Dona de casa Patrícia Vilela Monteiro, de 47 anos, mostra cartaz com a foto do filho Jeferson Monteiro de Castro, de 16 anos, desaparecido há 1 ano, em Mesquita, na Baixada Fluminense Arquivo Pessoal
Publicado 26/06/2023 15:16
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Há 1 ano, em uma tarde fria de domingo, com a família reunida, logo após o café da tarde, o sumiço repentino do filho Jeferson Monteiro de Castro, de 15 anos, parece uma cena repetida, diariamente, na cabeça da dona de casa Patrícia Vilela Monteiro, de 47 anos, moradora de Mesquita, na Baixada Fluminense.
Assim como outras centenas de mães de desaparecidos em todo Brasil, entre a aflição da ausência e a esperança do reencontro, Patrícia nunca desistiu: continua realizando buscas e pedindo informações que levem ao paradeiro do estudante, que, segundo a família, nunca havia sumido ou ficado fora de casa sem avisar.
Jeferson desapareceu após sair para comprar refrigerante em um comércio localizado a poucos metros de distância de casa. A família se preparava para ir à igreja evangélica que congregavam. Ele vestia casaco, calça, tênis, todos da cor preta, e portava uma bolsa à tira colo.
Na ocasião, a demora demasiada no retorno do adolescente levou familiares e amigos acionarem a polícia e saírem em buscas de Jeferson em praças e ruas da região, unidades de saúde e institutos de medicina legais. O adolescente portava o aparelho celular, que foi desligado após o desaparecimento.
‘Parece um luto interminável’
Desde então, o sumiço de Jeferson mudou a rotina da família e afetou a saúde dos pais, que passaram a fazer uso de medicamentos para dormir. “Meu filho sumiu na poeira. Parece ter evaporado. Estranho ninguém ter informações sobre o caso do Jeferson. Nem a polícia consegue juntar elementos ou indícios de seu paradeiro. Estamos há 1 ano nessa luta”, relata a dona de casa Patrícia Monteiro.
“Quando chega alguma data comemorativa, ficamos esperançosos de ele aparecer. Só consigo dormir com remédios. Mesmo sabendo de todas as dificuldades, jamais irei desistir de procurar meu filho. É uma dor terrível, não tem como dar um significado. Parece um luto interminável”, emenda, emocionada, a mãe do adolescente.
 Família cobra efetividade nas investigações
Aflitos, familiares questionam a falta de respostas e cobram uma efetiva ação da polícia. Segundo eles, por se tratar de um adolescente, o caso deveria estar amparado na Lei Federal 11.259, que prevê, desde 2005, a investigação imediata de desaparecimento de criança ou adolescente.
Há alguns meses, a família relatou à polícia ter recebido ligações anônimas de outros aparelhos celulares dando conta da presença do adolescente em diversos locais, até em outros estados, mas nada foi confirmado. Imagens de câmeras da região também foram analisadas.
A Polícia Civil, através de sua assessoria de comunicação, informou na tarde desta segunda-feira (26/6), que as investigações sobre o sumiço do adolescente Jeferson Monteiro estão em andamento no Setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), em Belford Roxo. Os agentes realizam diligências para localizá-lo.
Brasil tem média de 183 desaparecimentos por dia
De acordo dados recentes publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de 2019 a 2021, mais de 200 mil pessoas desapareceram no Brasil, o que dá uma média de 183 desaparecimentos por dia. Contudo, especialistas e ativistas acreditam que esses números podem ser ainda maiores, devido, sobretudo, ao fato de o Brasil ainda não ter um cadastro nacional para contabilizar os casos.
“Esse é um número muito elevado e, quando a gente verifica, por exemplo, as taxas de reencontro de pessoas produzidas pelas polícias, elas são muito menores. Ou seja, a gente nem consegue hoje dimensionar a quantidade de pessoas que efetivamente estão desaparecidas no Brasil”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em entrevista à Agência Brasil.
Denúncias- Informações sobre o paradeiro de menino Jeferson podem ser repassadas à DHBF, que deixa à disposição da população o telefone (21) 98596-7442 (whatsapp) e ressalta a importância da colaboração com informações e denúncias, com garantia de total anonimato. O Programa SOS Criança Desaparecida da Fundação para Infância e Adolescência (FIA) também disponibiliza os contatos (2286-8337/98596-5296).
 
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