Publicado 05/12/2023 00:00
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) propôs e aprovou, com poucas vozes contrárias, uma lei que exige a remoção de estátuas, monumentos, placas e outras homenagens a "pessoas que feriram os direitos humanos, a democracia, a liberdade religiosa e a igualdade racial". Embora a ideia possa parecer nobre à primeira vista, uma rápida reflexão revela o quão perigosa ela pode ser para a sociedade e a história do nosso país.
Logo após a aprovação, a imprensa divulgou uma lista organizada por vereadores do PSOL, indicando estátuas que deveriam ser removidas do espaço público, privando assim o público de sua presença (ou seja, censura). Dois nomes nessa lista surpreenderam a muitos: Padre Antonio Vieira e Duque de Caxias.
O Padre Antonio Vieira era um jesuíta, missionário, filósofo e escritor, figura influente do século XVII. Sua estátua foi doada ao Rio de Janeiro pela Câmara Municipal de Lisboa. Seu "crime" histórico, que justificaria seu banimento das vias públicas, foi o "desrespeito" à liberdade religiosa dos indígenas, dada sua missão de catequizá-los. Isso é uma ideia absurda e sem sentido, especialmente quando lembramos que esse era o papel de todos os missionários e que o Padre foi um crítico fervoroso da escravidão em sua época.
Já o Duque de Caxias lutou pela independência do Brasil contra Portugal, foi o mestre de armas de Dom Pedro II e comandou as Forças Armadas do país nas guerras contra a Argentina (1851) e o Paraguai (1864). Ele é considerado o patrono do Exército Brasileiro e um dos militares mais importantes de nossa história.
Não estou sugerindo que essas figuras históricas fossem santas ou perfeitas. Isso não existe; o homem é complexo e é moldado pelo seu tempo e sociedade. É correto julgar as vidas, escritos e decisões daqueles que vieram antes de nós, sem permitir que as gerações futuras formem seus próprios julgamentos? Além disso, é perigoso permitir que alguns escolham em nome de todos. Na lista do PSOL, incluíram Castelo Branco, mas deixaram de fora Getúlio Vargas, ambos ditadores. Por que a regra se aplica a um e não ao outro?
Todos têm o direito de conhecer, aprender, contextualizar e julgar aqueles que formaram o nosso país. Portanto, juntamente com um grupo de vereadores, defendo a revogação dessa lei, respeitando a liberdade de aprendizado e juízo de cada indivíduo. Não podemos permitir que reescrevam a história de acordo com suas conveniências.
Pedro Duarte
Vereador (Novo)
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