Publicado 09/01/2024 00:00
Na minha coluna aqui no final do ano passado pude mostrar os eixos principais do Plano Diretor aprovado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro ao final do ano passado. O texto, que ainda deverá ser sancionado ou vetado integral ou parcialmente pelo Prefeito, tem mais de 500 artigos e incontáveis parágrafos, incisos e alíneas. Muitos bairros tiveram pequenos ajustes e correções em seus territórios, mas gostaria aqui de destacar avanços estruturais que conseguimos aprovar na votação deste Plano Diretor.
Ampliamos consideravelmente o potencial construtivo na Zona Norte do Rio de Janeiro, um passo fundamental para atrair o mercado para essa região que, apesar de tradicional, vem se degradando e perdendo a capacidade de manter seus moradores e atrair novos. Além disso, o potencial ganha um adicional de 50% se estiver a 800 metros da estação de metrô ou trem. Assim, viabilizamos que mais pessoas morem perto do transporte de alta capacidade já existente na cidade.
Outro avanço fundamental, e que se relaciona diretamente com o debate da mobilidade urbana, é o fim da exigência de vagas de garagem em boa parte da cidade. A partir de agora, não será exigida vaga na construção de novos edifícios residenciais no Centro (Área de Planejamento 1), Zona Sul e Grande Tijuca (Área de Planejamento 2) e Zona Norte (Área de Planejamento 3). A decisão sobre ter ou não uma vaga para se estacionar caberá aos envolvidos nesse processo: aquele que constrói e o que compra. Não há motivo para a lei interferir nisso, lembrando que a demanda por esse tipo de espaço caiu muito nos
últimos anos, pelo home office, surgimento dos aplicativos de transporte e aumento do custo de vida - que fez as pessoas procurarem apartamentos mais baratos e evitarem ou não conseguirem adquirir um veículo.
últimos anos, pelo home office, surgimento dos aplicativos de transporte e aumento do custo de vida - que fez as pessoas procurarem apartamentos mais baratos e evitarem ou não conseguirem adquirir um veículo.
A respeito das vitórias no âmbito de procurar desengessar a legislação para a construção civil, um dos eixos que destaquei em minha outra coluna sobre o tema, podemos citar duas delas: a exclusão do afastamento frontal progressivo das normativas de uso e ocupação do solo e a desburocratização da revitalização ou reconstrução de edificações.
O triunfo relativo ao afastamento progressivo foi que a sua supressão impediu que fossem exigidos afastamentos além do mínimo já determinado para cada região pelo próprio Plano Diretor. O dispositivo vetado obrigava as edificações de 6 a 10 pavimentos a aplicarem um afastamento mínimo frontal de 5 metros - e de 8 metros nas com mais de 10 pavimentos.
Já em relação à desburocratização da revitalização ou reconstrução de edificações, destacamos dois pontos. O primeiro foi a adição de dispositivo garantindo que em edificação regularmente licenciada será permitida a sua modificação interna, desde que mantida a volumetria externa existente, ficando facultada a sua demolição e reconstrução na volumetria original. Além disso, foi incluído artigo apontando que em caso de
reconstrução ou ampliação de uma edificação, a outorga onerosa incidirá apenas sobre a área construída que ultrapasse aquela da edificação preexistente, sendo uma maneira de incentivar a reconversão (ou retrofit), que usualmente é bastante custosa.
reconstrução ou ampliação de uma edificação, a outorga onerosa incidirá apenas sobre a área construída que ultrapasse aquela da edificação preexistente, sendo uma maneira de incentivar a reconversão (ou retrofit), que usualmente é bastante custosa.
Por último, não podemos deixar de citar a consolidação dos parâmetros urbanísticos das 5 Áreas de Planejamento da cidade em um anexo único do Plano Diretor, possibilitando a revogação de mais de 60 legislações, algumas de décadas atrás. Um exemplo é Campo Grande, que assim como outras regiões da cidade, tinha um Projeto de Estruturação Urbana para chamar de seu, que definia, entre outros parâmetros, o índice de aproveitamento do terreno, o número máximo de pavimentos e o afastamento frontal
mínimo da localidade em uma legislação esparsa. Bairros como Urca e Botafogo seguiam o
mesmo padrão. Agora, está tudo no Plano Diretor.
mínimo da localidade em uma legislação esparsa. Bairros como Urca e Botafogo seguiam o
mesmo padrão. Agora, está tudo no Plano Diretor.
Depois de travados amplos debates com a sociedade civil, entidades representativas e a classe política, o Rio de Janeiro caminha, finalmente, para ter um Plano Diretor moderno e competitivo, que incentiva o bom adensamento e o convívio entre residencial e comercial. Queremos uma cidade viva, plural e no rumo do desenvolvimento.
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