Atriz e cantora Gabz, intérprete de Anna Júlia, personagem principal do filme ’Um Ano Inesquecível - Outono’Carolina Ferreira
Publicado 02/07/2023 07:00 | Atualizado 03/07/2023 08:04
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Rio - Gabrielly Nunes, mais conhecida como Gabz, tem ganhado destaque através de seu trabalho no filme "Um Ano Inesquecível - Outono", uma comédia romântica musical produzida pela plataforma de streaming da Amazon, o Prime Video. Na obra — que é inspirada em um conto da escritora Babi Dewet e possui direção de Lázaro Ramos —, a atriz interpreta Anna Júlia, uma menina esforçada, que odeia música, mas acaba vivendo uma história de amor com um músico de rua. Ao DIA, Gabz detalha os bastidores do projeto e ainda fala sobre suas múltiplas facetas artísticas. 
Mesmo fazendo parte do mundo artístico desde a infância, a jovem de 24 anos afirma que atuar ao lado de grandes nomes como Lulu Santos e Iza foi bastante desafiador. Apesar da responsabilidade, Gabz diz que sentiu-se em casa durante o trabalho e foi extremamente acolhida pela equipe, em especial, pelo diretor.
"Trabalhar com o Lazinho foi uma coisa muito mágica na minha carreira! Não só por ele ser um ídolo para mim, mas também pelo aprendizado de humanidade, porque ele é uma pessoa não só extremamente talentosa, mas muito humilde. O set dele foi o mais horizontal em que eu já estive", enaltece a atriz.
"Eu fui educada e me apaixonei por arte vendo 'Ó Paí, Ó', 'Madame Satã' e, para além disso, o Lázaro Ramos é o exemplo de uma pessoa que construiu a carreira fazendo o que acredita como mudança social. Ele é um exemplo de conquista de uma vida boa, de um bem-estar para um artista negro, sabe?", pondera a artista. "Ouvir o Lázaro falar que eu sou boa em alguma coisa, que ele está satisfeito com o meu trabalho, me alegra, porque posso ver meu ídolo olhando para mim como uma continuação do caminho que ele trilhou, e isso é algo realmente emocionante", acrescenta.
Adepta a muitas manifestações artísticas, Gabz, que também canta e compõe, se denomina como "multiartista". A intérprete de Anna Júlia afirma que esta característica é muito mais comum nos artistas brasileiros do que se imagina e diz que vibra ao perceber que a possibilidade de se dedicar a mais de um tipo de arte tem sido valorizada pela mídia.

"Eu nunca quis escolher uma só área, porque tudo me alimentava e eu acho que existe espaço para isso", ressalta. "Eu amo ver o MC Cabelinho na novela ('Vai na Fé') justamente por isso. Porque eu conheço várias pessoas que são multiartistas, só que não se entendem como tal, já que no nosso país não temos essa cultura. A gente sempre acha que deve ser uma coisa ou outra, mas na verdade, podemos ser tudo", explica.
Após ter enfrentado dificuldades financeiras para estruturar sua trajetória no âmbito musical, Gabz tem se dedicado ao resgate da obra do cantor Bebeto. Em seu novo álbum, a artista pretende ressaltar a importância do músico e fomentar reflexões acerca da afetividade de pessoas negras.

"Estou muito animada de poder voltar a trabalhar com música, voltar a fazer minha música e ser a dona disso, dona desses projetos e saber que está tudo bem, porque eu posso fazer várias coisas", comemora.
Durante o bate-papo, a atriz lamenta que a indústria musical possa ser tão violenta com mulheres e pessoas periféricas, o que faz com que estes grupos se vejam obrigados a encaixar-se em um padrão para alcançar o sucesso. A carioca ainda afirma que, hoje em dia, sente-se mais confiante para romper paradigmas e expor a subjetividade de seu trabalho.

"Eu volto para música muito mais tranquila, mais feliz, sabendo quem eu sou e entendendo que com menos medo, vai dar certo. Eu vou construir o meu próprio mercado, eu não preciso ser outra se o mercado não existe, não importa se não tem espaço no mercado. Eu vou abrir esse caminho e vou fazer esse espaço acontecer", ratifica ela.
Gabz participará da novela "Amor Perfeito", da TV Globo, e em 2024 estrelará o filme "Biônicos", da Netflix. Ela também fará parte da série "Da ponte pra lá", do HBO Max, e garante que não pretende parar por aí. Com o objetivo de mostrar a diversidade existente entre as mulheres negras, a artista deseja fincar raízes no meio artístico brasileiro. "Eu acho que tenho muita coisa para contar, muita coisa para mostrar", reflete. Ela promete defender o que acredita e ajudar a criar novos espaços na Cultura. "Eu invado, eu não me encaixo", avisa.
A reportagem é da estagiária Esther Almeida sob supervisão de Tábata Uchoa
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