Blitz: banda foi indicada ao Grammy e mantém agenda repleta de shows pelo Brasil fotos Divulgação
Por RICARDO SCHOTT
Publicado 23/02/2019 03:00

Rio - A Blitz faz parte da vida do diretor Paulo Fontenelle, que hoje finaliza o documentário 'Blitz - O Filme', previsto para lançamento em cerca de três meses pelo Canal Curta. "Fui num show deles em Cabo Frio no Clube Tamoyo quando eu tinha uns dez anos. Para mim é uma experiência inacreditável poder estar contando a história deles", diz ele, que não foca só na fase áurea da banda, surgida nos anos 1980. Viva, fazendo shows e lançando discos, a Blitz ainda continua gerando muitas histórias.

Evandro Mesquita faz questão de enfatizar isso. "A Blitz não descansa no passado. Nosso disco mais recente, 'Aventuras II', foi indicado ao Grammy. Somos uma coisa do presente. Temos a alegria de estarmos aí até hoje. Fizemos recentemente uma matinê na Cidade das Artes e as crianças se identificaram bastante com a sonoridade, com a brincadeira da Blitz", afirma o vocalista. "Vamos contar a história até hoje em dia. Focar essa longevidade que a Blitz tem por um filtro irreverente", afirma o diretor.

Sucesso

Primeira banda de rock dos anos 1980 a balançar o mercado fonográfico (o single 'Você Não Soube Me Amar' e o LP 'As Aventuras da Blitz' venderam bastante), a Blitz é enfocada como um fenômeno que modificou a história da música brasileira, por intermédio de entrevistas com ex-integrantes e resgate de imagens.

"Na época, gravar um disco era uma coisa impossível. Conseguimos fazer sucesso numa época de crise", conta Evandro, deixando claro que o sucesso foi inesperado. "Nossa preocupação eram os amigos da praia. Mas conseguimos sair do nosso bairro, conquistar a cidade e criar essa onda que foi a Blitz, e que se mantém até hoje".

"Mostrei o filme para duas ou três pessoas que não têm tanto conhecimento quanto a gente sobre a banda. E eles não tinham ideia de como a Blitz abriu o mercado fonográfico para todo um movimento que veio logo depois. A Blitz foi precursora comercialmente", conta Paulo.

Tanto ele quanto Evandro cravam que a Blitz conseguiu chegar aonde chegou pela irreverência e pela maneira como se comunicava com os fãs. "O Barão Vermelho lançou o primeiro disco até antes da gente. O Cazuza tinha acesso à Som Livre por ser filho do João Araújo. Mas a Blitz tinha diálogo, uma sonoridade rock'n roll, diferente de tudo o que tocava no rádio, daquela linguagem universitária, 'inteligentosa'. Não tinha gente falando para as pessoas da nossa idade. A gente adorava Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mutantes, Novos Baianos, mas era um pessoal um pouco mais velho. O Brasil já estava respirando as 'Diretas Já' e tinha uma coisa parada no ar", conta Evandro.

Blitz na MPB

Na época, Gil, Caetano, Paulinho da Viola e outros artistas demostraram apreço pela Blitz e por Evandro Mesquita — que já era uma figura conhecida dos bastidores da MPB, tendo composto com A Cor do Som e até aparecido na capa de 'Novos Baianos FC', disco do grupo lançado em 1973. Até mesmo Dorival Caymmi declarou que queria ter a energia do vocalista. Essa recordação vai estar no filme, Evandro?

"Rapaz, é mesmo. Vamos botar o Dorival!", diz, virando-se para Paulo. "Ele foi no Canecão com a dona Stella (mulher do compositor) e amou o show. Foi super generoso com a gente numa entrevista. O Gil disse que 'o rock deu uma blitz na MPB'. Caetano ia nos nossos shows na Bahia, era apaixonado pela Fernandinha (Abreu). A MPB nos tratou muito bem".

Não confundir

Paulo é primo do diretor Paulo Henrique Fontenelle, que dirigiu documentários como 'Lóki', sobre Arnaldo Baptista, e 'Cássia', sobre Cássia Eller. "A gente ainda por cima tem o mesmo nome, mas ele adotou o Henrique para não confundir ninguém", brinca.

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