Publicado 14/11/2023 00:00
O Brasil é conhecido pelos seus altos índices de juros, uma realidade que se revela rapidamente ao atrasarmos o pagamento da fatura do cartão de crédito. Empréstimos são desafiadores e caros de se pagar, podendo facilmente se tornar uma complicada bola de neve. Vale evitar, salvo casos de absoluta necessidade ou urgência. Embora não seja tarefa fácil, devemos todos nos esforçar para gastar menos do que recebemos, tanto em nossas vidas pessoais quanto no governo, que depende dos impostos pagos pelos cidadãos.
Infelizmente, um hábito persiste entre os políticos: a resistência em reduzir despesas, sempre inclinados a pensar em como gastar mais, incessantemente. Mais obras, mais nomeados, mais publicidade (especialmente em anos eleitorais). Raramente surge alguém com a proposta de diminuir os gastos e aliviar a carga tributária do cidadão, permitindo que seu suado dinheiro permaneça consigo, e não nos cofres públicos.
Como não se vai por aí e a decisão é manter os gastos lá em cima, o governante tem duas principais alternativas para ter os recursos que deseja: o aumento de impostos e a contratação de dívidas. No primeiro caso, a sociedade paga a fatura agora; no segundo, no futuro. Mas, certamente, o pagamento será cobrado.
No Rio de Janeiro, nossa cidade, essa prática não tem sido exceção. Apesar de ter recebido alguns bilhões por causa da venda da CEDAE, uma "panela cheia", a prefeitura vem "raspando o tacho" em toda oportunidade que tem. Somente nesta gestão, de 2021 até o presente momento, observamos: realização de cinco novos empréstimos, leilão para antecipar receitas que seriam destinadas aos próximos anos (como os royalties do petróleo e parte da venda da CEDAE) e até mesmo a antecipação de aluguéis! Um exemplo é a renovação do aluguel de terreno que abriga um posto de gasolina no Aterro do Flamengo, para um contrato de 20 anos, sendo que o vencedor do leilão terá que adiantar o pagamento referente a 10 anos.
Ora, prefeito, esses valores não pertencem aos próximos governos? Imagine assumir o próximo mandato já comprometido com dívidas e com as receitas futuras já antecipadas - e gastas! - por quem veio antes de você. A conta não vai fechar, restando retornar às opções já mencionadas: novos empréstimos, aumento de impostos ou, enfim, o corte de gastos. É preciso ajustar as despesas ao que temos de receita. Sermos responsáveis hoje para não termos dificuldade no futuro.
Agora, convenhamos: quando foi a última vez que ouvimos alguém falar e agir assim aqui no Rio de Janeiro? Pois é, não chegamos a esta situação por acaso.
Pedro Duarte
Vereador (Novo)
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