Xande de Pilares vai fazer show no Circo VoadorDivulgação
Por RICARDO SCHOTT
Publicado 16/04/2018 18:53 | Atualizado 17/04/2018 08:29

Rio - Nos anos 1980, enquanto assistia a shows no Circo Voador, Xande de Pilares teve uma revelação. Ok, o trocadilho com a ex-banda do cantor de samba pode não ser dos melhores. Mas diz muito sobre o que acontecia com o cantor quando estava lá vendo a história passar na sua frente, debaixo da lona, em meio a apresentações históricas de Legião Urbana, Barão Vermelho, Blitz e vários outros. "Comecei a sonhar em estar naquele palco", lembra Xande, que faz seu primeiro show solo no Circo nesta sexta. O cantor já passou por lá com o Revelação, ou participando de shows como convidado. Sozinho, é sua estreia.

"Acho que dos grandes shows que eu queria ver lá, só não vi Paralamas do Sucesso, porque não consegui sair a tempo do trabalho", recorda ele, que depois foi à forra em alto estilo e viu o trio no Festival de Jazz de Montreux, onde também tocou com o Revelação, em 2004.

Já nos anos 1980, a situação era diferente. "Eu trabalhava de 'marrequinho' das Sendas (funcionários que auxiliavam clientes a carregar sacolas, no antigo supermercado). Saía do colégio, ia trabalhar, depois dava uma desculpa e ficava ali pela rua. Daí, ia para os shows".

Entre os shows que marcaram Xande, está o que a Blitz fez por lá em 1984, época do disco 'Blitz 3'. "A Blitz foi o primeiro grupo que eu vi fazer muito sucesso. Sempre fui muito fã do Evandro, e ainda tinha aquelas meninas (Fernanda Abreu e Marcia Bulcão) nos vocais. A minha maior lembrança é que ele não precisava nem cantar. O público cantava por ele!", alegra-se Xande, que na época acompanhava música por LPs, programas de TV e trilhas de novela. "Escutava de tudo: música brega, Roberto Carlos, Jackson Five, The Police. Via também o 'Perdidos Na Noite', do Fausto Silva".

CAZUZA

Marcado tanto pela geração do samba quanto pelo pop dos anos 1980, Xande ganhou um presente recentemente: foi convidado a contribuir com uma canção para um projeto de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, e da produtora Paula Lavigne. É um CD, a ser lançado ainda este ano, que comemora os 60 anos do cantor de 'Exagerado', com letras inéditas musicadas por artistas como Sideral (que organiza o projeto ao lado do irmão Rogério Flausino), Carlinhos Brown, Caetano Veloso e outros. A do sambista já está pronta: Xande pôs sua assinatura ao lado das de Cazuza e Ezequiel Neves em 'Rica e Famosa'. A canção não vai estar no show de sexta, avisa.

"Não vai dar, essa fica para o CD. Mas se acontecer de o CD não sair, vou lançar de qualquer jeito", brinca ele, que viu um dos últimos shows de Cazuza à frente do Barão no Circo Voador, em 1984. "O Cazuza era imprevisível. Com ele não tinha isso de respeito à postura de palco. Ele falava palavrão, fazia sempre umas coisas que você não esperava. Isso me chamava muito a atenção. Ele queria mesmo era ver o circo pegar fogo", brinca.

NO PALCO

Xande fala: "Tem umas músicas que se eu não cantar, apanho!". Ou seja: quem for ao Circo, pode esperar 'Deixa Acontecer', 'Pureza da Flor', 'Mulher Traída'. Além dos sucessos de seus discos solo, de 'Zé do Caroço' (Leci Brandão) e de 'Do Jeito Que a Vida Quer' (Benito di Paula). "Essa música é uma das responsáveis por eu ter seguido minha profissão. Lembro que pedi para minha mãe comprar um disco pra mim, mas ela comprou o disco errado e fiquei ouvindo essa música, que tinha nele. Morava no Morro do Andaraí na época. Se eu não cantar essa no show, não é show", conta.

E tem também 'Tá Escrito', sucesso do Revelação. A música foi trilha da fracassada busca da Seleção Brasileira pelo hexacampeonato em 2014. Mas foi trilha de muitas vitórias pessoais de fãs. "Me mandaram vídeo de gente que desistiu de se matar quando ouviu essa música. Teve uma mulher que teve câncer e passou a lutar porque escutou 'Tá Escrito'. Vou cantar isso até os 90 anos", conta.

XANDE NOS EUA

Rei das parcerias (com músicas feitas ao lado de nomes como Roberta Sá, Zélia Duncan e outros nomes), Xande acaba de compor com o americano David Elliott, filho da cantora Dionne Warwick. Saiu 'My Moon'. "É nossa e do Leandro Fab. Confesso que fiquei até com medo de cantar com ele, o cara parece que tem um amplificador de última geração na garganta", graceja Xande, que ainda conheceu Dionne. "Imagina, num dia você está no barraco no morro ouvindo disco. E no outro, está lá conversando com quem você ouvia", alegra-se.

Você pode gostar

Comentários

Publicidade

Últimas notícias