Publicado 01/09/2023 12:35
Rio - Começou nesta sexta-feira (1º) a edição comemorativa de 40 anos da Bienal do Livro, pontualmente às 9h, quando o público teve acesso aos 90 mil m2 do evento montados no Riocentro, na Zona Oeste. Com mais de 200 horas de programação e 300 autores confirmados, os organizadores esperam receber aproximadamente 600 mil pessoas em 10 dias de evento.
A feira, que este ano conta com mais de 300 estandes, foi aberta depois de uma pequena solenidade de abertura, que contou com a participação da premiada escritora infanto-juvenil Thalita Rebouças, o prefeito Eduardo Paes, além de outras autoridades.
Em entrevista ao DIA, Thalita Rebouças, que palestra na Bienal desde 2001, falou sobre a relação entre a literatura e o público infantil. "A Bienal é a maior prova de que adolescente lê. São quarenta anos fazendo o Rio de Janeiro respirar literatura por dez dias. Vai ser muito especial e as minhas expectativas são as mais altas possíveis", disse a escritora.
As obras de Maurício de Sousa, o pai da Turma da Mônica, estão espalhadas por todos os três pavilhões. Na entrada, um gigantesco coelho inflável - representando Sansão, o bichinho de pelúcia inseparável da Mônica - recepcionava o público. O burburinho das crianças foi o principal som dos corredores deste primeiro dia. Centenas de alunos de escolas públicas e particulares marcaram presença no festival que, este ano, montou um espaço exclusivo com programação infantil.
A professora Sebastiana Gomes acompanhou a filha, Gabrielle Rocha, 28 anos, na Bienal e aproveitou para comprar livros infantis, com o objetivo de abastecer a biblioteca do colégio em que trabalha. "É de suma importância incluir as crianças nesse mundo literário. Mesmo no meio digital, a gente percebe que os jovens têm sede por leitura. Nós não queremos deixar que eles percam o contato com livro e com papel", disse a professora.
Amante de romances, Gabrielle disse que sua mãe foi o principal incentivo à leitura. "Eu venho aqui desde que eu me entendo por gente e sempre compro livros. Nesta edição, eu me interessei por um autor independente e vim atrás dele. Mais uma Bienal pro meu currículo literário", afirmou a jovem com quatro livros na mão.
A diretora Karoline Gomes e a professora Andréa Porto levaram os alunos da Escola Municipal Luiz Paulo Horta, na Rocinha, para conhecer os estandes. "Nossa escola já tem esse perfil de estimular a leitura e esse passeio na Bienal vai complementar isso", comentou Andréa. Para Karoline, a tecnologia limita o interesse pela literatura. "A tecnologia é boa, mas ela limitou o acesso das crianças aos livros. Nós organizamos rodas de leitura e, com isso, os jovens têm mais contato com a literatura", revelou a diretora.
Além das palestras, encontros e debates, o festival dispõe de milhares de livros, com preços mais acessíveis que em livrarias tradicionais. Foi em um destes estandes, com apenas 20 minutos de evento, que o escritor Thiago de Carvalho, 38, e a profissional de Marketing Mariana Ferreira, 29, estavam passeando. Vindos de Belo Horizonte só para prestigiar a Bienal, o casal pretende aproveitar ao máximo.
Ao DIA, Thiago disse que espera encontrar o escritor Ruy Castro: "Eu gosto muito de música e já me interessei por um livro dele que fala da Bossa Nova. Eu queria mesmo ganhar um autógrafo, mas acho que não vou ter fácil acesso". Mariana trabalhou na Bienal do Livro de São Paulo e expressou sua visão sobre o mundo literário. "Eu me surpreendi. Parece que existe um interesse do público com a literatura, que eu não esperava. Trabalhei em uma editora e vi isso de perto".
Patrimônio Cultural do Rio
Durante a solenidade de abertura do evento, o prefeito Eduardo Paes assinou o decreto que dá à Bienal o status de Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial. "É uma alegria enorme poder estar aqui, abrindo a edição que comemora os 40 anos da Bienal do Livro. Essa aqui é a nossa olimpíada do conhecimento, da cultura e do saber. Portanto, não poderíamos fazer uma homenagem mais importante do que tornar a Bienal do Livro como Patrimônio Imaterial da cidade", disse o prefeito.
A cerimônia de abertura trouxe para o palco um pouco das experiências que o público vai viver nos próximos 10 dias, com o grande mote da edição de 40 anos: o que nos torna humanos, a capacidade de sentir e se emocionar. A solenidade contou com a presença de autoridades, como o prefeito Eduardo Paes, a Diretora de Negócios da GL events Exhibtions, Tatiana Zaccaro e o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Dante Cid.
"A Bienal é um evento muito querido e que faz parte do calendário do país. Ao longo desses 40 anos, deixou de ser uma feira de livros e se transformou em um festival de cultura e entretenimento, oferecendo experiências e narrativas que transcendem o formato do livro físico para um conceito de leituras elásticas, permeando o audiovisual, teatro, música e games", afirmou Tatiana Zaccaro.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Raphael Perucci
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