Publicado 03/07/2024 00:00 | Atualizado 03/07/2024 17:17
Celebrado anualmente nos EUA com festas, piqueniques, jantares e fogos de artifício, o Dia da Independência comemora uma decisão ousada tomada por idealistas com convicções firmes e diversas. Sem certeza de vitória e sob constante ameaça de enforcamento por traição, eles enfrentaram corajosamente o império mais poderoso do mundo.
PublicidadeA guerra, iniciada em 1775, foi extremamente difícil. George Washington enfrentou inúmeras derrotas e contratempos, e em muitos momentos, a causa americana parecia perdida. Persistência, estratégia e um pouco de sorte pesaram a balança a favor do general americano. O apoio de Thomas Paine, cujos escritos, posteriormente compilados em “American Crisis”, inflamaram o espírito patriótico dos colonos e soldados, mantendo o moral alto. E a chegada decisiva de navios franceses fortemente armados, com um desejo fervoroso de vingança contra o inimigo comum, mudou o curso da guerra, que terminou em 1783.
Thomas Jefferson, com a ajuda e revisão de personagens como Benjamin Franklin e John Adams, articulou os princípios fundamentais que nortearam a ruptura. A Declaração de Independência, aprovada nos primeiros dias de julho de 1776, foi um marco para o mundo, inspirando revoluções, movimentos de independência e lutas por direitos políticos.
As figuras de Benjamin Franklin e John Adams ganharam destaque em marcantes produções audiovisuais. A recente série da Apple sobre Franklin, baseada no livro “A Great Improvisation...” apresenta um retrato divertido, mas o roteiro se arrasta devido a adições desnecessárias de elementos da cultura woke, além de performances que deixam a desejar. Em contraste, a minissérie “John Adams” da HBO é uma verdadeira obra-prima, oferecendo um retrato vívido e emocionalmente profundo da época.
No campo da literatura, o premiado Joseph J. Ellis merece destaque especial. Seus livros proporcionam uma compreensão rica e detalhada da era da fundação americana. Obras como “American Sphinx: The Character of Thomas Jefferson” e “Founding Brothers” são exemplos de sua habilidade em combinar pesquisa meticulosa com narrativa envolvente. Em “His Excellency: George Washington” e “Passionate Sage: The Character and Legacy of John Adams”, Ellis explora as complexidades pessoais e políticas desses fundadores.
“A Causa”, de Ellis, sua obra mais recente, síntese de décadas de estudo, merece edição brasileira. Ele não apenas questiona alguns dos mitos fundacionais dos EUA, mas também exemplifica como fazer boa historiografia, evitando os excessos politicamente corretos, sem deixar de questionar ufanismos. Ellis mostra que a causa das 13 colônias inglesas foi menos uma luta unificada por uma nação, e mais um movimento baseado em princípios mutáveis e ambíguos, destacando perfis variados de participantes, desde legalistas britânicos até escravos e nativos americanos.
“A Causa”, de Ellis, sua obra mais recente, síntese de décadas de estudo, merece edição brasileira. Ele não apenas questiona alguns dos mitos fundacionais dos EUA, mas também exemplifica como fazer boa historiografia, evitando os excessos politicamente corretos, sem deixar de questionar ufanismos. Ellis mostra que a causa das 13 colônias inglesas foi menos uma luta unificada por uma nação, e mais um movimento baseado em princípios mutáveis e ambíguos, destacando perfis variados de participantes, desde legalistas britânicos até escravos e nativos americanos.
A Revolução Americana foi não apenas a inspiração para a Revolução Francesa, mas também para várias independências na América Latina, entre as quais, a do Brasil, e permanece como um forte mito político, influente sobre todo o mundo. Com seu apelo à liberdade, representatividade, federalismo, constitucionalismo e direitos individuais, os founding fathers fertilizaram o universo cultural dos séculos XVIII e XIX, levando muitos povos a valorizar e defender os mesmos princípios até hoje.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.