Publicado 17/07/2024 00:00
O recente atentado contra Donald Trump nos força a refletir. A mim me parece claro que quem aponta o dedo na cara do adversário político gritando "fascista" quer mais é lhe dar o mesmo destino que tiveram Mussolini e seus asseclas. Pior ainda quando falam do totalitarismo alemão. O que mais precisa acontecer para que o extremismo de esquerda seja criminalizado?
Identificar alguém como fascista, nazista ou racista é fazer do indivíduo uma antipessoa, é ofender sua dignidade e atrair contra ele toda a violência possível. Essa violência percorre alguns graus: decadência ou fracasso profissional, perseguição política, prisão arbitrária, agressão física e, por fim, morte. Assassinato. Homicídio mesmo. Aquelas palavras não servem só a um insulto ingênuo. Nesse tipo de debate não se xinga ninguém de nazista só por brincadeira; esse tipo de qualificação é um invariável convite à violência, uma permissão para que os outros tratem aquela pessoa como inimigo a eliminar da disputa política e, sendo possível, da face da terra.
O fascismo é um fenômeno histórico datado do século XX, que teve por cenário principalmente a Itália, com variações e derivações noutros países. O movimento promoveu a violência como aspecto aceitável da política, com a formação de grupos armados dentro do partido e a submissão das forças armadas a eles.
O fascismo acreditava no fim da democracia liberal, e por isso antagonizava com a direita.
Os pontos elencados mostram semelhanças com a esquerda de hoje; eram anticomunistas justamente por esse motivo, e não por incompatibilidade de princípios: disputavam o mesmo espaço, usando os mesmo métodos, mas com sutis diferenças de cosmovisão.
A direita brasileira de hoje, nascida em 2013, nada tem com isso.
Sabemos todos que os fascistas tiveram um fim não muito bonito. Acabaram mortos; as cabeças cortadas e penduradas em praça pública. Essas mortes tiveram seu contexto, suas justificativas históricas; eu mesmo, a bem dizer, não sinto muita pena de ninguém ali.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo entrou em acordo de que esses movimentos eram abomináveis, o que justificava as repreensões severas que o pós-guerra trouxe: perseguições, prisões, exclusões e até condenações à morte. Assim, para manter viva a violência permitida contra qualquer um que possam rotular desse modo, as esquerdas e seus aliados se esforçam para não dissipar o clima de pós-guerra.
Ora, numa democracia, uma classificação política responsável deve reconhecer as esquerdas, os centros e as direitas. Sim, as direitas, que não são todas “extremas-direitas”, “ultradireitas” e essas coisas todas que a gente ouve e lê todo dia, não sem achar certa graça. A direita tem várias vertentes, como o liberalismo capitalista, os conservadorismos (liberal, cultural e autoritário), o reacionarismo e o tradicionalismo. Nenhuma delas responsável pelos horrores das décadas de 20 a 40 do século XX.
Quem quer reduzir o espectro somente a esquerdas, centro e extrema-direita, saiba ou não, tem sangue nas mãos. Quem diz que aquele que discorda é simplesmente fascista – ou coisa parecida – tem sangue nas mãos. Quem relativiza atentados tem sangue nas mãos. Quem põe nas vítimas a culpa por esses atentados também tem sangue nas mãos.
Quando a direita tira fotos com armas, não faz isso para promover violência, mas para argumentar em prol da legítima defesa. A ideia de violência como política só serve à caricatura que a esquerda gosta de pintar; não é algo que se veja a sério em nenhum círculo da direita democrática.
Diante de tanta injustiça, às claras ou às sombras, a direita só tem crescido. As eleições municipais mostrarão isso com grande eloquência. Vencerá a direita que acredita que política e violência não podem coexistir. Que fazer do outro alvo de violência é violência. E que isso deve ser considerado crime. Um crime não contra uma pessoa em particular — um Trump aqui, um Bolsonaro ali —, mas contra a própria democracia que seus inimigos dizem resguardar.
Sabemos todos que os fascistas tiveram um fim não muito bonito. Acabaram mortos; as cabeças cortadas e penduradas em praça pública. Essas mortes tiveram seu contexto, suas justificativas históricas; eu mesmo, a bem dizer, não sinto muita pena de ninguém ali.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo entrou em acordo de que esses movimentos eram abomináveis, o que justificava as repreensões severas que o pós-guerra trouxe: perseguições, prisões, exclusões e até condenações à morte. Assim, para manter viva a violência permitida contra qualquer um que possam rotular desse modo, as esquerdas e seus aliados se esforçam para não dissipar o clima de pós-guerra.
Ora, numa democracia, uma classificação política responsável deve reconhecer as esquerdas, os centros e as direitas. Sim, as direitas, que não são todas “extremas-direitas”, “ultradireitas” e essas coisas todas que a gente ouve e lê todo dia, não sem achar certa graça. A direita tem várias vertentes, como o liberalismo capitalista, os conservadorismos (liberal, cultural e autoritário), o reacionarismo e o tradicionalismo. Nenhuma delas responsável pelos horrores das décadas de 20 a 40 do século XX.
Quem quer reduzir o espectro somente a esquerdas, centro e extrema-direita, saiba ou não, tem sangue nas mãos. Quem diz que aquele que discorda é simplesmente fascista – ou coisa parecida – tem sangue nas mãos. Quem relativiza atentados tem sangue nas mãos. Quem põe nas vítimas a culpa por esses atentados também tem sangue nas mãos.
Quando a direita tira fotos com armas, não faz isso para promover violência, mas para argumentar em prol da legítima defesa. A ideia de violência como política só serve à caricatura que a esquerda gosta de pintar; não é algo que se veja a sério em nenhum círculo da direita democrática.
Diante de tanta injustiça, às claras ou às sombras, a direita só tem crescido. As eleições municipais mostrarão isso com grande eloquência. Vencerá a direita que acredita que política e violência não podem coexistir. Que fazer do outro alvo de violência é violência. E que isso deve ser considerado crime. Um crime não contra uma pessoa em particular — um Trump aqui, um Bolsonaro ali —, mas contra a própria democracia que seus inimigos dizem resguardar.
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