Publicado 14/12/2022 06:00
Em 11 de dezembro de 1826 morreu a imperatriz Leopoldina por complicações em uma gravidez em que o filho que nascia também foi vítima fatal. Inteligente, culta e participante ativa do movimento da Independência, morreu amargurada pelos maus tratos que sofreu de Pedro I, mais dedicado à amante, pela solidão, registrada nas cartas que enviava a seu pai e à sua irmã, e pelas derrotas que o Brasil vinha sofrendo, de que é exemplo a perda da Cisplatina.
No amor conjugal, afeto incomum aos membros de famílias reais, foi zelosa e apaixonada. Como mãe teve muitas alegrias, mas também profundas tristezas – depois de casada, teve quase um filho por ano, e a cada um se fazia presente e amorosa, mas chorou mortes prematuras. O chamado primeiro mártir da Independência foi seu filho primogênito, que não resistiu a uma viagem difícil, feita de última hora, para se afastarem da violência do Rio de Janeiro.
Leopoldina também foi exemplar no exercício do poder. A jovem arquiduquesa se fez princesa do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e deu seguimento à fundação desta pátria trabalhando junto com outros poucos que merecem destaque, por entender que o Brasil era uma terra com um futuro espetacular, e que de Portugal já não se podia esperar nada.
Nosso elo com seu povo, que sempre se destacou pela cultura – sua família sustentou e promoveu Goethes e Beethovens – deveria ser mais vivo em nossa memória coletiva. Devoradora de livros, amante das letras, das Ciências e das Artes, a mãe do Brasil deixou em nosso DNA nacional o amor ao saber; só precisa ser reavivado.
O losango amarelo da bandeira nacional existe em sua homenagem, sinalizando o feminino e fazendo referência à casa de Habsburgo. A cor amarela é sua marca perene, que extravasa para diversas formas de representação nacional, entre os quais a camisa da seleção de futebol mais famosa do mundo. E está bem acompanhada, porque a camisa reserva, azul, é inspirada no manto de Nossa Senhora Aparecida.
Acredito que sua biografia pode ser mais explorada pela arte, e que a ciência histórica ganhará com novos estudos, por exemplo, sobre sua importância para a costura internacional a partir de seu elo de sangue com o poderoso Império Austríaco. Neste sentido, nossa secretaria nacional e a embaixada da Áustria, fizemos uma parceria para que uma artista austríaca, Birgit Graschopf, deixasse a face de Leopoldina pintada em uma parede de umas principais bibliotecas públicas desse país, a Biblioteca Demonstrativa do Brasil.
Alunos me perguntam se é certo dizer que Leopoldina foi infeliz. Não sei dizer, isso faz parte do imponderável. Sua vida curta e melancólica tem momentos grandiosos. Se ao escrever a seu marido e príncipe que o pomo estava maduro a ela cabe grande parte no grande feito da Independência, foi por isso que teve uma filha rainha e um filho imperador, e é por isso que hoje nós nos lembramos dela.
No amor conjugal, afeto incomum aos membros de famílias reais, foi zelosa e apaixonada. Como mãe teve muitas alegrias, mas também profundas tristezas – depois de casada, teve quase um filho por ano, e a cada um se fazia presente e amorosa, mas chorou mortes prematuras. O chamado primeiro mártir da Independência foi seu filho primogênito, que não resistiu a uma viagem difícil, feita de última hora, para se afastarem da violência do Rio de Janeiro.
Leopoldina também foi exemplar no exercício do poder. A jovem arquiduquesa se fez princesa do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e deu seguimento à fundação desta pátria trabalhando junto com outros poucos que merecem destaque, por entender que o Brasil era uma terra com um futuro espetacular, e que de Portugal já não se podia esperar nada.
Nosso elo com seu povo, que sempre se destacou pela cultura – sua família sustentou e promoveu Goethes e Beethovens – deveria ser mais vivo em nossa memória coletiva. Devoradora de livros, amante das letras, das Ciências e das Artes, a mãe do Brasil deixou em nosso DNA nacional o amor ao saber; só precisa ser reavivado.
O losango amarelo da bandeira nacional existe em sua homenagem, sinalizando o feminino e fazendo referência à casa de Habsburgo. A cor amarela é sua marca perene, que extravasa para diversas formas de representação nacional, entre os quais a camisa da seleção de futebol mais famosa do mundo. E está bem acompanhada, porque a camisa reserva, azul, é inspirada no manto de Nossa Senhora Aparecida.
Acredito que sua biografia pode ser mais explorada pela arte, e que a ciência histórica ganhará com novos estudos, por exemplo, sobre sua importância para a costura internacional a partir de seu elo de sangue com o poderoso Império Austríaco. Neste sentido, nossa secretaria nacional e a embaixada da Áustria, fizemos uma parceria para que uma artista austríaca, Birgit Graschopf, deixasse a face de Leopoldina pintada em uma parede de umas principais bibliotecas públicas desse país, a Biblioteca Demonstrativa do Brasil.
Alunos me perguntam se é certo dizer que Leopoldina foi infeliz. Não sei dizer, isso faz parte do imponderável. Sua vida curta e melancólica tem momentos grandiosos. Se ao escrever a seu marido e príncipe que o pomo estava maduro a ela cabe grande parte no grande feito da Independência, foi por isso que teve uma filha rainha e um filho imperador, e é por isso que hoje nós nos lembramos dela.
Como dizia o poeta do mar, a felicidade “está sempre apenas onde a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos”.
Rafael Nogueira é secretário nacional de Cultura e ex-presidente da Biblioteca Nacional
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