Publicado 07/05/2024 00:00
Não há dúvida de que grandes eventos, mesmo que pontuais, trazem benefícios para a economia e para o turismo do Rio de Janeiro, além de elevar a autoestima de todos nós, cariocas. Mas, a médio e longo prazo, quais ações estruturais podem ser implementadas, a fim de potencializar essa imensa vocação que nossa ‘Cidade Maravilhosa’ tem para atrair visitantes e oferecer a todos uma experiência única?
PublicidadeVamos concordar que, já de cara, temos uma grande vantagem e precisamos aproveitá-la bem. Estou falando do nosso principal atrativo turístico: a beleza ímpar das paisagens naturais do Rio aliada a uma arquitetura carregada de história e a um estilo de vida que conquista corações e mentes. Ou seja, para além dos eventos grandiosos, o Rio dá show de beleza já no exato momento em que o turista põe os pés em solo carioca.
Mas é também no momento em que o visitante coloca os pés por aqui que nossos problemas e deficiências surgem debaixo desse lindo tapete vermelho. Não adianta escondê-los. Logo ao desembarcar na cidade - seja no Aeroporto do Galeão, no Santos Dumont ou até mesmo na Rodoviária Novo Rio -, o turista tem que lidar com um ostensivo assédio de motoristas de táxi. E isso não tem nada de bonito!
Quer outro exemplo? Imagine o turista que chega cheio de expectativas ao aeroporto ou à rodoviária, sedento por conhecer tudo (e pagar por isso!). Ele procura um estande da Riotur para comprar o passe de um circuito turístico que inclua entrada para as principais atrações da cidade. Infelizmente, ele ficará só na vontade. A possibilidade simplesmente não existe nesses lugares, ao contrário do que acontece em Lima, Londres ou Buenos Aires.
Não é algo a se subestimar. A implantação de um passe carioca seria uma ação de baixo custo que geraria maior circulação de turistas e integração entre as diversas atrações turísticas da cidade. Poderíamos oferecer, num único cartão adquirido pelo visitante, a ida ao Cristo Redentor, Bondinho do Pão de Açúcar, Museu do Amanhã, Museu de Arte do Rio, entre outras localidades.
A capacitação dos profissionais que trabalham na cadeia produtiva do turismo é outro ponto a se observar (e melhorar!). Já temos a Escola Carioca de Turismo, que oferece cursos gratuitos voltados para o setor, tais como: recepção de hotéis, organização de eventos, ensino de idiomas, entre outros. Sem dúvida, trata-se de uma boa prática da prefeitura, através da Secretaria de Turismo.
No entanto, o programa poderia ter desempenho bem melhor. Para quem aposta tanto em trazer eventos grandiosos, chega a ser contraditória a tímida meta da prefeitura de capacitar apenas 3,8 mil trabalhadores para o setor turístico, segundo dados do programa relativos a 2023. O Rio precisa de mais! Afinal, quem nunca viu vendedores e garçons fazendo mímica para se comunicar com turistas estrangeiros?
Todas essas são ações de baixo custo que impactariam positivamente o turismo da nossa cidade, a médio e longo prazo. Mas, para implementá-las, é preciso planejamento e vontade política. E é preciso apontar os problemas, em vez de fingir que eles não existem. Ou, lembrando os últimos eventos grandiosos da cidade, é preciso não jogá-los simplesmente para debaixo do palco.
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