Rio - Amigos há mais de quatro décadas e conterrâneos, Lô Borges e o compositor e guitarrista Nelson Angelo nunca tinham composto nada juntos. "E ele contribuiu decisivamente tanto na gravação do 'Clube da Esquina' (álbum duplo de Lô e Milton Nascimento) quanto do meu primeiro disco solo, o do tênis, ambos de 1972", recorda Lô. A dupla celebra a amizade com o novo disco, 'Rio da Lua', que ganha lançamento carioca no Theatro Net, nesta quarta, e tem dez músicas feitas por ambos em dupla.

"Sempre admirei o Nelson e não o via havia muitos anos. Fui ver um show dele em Belo Horizonte, depois fui falar com ele e o convidei para um show que eu ia fazer no Circo Voador. O Milton Nascimento e o Ronaldo Bastos estavam vendo esse show da coxia, e tinha muito tempo que o Nelson não os via. Ele ficou muito sensibilizado com esse encontro", lembra Lô. Pouco depois desse encontro, o cantor recebeu de Nelson um e-mail com um texto, 'Partimos', que transformou em música. A canção está no álbum novo.

"Era um texto, não era uma letra. Pedi a ele para mandar mais e fomos completando a parceria por WhatsApp. É o processo inverso do que eu faço: nunca tinha musicado uma letra. sempre fiz primeiro a música. Quando a gente percebeu, estava fazendo um disco. Em pouco mais de dois meses, fizemos dez músicas", conta. E foi tranquilo pôr música num texto que nem letra era? "Não tive a menor dificuldade, o texto dele já era muito musical. A parte musical dele é tão expressiva que as pessoas não prestam atenção às letras dele. Ele acabou nem se metendo na parte musical do disco", diz.

Quando a banda britânica de rock Arctic Monkeys estava preparando seu disco mais recente, 'Tranquility Base Hotel & Casino', o vocalista Alex Turner publicou no Twitter uma lista de músicas que estavam "grudadas em sua mente", e que eram influências no som do álbum. Uma delas era justamente 'Aos Barões', do primeiro disco de Lô (o do tênis). Lô soube da novidade pela imprensa. Não conhecia a banda direito, mas resolveu mergulhar na obra deles e gostou bastante.

"Meu filho de 20 anos é que é fã deles. Quando vi essa informação, entrei no Spotify e ouvi tudo. Gostei pra caramba do disco mais recente, que é bem diferente, mais tranquilo. Pô, já sou um cara de mais de 60 anos, né?", brinca Lô, que tem 67.

No lançamento de 'Rio da Lua', Lô vai cantar músicas do álbum e aproveitar para fazer uma comemoração dupla: a do repertório do 'Clube da Esquina', que Milton também anda levando para os palcos, e a dos 40 anos de seu segundo disco, 'A Via Láctea', de 1979, que tem sucessos como 'Equatorial'. "Vai ser um misto de tudo isso. A música do 'Clube' vai chegando de pai para filho, de filho para neto. É uma música que vai chegando às pessoas, independentemente da faixa etária", diz.

Theatro Net Rio. Sala Tereza Rachel. Rua Siqueira Campos 143, sobreloja , Copacabana (2147-8060). Quarta (29), às 21h. R$ 120 (plateia e frisas) R$ 90 (balcão)