Publicado 23/03/2023 07:00
Rio - Andrea Beltrão retorna ao Teatro Poeira, localizado no bairro de Botafogo, Zona Sul do Rio, para realizar uma curta temporada do espetáculo "Antígona". Desde sua estreia, em 2017, a peça já alcançou mais de 40 mil espectadores e, no mesmo ano, ainda garantiu o prêmio APCA de Melhor atriz para a artista, que dá vida à personagem-título da trama. A obra, que conta com direção de Amir Haddad, estará em cartaz até o dia 30 de abril, e os ingressos custam a partir de R$ 30.
"Antígona" é uma recriação do clássico grego escrito por Sófocles há 2.500 anos, traduzido, agora, por Millôr Fernandes. Na história, que se passa na cidade de Tebas, a jovem princesa Antígona, filha de Édipo, enfrenta as ordens do rei Creonte para dar um enterro digno ao seu irmão, Polinice — que havia lutado na guerra ao lado do exército rival —, e paga com a vida por sua desobediência.
"'Antígona' trata e expõe os nossos dilemas mais profundos. A desobediência às leis do Estado, a necessidade primordial de viver o luto, a despedida dos que amamos, independente de qualquer imposição de governo e de chefes de estado. 'Antígona' ainda hoje ecoa e reverbera para quem conta a história e para quem ouve. O que importa para mim é fazer com que as palavras de Sófocles cheguem plenas e claras ao público. Que o sentimento, o afeto e as reflexões contidas no texto encontrem lugar no coração e na mente de quem estiver no teatro. Isso está em primeiro lugar", pondera Andrea Beltrão.
Após um hiato de três anos, a atriz visa alcançar um novo encontro com o público, diferente do proposto nas temporadas anteriores do espetáculo. "Todos nós estamos diferentes. Eu espero estar melhor, porque espero ter amadurecido. E no teatro uma noite nunca é igual a outra. O desconhecido, o inesperado, fazem parte do jogo", conta a artista.
Segundo Andrea Beltrão, o clássico, por mais antigo que seja, não possui uma interpretação difícil, pois conversa diretamente com questões comumente vivenciadas pelos espectadores. De acordo com a artista, o texto ainda expõe o maior desafio a ser enfrentado pelos seres humanos: aprender a lidar com o próximo.
"Nós somos capazes de tudo. Vamos à Lua, descobrimos vacinas, mudamos o curso da vida, mas ainda somos incapazes de nos entender com o nosso semelhante. Sófocles tem uma frase fundamental sobre isso: 'na criação que cerca o homem, só dois mistérios terríveis, dois limites. Um, a morte, da qual tentamos, em vão, escapar. O outro, o seu próprio irmão e semelhante, o qual não vê e não consegue entender'", elucida Andrea.
Segundo Andrea Beltrão, o clássico, por mais antigo que seja, não possui uma interpretação difícil, pois conversa diretamente com questões comumente vivenciadas pelos espectadores. De acordo com a artista, o texto ainda expõe o maior desafio a ser enfrentado pelos seres humanos: aprender a lidar com o próximo.
"Nós somos capazes de tudo. Vamos à Lua, descobrimos vacinas, mudamos o curso da vida, mas ainda somos incapazes de nos entender com o nosso semelhante. Sófocles tem uma frase fundamental sobre isso: 'na criação que cerca o homem, só dois mistérios terríveis, dois limites. Um, a morte, da qual tentamos, em vão, escapar. O outro, o seu próprio irmão e semelhante, o qual não vê e não consegue entender'", elucida Andrea.
Reconhecida por seus trabalhos no cinema e na televisão, a artista afirma que nenhum outro meio de comunicação é capaz de garantir a excitação promovida pelo teatro. Para ela, é a diferença da linguagem natural deste ambiente que promove esta atmosfera "fascinante".
"No teatro existe a diferença crucial de ser ao vivo, estamos todos lá, naquele momento. E tudo pode acontecer. O teatro tem essa coisa que é fascinante e ao mesmo tempo aterrorizante, porque tudo pode acontecer", explica, animada.
"No teatro existe a diferença crucial de ser ao vivo, estamos todos lá, naquele momento. E tudo pode acontecer. O teatro tem essa coisa que é fascinante e ao mesmo tempo aterrorizante, porque tudo pode acontecer", explica, animada.
Através de um diálogo direto e em ritmo acelerado, referindo-se ao movimento do mundo contemporâneo, Andrea Beltrão utiliza recursos mínimos para desenrolar a trama e preencher o palco com os personagens, que são interpretados por ela mesma. Durante o espetáculo, a atriz expõe a história de uma forma didática, o que possibilita que o público crie paralelos com a atualidade e seja atravessado, de maneira singular, por cada ato.
A artista ainda afirma que após assistir a "Antígona", o público poderá receber certa dose de autoconhecimento fomentada pela poesia de Sófocles e trabalhada na mente de cada um por intermédio de sua interpretação.
A artista ainda afirma que após assistir a "Antígona", o público poderá receber certa dose de autoconhecimento fomentada pela poesia de Sófocles e trabalhada na mente de cada um por intermédio de sua interpretação.
"Ouvir Sófocles é sempre arrebatador; a tradução do Millôr traz o texto para os nossos dias, sem desrespeitar nenhuma linha de poesia de Sófocles, é uma tradução brilhante; a dramaturgia que Amir e eu fizemos esclarece tudo aquilo que quando assistimos a uma tragédia pensamos que não sabemos, mas sabemos sim", pontua a atriz. "Está tudo dentro de nós. E eu, eu estarei lá, com amor e disposição para ser devorada pela história e pela plateia", garante Andrea Beltrão.
Serviço
"Antígona" com Andrea Beltrão
Data: 09 de março a 30 de abril de 2023
Local: Teatro Poeira
Endereço: Rua São João Batista, 104 - Botafogo, Rio de Janeiro
Horário: 21h (quinta a sábado) e 19h (aos domingos)
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos: a partir de R$ 30 no site Sympla e também na bilheteria do teatro
Reportagem da estagiária Esther Almeida sob supervisão de Tábata Uchoa
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