Publicado 14/05/2024 00:00
A dolorosa tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul traz a constatação de que não é mais possível ter uma postura negacionista em relação às mudanças climáticas. As recentes enchentes já deixaram, naquele estado, pelo menos 147 mortes, inúmeros desaparecidos e milhares de pessoas sem moradia. Mas, quanto ao Rio de Janeiro, até que ponto estamos preparados, como gestão pública, para enfrentar eventos extremos como aquele?
Sem dúvida, essa é uma pergunta importante para o futuro da nossa cidade, e, antes de respondê-la, é necessário destacar alguns pontos. Primeiro: o Rio possui uma geografia bastante complexa, onde grandes maciços dialogam com uma natureza pujante. Essa configuração influencia a forma como organizamos a nossa vida urbana. Segundo: somos uma região marcada por enchentes frequentes e temperaturas altíssimas, como as do verão passado, que registrou a maior média histórica desde 2014.
Não é difícil concluir, assim, que o tema preocupa. E é o que nos diz um importante relatório da Human Climate Horizons: o Rio está na lista das cidades que podem sofrer prejuízos severos em decorrência de eventos extremos, com 5% ou mais do seu território submerso nas próximas décadas. Exatamente por conta de todo esse contexto, é primordial pensar numa cidade que se torne resiliente; que seja capaz de resistir e se adaptar aos impactos gerados pela mudança climática.
Um primeiro passo para seguir esse caminho já foi dado, com a criação do Plano Estratégico de Adaptação às Mudanças Climáticas. Aliás, a iniciativa da Prefeitura do Rio deveria ser seguida pelas demais cidades do Estado do Rio, especialmente os municípios da Região Metropolitana. Nesse sentido, é necessário também que ações concretas sejam tomadas em consonância com esse plano.
Mas é preciso ir além. Estratégias que se adequem à ideia de Cidade Esponja devem ser prioritárias no orçamento municipal. Esse é um tema sobre o qual já mencionei num artigo anterior, neste mesmo espaço do jornal O DIA. Implica em ampliar túneis de drenagem urbana, criar mais reservatórios contra enchentes, como os existentes na Grande Tijuca, e, sobretudo, ampliar os corredores verdes, em especial nas zonas Oeste e Norte da cidade.
Em outra frente, a gestão no enfrentamento às mudanças climáticas deveria ser aprimorada. É preciso desenvolver um espaço institucional, nos moldes do Centro de Operações da Prefeitura (COR), que seja o centro de referência na elaboração, a curto, médio e longo prazo, de políticas públicas de prevenção de eventos decorrentes de mudanças climáticas. Esse espaço pode auxiliar no aprimoramento da comunicação e orientação da população, no caso de episódios de grande magnitude.
Estamos todos ainda muito impactados com a tragédia do Sul, a ponto de nossa preocupação com a população gaúcha ter gerado uma potente corrente de solidariedade. A Câmara do Rio, por exemplo, está arrecadando alimentos não perecíveis e outros itens de higiene básica.
A ajuda é essencial. Mas tão importante quanto isso é tirarmos algumas lições das enchentes, mudando, de uma vez por todas, a mentalidade da gestão pública no enfrentamento a eventos decorrentes da mudança
climática. Não podemos perder mais tempo!
PublicidadeSem dúvida, essa é uma pergunta importante para o futuro da nossa cidade, e, antes de respondê-la, é necessário destacar alguns pontos. Primeiro: o Rio possui uma geografia bastante complexa, onde grandes maciços dialogam com uma natureza pujante. Essa configuração influencia a forma como organizamos a nossa vida urbana. Segundo: somos uma região marcada por enchentes frequentes e temperaturas altíssimas, como as do verão passado, que registrou a maior média histórica desde 2014.
Não é difícil concluir, assim, que o tema preocupa. E é o que nos diz um importante relatório da Human Climate Horizons: o Rio está na lista das cidades que podem sofrer prejuízos severos em decorrência de eventos extremos, com 5% ou mais do seu território submerso nas próximas décadas. Exatamente por conta de todo esse contexto, é primordial pensar numa cidade que se torne resiliente; que seja capaz de resistir e se adaptar aos impactos gerados pela mudança climática.
Um primeiro passo para seguir esse caminho já foi dado, com a criação do Plano Estratégico de Adaptação às Mudanças Climáticas. Aliás, a iniciativa da Prefeitura do Rio deveria ser seguida pelas demais cidades do Estado do Rio, especialmente os municípios da Região Metropolitana. Nesse sentido, é necessário também que ações concretas sejam tomadas em consonância com esse plano.
Mas é preciso ir além. Estratégias que se adequem à ideia de Cidade Esponja devem ser prioritárias no orçamento municipal. Esse é um tema sobre o qual já mencionei num artigo anterior, neste mesmo espaço do jornal O DIA. Implica em ampliar túneis de drenagem urbana, criar mais reservatórios contra enchentes, como os existentes na Grande Tijuca, e, sobretudo, ampliar os corredores verdes, em especial nas zonas Oeste e Norte da cidade.
Em outra frente, a gestão no enfrentamento às mudanças climáticas deveria ser aprimorada. É preciso desenvolver um espaço institucional, nos moldes do Centro de Operações da Prefeitura (COR), que seja o centro de referência na elaboração, a curto, médio e longo prazo, de políticas públicas de prevenção de eventos decorrentes de mudanças climáticas. Esse espaço pode auxiliar no aprimoramento da comunicação e orientação da população, no caso de episódios de grande magnitude.
Estamos todos ainda muito impactados com a tragédia do Sul, a ponto de nossa preocupação com a população gaúcha ter gerado uma potente corrente de solidariedade. A Câmara do Rio, por exemplo, está arrecadando alimentos não perecíveis e outros itens de higiene básica.
A ajuda é essencial. Mas tão importante quanto isso é tirarmos algumas lições das enchentes, mudando, de uma vez por todas, a mentalidade da gestão pública no enfrentamento a eventos decorrentes da mudança
climática. Não podemos perder mais tempo!
* Pedro Duarte é vereador (Novo)
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