Rio - Na manhã desta quinta-feira, moradores da Rocinha e da Roquete Pinto receberam, na comunidade de Ramos, a visita do multi-instrumentista japonês Bucket Drummer Masa, conhecido por tocar techno e trance de forma analógica. O artista, que produz os próprios instrumentos a partir de materiais reciclados, se uniu a jovens do projeto Funk Verde, que também fazem música com instrumentos construídos a partir do lixo. O intercâmbio cultural, claro, só poderia terminar em samba.
“Eu nunca imaginei ter essa experiência. Que energia maravilhosa! Com certeza depois de hoje, minhas composições terão muito do Brasil”, disse, emocionado, o músico, que veio pela primeira vez ao Brasil a convite da Fundação Japão para participar do Rio Matsuri – festival da cultura nipônica que acontece de 25 a 27/01, no Riocentro.
Um dos pedidos do Masa era fazer um intercâmbio com músicos locais e conhecer projetos sociais. A partir desse desejo, surgiu a oportunidade de conhecer o projeto Funk Verde, oficina de percussão promovida pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente), que atende mais de 200 jovens de comunidades do Rio e do interior do estado.
“Estar em contato com as pessoas é o que me motiva, olhar nos olhos e sentir a energia. Tenho me apresentado em muitas escolas e projetos sociais com deficientes físicos no Japão e os resultados têm sido incríveis. Vejo que depois do nosso contato, eles passam a tentar tirar som de tudo que veem. Isso é demais. Meu objetivo é que as pessoas entendam que não é preciso ter dinheiro para fazer música. Especialmente no Brasil, que tem essa musicalidade toda, esse ritmo maravilhoso. Basta ter entusiasmo e vontade, e entender que o que chamam de lixo não precisa terminar no lixo. Pode virar muitas outras coisas, inclusive música”, afirma Masa.
A bateria montada pelo próprio artista é de material reciclado, como baldes de plástico, bandejas e pratos de metal, além do didgeridoo, de tubo de PVC. Esse instrumento de sopro é, provavelmente o mais antigo do mundo, tocado por aborígenes australianos há pelo menos 1.500 anos.
“Essa é uma integração cultural incrível, unindo dois projetos sustentáveis e musicais de dois extremos do mundo. A nossa escola de possibilidades sonoras há 18 anos e o foco são os jovens. Mesmo que nem todos virem músicos, todos ganham novas oportunidades na vida e passam a enxergar as questões ambientais de outra forma”, diz Regina Café, idealizadora e coordenadora do projeto Funk Verde.
Além de músico, Masa é um ativista de causas sustentáveis e usa a música para chamar a atenção para a questão ambiental. No Rio, ele fará quatro apresentações durante o festival no Riocentro: sexta (25), às 20h45; sábado (26) às 14h45 e às 19h45; e domingo (27) às 14h.
Confira um pouco mais do projeto abaixo:
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