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Maína CelidonioBeth Santos / Prefeitura do Rio
Por Sidney Rezende
Publicado 06/06/2021 06:00
A secretária municipal Maína Celidonio lidera o processo de recuperação, reconstrução e melhoria nos transportes públicos da cidade do Rio de Janeiro. Em entrevista ao jornal O Dia, Maína falou dos desafios que a pasta de Transportes precisa enfrentar no Rio de Janeiro, uma das cidades mais conhecidas do mundo. "O sistema sofre por depender exclusivamente da tarifa paga pelo passageiro. Quando menos pessoas têm renda e emprego, a demanda cai, como vem ocorrendo desde de 2015. Isso deixa o setor muito exposto a choques de demanda, como uma crise econômica e pandemia. Como resposta à diminuição das receitas, os empresários do setor reduzem a oferta e a qualidade do serviço", conta. Com a pandemia da covid-19 e a necessidade de um maior distanciamento entre as pessoas para diminuir o contágio da doença, o setor de transportes públicos virou foco de atenção com as aglomerações. Uma das ações da secretaria foi em relação ao BRT. "Houve o reforço na frota com 90 ônibus convencionais no corredor Transoeste, contratados pela equipe de intervenção para melhor distribuição dos passageiros nos horários de pico, contribuindo, assim, para a redução da aglomeração'', disse.
Hoje qual é o principal problema da área de transportes no Rio de Janeiro?
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"Descaso generalizado no BRT tornou situação insustentável"

Maína Celidonio - Beth Santos / Prefeitura do Rio
Maína CelidonioBeth Santos / Prefeitura do Rio
Por Sidney Rezende
Publicado 06/06/2021 06:00
A secretária municipal Maína Celidonio lidera o processo de recuperação, reconstrução e melhoria nos transportes públicos da cidade do Rio de Janeiro. Em entrevista ao jornal O Dia, Maína falou dos desafios que a pasta de Transportes precisa enfrentar no Rio de Janeiro, uma das cidades mais conhecidas do mundo. "O sistema sofre por depender exclusivamente da tarifa paga pelo passageiro. Quando menos pessoas têm renda e emprego, a demanda cai, como vem ocorrendo desde de 2015. Isso deixa o setor muito exposto a choques de demanda, como uma crise econômica e pandemia. Como resposta à diminuição das receitas, os empresários do setor reduzem a oferta e a qualidade do serviço", conta. Com a pandemia da covid-19 e a necessidade de um maior distanciamento entre as pessoas para diminuir o contágio da doença, o setor de transportes públicos virou foco de atenção com as aglomerações. Uma das ações da secretaria foi em relação ao BRT. "Houve o reforço na frota com 90 ônibus convencionais no corredor Transoeste, contratados pela equipe de intervenção para melhor distribuição dos passageiros nos horários de pico, contribuindo, assim, para a redução da aglomeração'', disse.
Hoje qual é o principal problema da área de transportes no Rio de Janeiro?
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Há uma conjunção de fatores. O sistema sofre por depender exclusivamente da tarifa paga pelo passageiro. Quando menos pessoas têm renda e emprego, a demanda cai, como vem ocorrendo desde de 2015. Isso deixa o setor muito exposto a choques de demanda, como uma crise econômica e pandemia. Como resposta à diminuição das receitas, os empresários do setor reduzem a oferta e a qualidade do serviço. Essa fragilidade poderia ser mitigada pela introdução de subsídios, como receitas de taxação do transporte individual. Além disso, há um problema crônico de falta de transparência e de profissionalização, que levou à extrema judicialização dos contratos e impede uma maior celeridade na busca de soluções. Para resolver essa situação, estamos preparando uma licitação da bilhetagem eletrônica, prevista para ocorrer até o final deste ano. Essa licitação permitirá aumentar o controle e a transparência do sistema, a partir do controle do poder público sobre a bilhetagem e a receita, com a possibilidade também de mudar o modelo de gestão com pagamento por custo e qualidade do serviço prestado e não mais pagamento por passageiro carregado. O novo sistema de bilhetagem prevê, por exemplo, a possibilidade de utilização de múltiplas formas de pagamento e recargas em diferentes redes de comercialização. O acesso a dados confiáveis de demanda promoverão importantes insumos para o planejamento e monitoramento do sistema de transporte da cidade.
O que foi feito para evitar aglomerações no transporte público com vistas a evitar a propagação do vírus da Covid?
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Desde os primeiros dias da nova gestão, empreendemos esforços de conscientização da população, com a distribuição de 150 mil máscaras doadas pela iniciativa privada, além da instalação de tótens com álcool em gel nas estações mais movimentadas do BRT. Diante da falta de frota no BRT, a prefeitura decretou uma intervenção no sistema, há dois meses. Desde então, o BRT vem apresentando melhorias na qualidade dos serviços, com cerca de 50 articulados recuperados nesse período, totalizando 170 veículos em operação nos três corredores. Também houve o reforço na frota com 90 ônibus convencionais no corredor Transoeste, contratados pela equipe de intervenção para melhor distribuição dos passageiros nos horários de pico, contribuindo, assim, para a redução da aglomeração. Hoje o “Diretão”, como ficou conhecido o serviço, carrega em média 17 mil passageiros por dia. Além disso, o sistema de ônibus comuns vem sendo fiscalizado diariamente para aumentar a frota em circulação.
