promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) e pela Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ).
O quadro, segundo ele, fica ainda mais delicado quando se compara o aumento dos custos dos insumos com a elevação dos preços dos lançamentos no Rio de Janeiro. “Considerando estudo com seis capitais do país, o Rio de Janeiro é a cidade onde o preço dos lançamentos teve o menor crescimento”, afirmou o presidente da CBIC. Na análise, o executivo complementa que, enquanto o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) cresceu 23,09% entre julho de 2020 e fevereiro de 2022 e o INCC Materiais e Equipamentos cresceu 45,18%, os preços dos lançamentos tiveram alta de apenas 10,57% no período. “E a guerra na Ucrânia pode trazer novos aumentos em cima de uma base que já está elevadíssima”, alertou Martins.
Para reduzir esta diferença, Marcos Saceanu, presidente da Ademi-RJ não descartou que os imóveis novos no Rio poderão sofrer reajuste. Já Cláudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio, complementou que o mercado tem a necessidade de repassar esse aumento de custos. “E se não conseguir isso, a tendência é de uma redução na velocidade dos lançamentos”, pontuou Hermolin.
Mesmo com este cenário, o mercado permanece otimista, pois segundo dados da Ademi-RJ e do Sinduscon-Rio, ainda é possível comprar imóveis já lançados sem aumento de preços. Em dezembro de 2021, por exemplo, o estoque no município do Rio era de 11.658 unidades, com queda em relação às 13.518 ofertas de dezembro de 2020.
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