Por que o BRT se transformou em um exemplo de ineficiência?
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A crise econômica agravada pela pandemia e o fato dos empresários não terem cumprido o contrato de concessão com a prefeitura, levando a um descaso generalizado com a conservação dos ônibus e estações, tornou a situação insustentável. Para avançar na solução, estamos preparando novas licitações para a operação e para o fornecimento de frota de ônibus articulados.
Um trabalhador que mora na Zona Oeste e trabalha na Zona Sul da cidade pode levar 2, 3 horas para chegar ao seu destino, muitas vezes em veículos superlotados e em má conservação. Como fazer para o passageiro não sofrer tanto?
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Dada a distribuição de oportunidades na cidade, como emprego, saúde e educação, é fundamental que o sistema de transporte público garanta o acesso dos cidadãos a essas oportunidades, inclusive através de subsídios para as viagens mais longas e menos rentáveis para os operadores. Para isso acontecer, é necessário antes rever o modelo de remuneração de transporte da cidade, hoje exclusivamente dependente da receita da tarifa. Porém, esta solução exige algum tempo para ser implementada. Portanto, no que diz respeito às ações de curto prazo, a prefeitura vem tentando aumentar a quantidade de ônibus circulando na cidade. Observa-se que após a prefeitura assumir emergencialmente o BRT, o número de ônibus articulados vem gradativamente aumentando, o que vem ajudando na melhor distribuição dos passageiros nos horários de pico da manhã e da tarde. Também temos feito fiscalizações frequentes nas ruas e nas garagens dos ônibus. Quando constatamos má conservação de qualquer veículo, a empresa responsável é autuada, e, dependendo do estado, o veículo pode ser lacrado.
Houve uma diminuição das linhas de ônibus na cidade. Como têm sido as conversas com os consórcios para resolver esse problema?
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Uma das nossas primeiras ações na SMTR foi levantar as linhas de ônibus de maior prioridade para a população e que estavam inoperantes ou com pouco atendimento. Temos feito reuniões frequentes com representantes dos consórcios de ônibus em busca de melhor atendimento aos passageiros. Já constatamos aumento da frota e retorno de linhas que estavam inoperantes. Ao término da revisão, vamos propor modificações nas linhas para suprir os serviços, de forma a otimizar e reestruturar o sistema de transporte por ônibus na cidade. Essas soluções estão sendo implantadas em caráter transitório enquanto se define um novo modelo de gestão do sistema para uma solução que, de fato, possa garantir maior qualidade do serviço ao cidadão.
A secretaria quer implantar um projeto para fornecer informações para os usuários nos pontos de ônibus. Como é esse projeto e qual a previsão para ficar pronto?
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Trabalhamos em um novo sistema de informações online que permitirá ao usuário acesso a informações sobre o sistema rodoviário em tempo real. A previsão é que comece a ser implementado no segundo semestre deste ano no sistema BRS.
As obras para a Transbrasil começaram quando Eduardo Paes foi prefeito pela primeira vez e estava prevista para 2016. O que falta para finalmente o corredor ser concluído e como será o plano operacional?
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Salientamos que a obra nunca foi uma promessa para 2016. Atualmente, revisamos o plano operacional, discutindo a integração metropolitana com o Governo do Estado, e o escopo de obras necessário para a implementação do corredor BRT Transbrasil. O plano prevê um terminal multimodal próximo à Rodoviária Novo Rio, com integração entre BRT, VLT e ônibus. Com o novo corredor, o VLT se tornará o grande modo integrador do Centro para os passageiros que chegam da Zona Oeste e Norte. As obras serão retomadas gradativamente e a previsão inicial é a de que o corredor fique pronto até o fim do ano que vem.
Muitas cidades do mundo são reconhecidas pelo bom trabalho em relação à mobilidade urbana. O que a senhora tem visto de interessante em outros lugares no Brasil e no exterior que poderia ser implementado no Rio?
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Várias cidades têm servido de referência para o Rio de Janeiro aprimorar a sua mobilidade urbana. Nos espelhamos em casos de cidades europeias, mas também em cidades mais próximas de nossa realidade, como as cidades latino-americanas e brasileiras. Fortaleza aumentou de forma muito significativa a sua malha cicloviária e a prioridade do transporte público na via com baixo custo de investimento. São Paulo e Belo Horizonte têm um sistema de gestão operacional mais robusto, com impacto dos indicadores de qualidade do serviço na remuneração das operadoras de ônibus. E estamos construindo um sistema de monitoramento que permita um controle mais efetivo sobre o serviço prestado nas ruas e informações aos passageiros em tempo real. Londres tem um sistema intermodal bem desenvolvido, que congrega táxis, ônibus, trens e modos ativos, sob gestão centralizada, que também é inspirador. Santiago e Bogotá também já demonstraram que é possível a introdução em massa de Veículos Zero Emissões (VZE) nas ruas da cidade. Essa redução de emissões no setor de transportes tem uma importância especial no Rio, pois é a segunda maior fonte de gases de efeito estufa da cidade. 
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